Nota do Autor: Sugiro inicialmente uma breve leitura do assunto "Teoria do Caos" em http://www.professores.uff.br/salete/caos.htm.
Tomei também a liberdade de publicar junto aos meus textos o excelente “A TEORIA DO CAOS”, de Gian Danton, com alguns comentários, pois considero a leitura indispensável à compreensão do presente trabalho. Publico-o assim apenas visando a comodidade dos meus leitores, ainda que sem uma autorização formal daquele autor, e informo que o texto pode ser visto no endereço indicado abaixo. Não há, de minha parte, quaisquer finalidades comerciais envolvidas.
Uma das versões dessas piadas que alguns profissionais gostam de inventar para zombar de colegas de outras áreas do conhecimento diz o seguinte:
Três amigos estão num bar bebendo e surge uma conversa sobre a profissão mais antiga do mundo. Argumenta o primeiro:
- “É claro que a profissão mais antiga do mundo é a dos cirurgiões. Deus tirou uma costela de Adão pra fazer Eva...”
Diz o segundo:
- “Isso não significa nada. Antes de Adão e Eva Deus já havia criado o Jardim do Éden, portanto a profissão mais antiga é a de Arquiteto e Urbanista!”
- “Nada disso”, diz o terceiro, “antes de Adão e Eva, antes do Jardim do Éden, antes até do Faça-se a Luz o que existia?”
- “O Caos”, respondem os outros dois, em conjunto.
- “Portanto, a profissão mais antiga do mundo é a de Administrador!”
Brincadeiras à parte, uma visão cosmogênica bastante bem aceita nas últimas décadas, ao menos no ocidente “cientificizado”, é a do Big-Bang. Se existe alguma verdade nisso, ou se é cientificamente demonstrável que tudo o que chamamos de energia, matéria, tempo e espaço começou numa enorme explosão (o que, diga-se de passagem, confere bastante bem com o Fiat Lux - Faça-se a Luz - presente não só na Bíblia Sagrada mas também em diversas outras tradições religiosas) é assunto que deixo para os especialistas em astrofísica e em todas as religiões que assim vêem o mundo. A mim, neste momento, importa apenas que não consigo imaginar que o Cosmos não tenha tido um início formal, mesmo que seja mais difícil ainda pensar que algo possa ter causado esse início, e que esse algo também precisou ter um início, e assim por diante...
Uso aqui a palavra Cosmos com o sentido de “Universo ordenado, perceptível pelos nossos sentidos e instrumentos, desde as galáxias e estrelas até as partículas subatômicas”, em oposição a “Caos: estado de energia e matéria sem forma e com espaço e tempo indefinidos que existia antes do universo ordenado, conforme algumas visões cosmológicas e religiosas”. Veja que aqui não há muita relação com o sentido mais popular de caos: desordem, confusão.
Supondo que o leitor que chegou até este ponto do texto seguiu minhas sugestões anteriores de leitura, ou tem algum conhecimento elementar da Teoria do Caos, passo agora a explicar o título deste artigo.
Supondo a existência inicial do caos (como definido acima) e que, em algum momento, algum evento (que tanto pode ser o Fiat Lux como pode ser o Big Bang) colocou alguma espécie de ordem nesse caos, teremos como resultado o cosmos, ou seja, o caos após a organização, que chamamos de universo. Se concordarmos com a Teoria do Caos, o atual universo não é tão organizado assim pois, se fosse, estaríamos num universo desnecessário já que a ordem absoluta tornaria tudo absolutamente previsível. (O Universo seria desnecessário se fosse totalmente previsível? Algo a discutir em breve...)
Um outro ponto a ponderar é o nosso conceito de organização. No texto introdutório, de Gian Danton, o autor apresenta quatro séries numéricas em ordem crescente daquilo que chamamos de complexidade. As duas primeiras séries são facilmente compreensíveis, a terceira não é assim tão complicada (ainda mais depois da explicação) enquanto a quarta, segundo o autor, foi obtida por ele ao digitar aleatoriamente números no teclado do computador. Pois bem, posso propor aqui duas outras séries:
5, 2, 9, 8, 4, 6, 7, 3, 1
e
8, 5, 4, 9, 1, 7, 6, 3, 2.
Garanto que estas séries têm critérios de ordenamento bastante compreensíveis depois que os descobrimos, mas quais?