É dezembro. A humanidade é tomada por momentos e sugestões de reflexões sobre a vida, sobre o outro, sobre o que foi e o que será.
Na paisagem humana algo se mexe na tentativa de mudança do ser e do fazer, porém com pouca transformação. Na paisagem urbana muito se transforma, com muitos adereços e ornamentações, mas o que me chama a atenção são as árvores, que brilham, presentes em muitas ruas, avenidas, jardins e praças. Pensemos um pouco nas solitárias árvores que brilham.
Anônimas, frondosas ou não, de cores variadas, baixas ou compridas, estreitas ou largas, com raízes fortes, permanecem lá, em seu lugar, cumprindo seu papel, acolhendo com sua sombra, embelezando a paisagem.
Na escuridão, transformam trevas em luz, apresentam-se a todos com seu brilho e beleza. Assim são notadas, assim são percebidas. E assim também são seres vivos urbanos.
Somos seres vivos urbanos. Às vezes nos esquecemos de realmente sermos vivos e escolhemos ser apenas urbanos. Não nos esqueçamos das árvores que brilham.
Cansaço físico e emocional, dia-a-dia que nos consome, obrigações, objetivos, trabalho, dinheiro, um pouco de cada apaga nosso brilho individual e entramos nessa espiral de vida urbana, apagada, incolor, fria, convivendo com outros urbanóides, mas apenas convivendo, pois não mostramos nem recebemos brilhos.
Sejamos árvores que brilham.
Individualmente, façamos um trabalho de auto-conhecimento, de fortalecimento de nossas raízes, de mergulho em si, sem medo, com vontade de ser melhor. Façamos sombra acolhedora, aceitemos mais, permitamos ser mais humanos com o outro, tolerantes, pacientes, para que possamos mostrar nosso brilho e assim brilhar para todos, com todas as cores, iluminando, trocando treva por luz, não somente nos fins-de-ano, mas todos os dias, gerando frutos de humanismo, tornando-nos belos e brilhantes na paisagem urbana de nosso dia-a-dia.
À luz, façamos sombra acolhedora, na treva, mostremos nosso brilho.