Atualmente vivemos numa República democrática com apenas um poder em funcionamento: o Judiciário. O poder legislativo não funciona. O poder executivo funciona precariamente, ou funciona apenas para satisfação do partido político. Os senadores, deputados federais, estaduais e os vereadores não legislam de forma adequada e dentro do avanço dos costumes de todas as localidades. Apenas falam e falam igualzinho aos papagaios, repetindo o mesmo refrão centenário de sempre. Quando resolvem fazer uma lei, esta se torna esdrúxula, desconcertante e mais correta se fosse em outro planeta e não aqui na Terra e principalmente no Brasil. Claro o povo tem culpa no cartório ao eleger por obrigação tais espécimes humanos para legislar. Portanto, não nos causou surpresa a ocorrência na semana que passou com o Judiciário legislando prontamente no caso do avelhentado e avelhacado nepotismo brasileiro. Já havia passado da hora de acabar com essa excrescência monárquica e absurda num país que se diz democrático. Como sempre estamos costumeiramente atrasados em relação ao avanço do modernismo em todo o mundo democrático.
O nepotismo ainda não acabou mesmo com as providências do Judiciário. Sempre haverá algum desnorteado no governo que colocará seu filho incompetente para ganhar vultosos salários sem nenhum concurso público, ou com concurso público forjado. Este não é o país das maravilhas é o país da criminalidade consentida. Se gostamos tanto do nepotismo por que mudamos o regime político de Império para República? Então os canudenses tinham razão! Antônio Conselheiro dizia que a República é o império do mal, da roubalheira e das injustiças. Porém, o que mais choca e entristece é testemunhar um povo indolente, cabisbaixo, sem vontade própria, sem nada reclamar, sem reivindicar, sem lutar. Sem luta, meu amigo, ninguém chega a lugar nenhum. A França é o país mais exemplar do mundo. Lá o povo não aceita qualquer mesquinharia do governo. Lá foi onde soou as três famosas gongadas, que mudaram o mundo: Fraternidade! Igualdade e Liberdade! Foi depois de tal acontecimento que o Brasil espoliado pelos portugueses resolveu se mexer até o advento da República. Depois disso o povo se aquietou e parece adorar ser explorado pelos poderosos e pelo próprio governo.
O Senado e a Câmara no Congresso além do Planalto estão com as orelhas vermelhas diante da capacidade e iniciativa do Judiciário. O Senado reclama dos excessos de MPs. do executivo, mas só reclama, não toma nenhuma atitude definitiva. Ninguém quer redigir leis que mudem o atual status de mediocridade em que vivemos, com a criminalidade crescendo em razão principalmente da inexistência de leis mais austeras no que diz respeito às punições, as quais sempre deveriam ser exemplares. Não há iniciativas palpáveis neste sentido de que os legisladores mudem alguma coisa. A impressão que fica é a de serem coniventes com a burla, as fraudes, os desvios e a falta de coragem para mudar alguma coisa neste país. Em sendo assim não se pode acreditar num legislativo fiel ao povo, fiel à Pátria, fiel aos nossos anseios de liberdades democráticas. O poder executivo é outro também que pouco está se lixando para o sofrimento do povo brasileiro. Adaptou-se a um sistema esmolento e não ao profissionalismo que gera o emprego nas empresas. No nordeste o indivíduo fica deitado numa rede e de tanto bater o pé na parede para balançar a rede, a parede acaba furando. Enquanto isso, a mulher e a criançada em quantidade enorme vão buscar água a vários quilômetros de distância. O caboclo só levanta da rede para copular. Mais filhos são produzidos por atacado para receberem o bolsa isto e o bolsa aquilo. Trabalhar mesmo que é bom, necas! Aí vem o presidente e diz de boca cheia que estamos vivendo num paraíso de grande expectativa de crescimento. Crescimento do quê? Da criançada? E diz também que arrecadou bilhões e bilhões de reais. Diz isto antes de pegar um riquíssimo avião mandado construir por ele mesmo e lá se vai fazer visitinhas sociais em países sem nenhumas perspectivas de negociar alguma coisa. Acaba deixando milhões de dólares por lá dizendo que aquele país é pobre. E nós o que somos?
Temos, portanto um só poder público que funciona: o Judiciário. Este poder é muito popular e bastante conhecido pelos brasileiros porque está em todas as cidades do país. Sempre que nós precisamos apelamos para o Judiciário e somos correspondidos. Este poder – sem necessitar de nosso voto – é o único que ainda pensa realmente no povo brasileiro. Já os outros poderes nunca estão presentes quando o povo mais necessita. E não se interessam pelas necessidades prementes da população. Interessam apenas em levar vantagem em tudo que aparenta ser dinheiro vivo no bolso deles.