O "Comércio" na semana que passou exerceu sua função jornalística de uma beleza democrática das mais pujantes. Em razão de muita correria atrás de negócios particulares acompanhei rapidamente os acontecimentos e a gente só pode dizer que a democracia esteve presente. Tão presente que mesmo de longe podíamos sentir essa tão engrandecida democracia praticada há 100 anos pelo "Comércio".
Apesar do caráter livre e democrático deste jornal, não acredito na loquacidade discorrida desses concorrentes ao cargo máximo da cidade e município de Jaú. Fica difícil de se crer em política e políticos quando o perpassar dos anos sempre demonstrou a que vieram esses homens. Não todos esses especificamente, mas os outros também pronunciaram o mesmo discurso no passado, ou seja: já é um discurso conhecido. Já são promessas conhecidas repetidamente, exaustivamente. Acredito – sem nenhum constrangimento – ser mais fácil um mendigo que tem residência fixa embaixo de uma ponte qualquer sobre o rio Jaú, conhecendo e vivendo na carne as mazelas do poder público, solucionar os problemas sociais desta cidade com êxito porque quem conhece e vive o problema, conhece a solução.
Já os políticos profissionais soltam o verbo e carregam em seus discursos o conteúdo de promessas e mais promessas e ao final ficamos com cara de tacho, porque não se encontra absolutamente nada concreto que venha aplacar os problemas sociais de Jaú. Sequer podemos exercer nossa cidadania tão propalada pelos políticos de Brasília, uma vez que quando procuramos exercê-la somos atirados numa vala comum com a qualificação de pessoas irritantes, ou mesmo “persona non grata”. E em outro caso, se estivermos com um emprego conquistado pela nossa competência em concursos públicos e não pelo favor desses políticos, aí sim o bicho pega! Somos mandados embora para ceder o lugar a um afilhado político. Nossos direitos? Ora, nenhum advogado se propõe enfrentar o poder público para livrar um simples funcionário injustiçado. Isto aconteceu comigo e acontece diariamente em todo este Brasil repleto de injustiças. Bem por isto afastei-me em definitivo da política e dos políticos. Não se pode conviver com pessoas que se dizem amigas quando esta amizade não tem um sorriso simpático e demonstrado com todo o realismo sua amizade. A amizade dos políticos brasileiros não passa de um belíssimo cavalo de Tróia.
O Comércio em seu editorial de domingo último opinou que “os candidatos patinam no que pretendem para o planejamento da cidade”. Eles patinam agora, mais tarde qualquer um deles eleito vai é dormir em berços esplêndidos, enquanto o povo amarga as conseqüências sem uma satisfação de um mal governante, e o pior de tudo isto é que são oito longos anos, porque estando o candidato à reeleição em plenos poderes tudo fica mais fácil. Compreendo a paciência do ofício de jornalistas, os quais sabem de antemão quando alguém fala por falar. Não há necessidade de se recorrer à psicologia, uma vez que pelo trabalho se conhece o artífice.
Se o voto não fosse obrigatório os verdadeiros eleitores teriam tempo para mastigar e engolir as promessas políticas. Porém, com a obrigatoriedade do voto consciente e dos votos dos adolescentes de 16 anos em diante temos um eleitorado gigantesco votando em qualquer coisa que fale. Aliás, os votos dos jovens a partir dos 16 anos nada mais são do que uma massa maior de votos ajudando políticos inoperantes e noviços a ganharem eleições. Qualquer brasileiro conhece a política de hoje como sendo de pai para filho e de avô para netos. É a velha monarquia em andamento com nepotismo e tudo que tem direito disfarçada evidentemente de República.
Sempre condenei publicamente a legislação que cuida das punições e condenações dos criminosos. Nosso Código Penal é arcaico e o país envelhece rápido nos costumes que envolvem a vida social. Contudo, com relação aos crimes cometidos por políticos no poder é necessária a existência de leis com punições exemplares. Leis duras capazes de subjugar tanto o político criminoso com curso superior, quanto o político sem curso superior. Se as falcatruas, a roubalheira, enfim os escândalos cometidos por autoridades políticas no poder não forem punidos com mão de ferro, nós, o Brasil, a República estará para sempre condenada porque nosso “país das maravilhas” não passará de um antro de perdição. Não podemos nos esquecer que os exemplos são diários e vem de cima para baixo. Se o político rouba lá dentro dos palácios e não é punido por que os cidadãos não podem fazer o mesmo cá embaixo? É uma orientação quase que curricular dos políticos para a massa de seus eleitores. A sala de aula? O Brasil inteiro!
(Jeovah de Moura Nunes)
escritor e jornalista
Jeovahmnunes@hotmail.com
(esta matéria será publicada no jornal "Comércio do Jahu" de amanhã, dia 12 de agosto de 2008 - página 2 - Opinião)