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Artigos-->Relembrar... -- 07/12/2001 - 16:23 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi bom teres ido.

Deixaste saudade. Mas foi o melhor. Agora sei!

Depois que as coisas passaram, a visão clareou e passei a enxergar nitidamente. Tudo!

Quantas e tantas vezes... Deixei de lado coisas importantes que tinha a fazer, para penetrar neste mundo, fantasioso, que enganosamente nos prende, num delírio inconseqüente, e bloqueia-nos a razão.

Que precioso "tempo perdido"...

Às vezes, madrugada adentro, perdia-me em devaneios, a comungar experiências, trocar confidências... Para depois me encontrar na névoa das estrelas que pela janela adentravam.

O dia amanhecia e me surpreendia com o canto dos pardais que pleiteavam as sementeiras do jardim.

E eu, na razão de meu tempo "real" recriminava-me: “Meu Deus... Tanto a fazer...” E a amargura não me recuperava a insensatez diante do dever...

Mas... Partiste... Deixando um vazio impreenchível.

Quis enganar-me que foste apenas um produto de minha imaginação. Mas tuas palavras ali estavam: doces, repletas de significados a transformar em carícias... União de letras, palavras, parágrafos ou versos, a brincar no papel, a saltar... E dali saíam para minha mente a transformar-se em melodias que invadiam todo o meu mundo e transformavam em sorrisos frenéticos as minhas tristezas de rotina.

Partiste.

E eu senti.

Partiste.

E eu agradeço.

Pois assenhorei-me, agora, de meus dias, de meu tempo real... E percebi como isso é importante. Quase vital, para a relação constante e o dever que temos com os compromissos que nos fazem SER.

Mundo que, talvez não seja o que desejamos.Mas é o de que dispomos e devemos ficar agradecidos por existir.

É na atuação deste mundo que nos tornamos "presentes" e a cada momento podemos "agir" e mudar alguma coisa. Afagar pessoas, tocá-las. Aquele aperto de mãos, caloroso, onde a pulsação do sangue se faz sentir. Aqueles olhares profundos que nos deixam cativos, e felizes por ver rostos rosados, barbas por fazer, pernas que se cruzam, displicentes... Calda de caramelo a cair pelo canto da boca, uma folha seca no cabelo, sorrisos, lágrimas que se alternam em festas ou sentimentos. Não ter o que fazer no fim da tarde e sentar para um bate-papo, um refresco... O descompromisso de domingo...

"Que tal um carvãozinho, um pedaço de picanha e uma farofa? Sorvete de sobremesa... Ficaremos em casa, hoje? Oba! Que legal! À noite iremos ver o bebê da Flávia que nasceu, a cadela do Thiago que deu cria, o Bingo da Praça, regado a cerveja e com danças malucas... Podemos ir? Claro!”.

Essa é a vida. Resgate de um sonho ao alcance das mãos. Pra que mais?

Foi bom teres ido...



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