Francisco Miguel de Moura – Membro da Academia Piauiense de Letras
O modelo de “desenvolvimento” que o mundo moderno adotou e leva ao extremo é baseado no capitalismo, com ânsias de globalização e acumulação a qualquer custo, sem importar o desgaste que causa à natureza de maneira irrecuperável. As nações poderosas não querem pensar noutra forma de fazer o mundo humano, social e político, girar. E quanto mais o homem fere a natureza, ou a desgasta, mais se afasta de Deus. Quanto mais fundamentalismo “cristão” como o do W. Bush e seus asseclas, mais o mundo irá mal. Fere de morte a nossa casa e a destroça pela constante poluição da água e do ar, sem controle. O que se pensa hoje das reservas de água e petróleo? Não há vida humana, animal e vegetal sem água. Ao contrário, sem a utilização do petróleo, sim. Já houve. Pode voltar a haver. A busca de um planeta alternativo para quando a terra morrer é incessante porque a ciência bem sabe disto e proclama. Mas a ciência não manda, é guiada pelo poderoso, pelo político. Sem o petróleo, fonte de energia que movimenta a máquina da economia e da riqueza social e individual do mundo moderno, a vida seria mais simples e mais feliz.
A partir da Revolução industrial já se fizeram muitas guerras, todas por causa da posse da terra, principalmente onde haja petróleo em quantidade, explorável e viável para o bolso do explorador capitalista. Essa é a razão principal das guerras que os Estados Unidos fazem aos povos do Oriente Médio (muçulmano), dono das maiores reservas petrolíferas do planeta: Veja-se a mais recente – Iraque. Para compreender melhor, precisei da leitura de artigo da revista “Solidariedade Ibero-americana” (maio/2008), assinado por Lorenzo Carrasco, com relação à política dos EUA para o Oriente Médio. Recente viagem de W. Bush à região citada, teve fria acolhida dos aliados árabes. Estes recusaram aos americanos qualquer compromisso com o pretendido aumento da produção petrolífera. Aliás, alegam que pouco adiantaria para conter a alta de preços já deflagrada pela especulação com “futuros” do produto, diga-se, portanto, pela Bolsa de Valores (capitalista). Em 21 de maio, o ex-diplomata indiano M. K. Bhadrakumar, arguto e experiente, assim resumiu as conseqüências dos sucessivos reveses de Washington: “A turnê de W. Bush deixou exposto que os EUA não têm uma estratégia para o Oriente Médio que enfoque todas as múltiplas tendências. Parece que, o Governo W.Bush estava apenas fingindo”.
Para finalizar, ocorre-me a passagem de J. de Maistre, citada por Isaiah Berlin, num de seus ensaios: “É a opinião que perde as batalhas e é a opinião que as ganha”. Se assim é, W. Bush e os EUA estão perdidos no Oriente Médio.