Enviada: terça-feira, 13 de janeiro de 2009 20:00:36
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POR QUE, NESTE MOMENTO, DEVEMOS TER VERGONHA DE SER BRASILEIROS?
A isso que se vê acima, Celso Amorim disse "sim". O Brasil não apenas votou contra a condenação do Sudão como foi um dos líderes do esforço para proteger os genocidas. A foto registra uma mulher dando início à construção de uma nova cabana depois que sua aldeia foi bombardeada pela Força Aérea sudanesa. Nesse ataque aéreo, Brasil não vê nada demais. Já são mais de 300 mil mortos e de três milhões de refugiados
Celso Amorim limpa os pés numa história até bastante virtuosa: a da diplomacia brasileira. Mais uma vez, a o Brasil vota contra Israel no tal Conselho de Direitos Humanos da ONU, uma biboca lastimável, como quase tudo que pertence a essa ONG cara e inútil, coalhada de ditaduras vagabundas e populistas ordinários.
Em dezembro de 2006, esse monturo que se diz Conselho de Direitos Humanos da ONU ficou reunido três dias para decidir se condenava ou não o governo do Sudão pelo massacre de Darfur. Isto mesmo: TRÊS DIAS. Duzentas mil pessoas já haviam sido assassinadas por milícias a mando do governo gorila do país. Os mortos, hoje, superam os 300 mil. Há nada menos de três milhões de refugiados.
E o que fez o Conselho de Direitos Humanos da ONU, hein? Transcrevo para vocês o relato de Jamil Chade, do Estadão, publicado então pelo jornal. Volto em seguida:
Depois de três dias de negociações, o Conselho de Direitos Humanos da ONU conseguiu aprovar por consenso uma resolução enviando uma missão de especialistas para avaliar a crise na região de Darfur, no Sudão, onde 200 mil pessoas teriam morrido em conflitos desde 2003. No entanto, por causa da oposição de países africanos e árabes, China, Cuba e Brasil, o documento não critica o governo do Sudão nem fala de responsabilidades pelo massacre. O acordo evitou que os países tivessem de votar entre uma proposta dos países ocidentais e uma africana, mais favorável ao Sudão. O consenso evitou uma saia-justa para o governo brasileiro. Brasília evitava apoiar a proposta dos países ocidentais e qualquer condenação ao governo do Sudão, apesar das indicações do envolvimento de Cartum no massacre.Pela proposta aprovada, cinco especialistas serão enviados à região para investigar a situação e propor medidas. No entanto, só anunciarão o resultado da missão em março. Houve forte reação de ativistas, segundo os quais 40 mil pessoas são obrigadas a deixar suas casas a cada semana por causa do conflito.
Voltei
É isso mesmo que vocês leram. O Brasil foi um dos líderes da resistência na proteção ao governo do... Sudão! Ali, sim, estamos falando de um governo homicida. Os meliantes morais enviaram os tais observadores ao país, e nada aconteceu. Vejam a foto que está neste post. Nesse caso, o governo de Sua Excelência o Apedeuta não vê nada demais. O governo do Brasil não dá bola para 300 mil inocentes mortos. Mas se condói sobremaneira quando terroristas tombam tentando destruir Israel. Sob o pretexto de combater o sionismo, sejamos claros: a posição do Brasil alimenta a suspeita de uma política deliberadamente anti-semita.
Ah, sem dúvida, o gigante Celso Amorim cuida dos nossos interesses. Depois que o Brasil liderou a defesa de um governo genocida, recebeu o agradecimento público do governo facinoroso do Sudão. Leiam trecho de outra reportagem de Jamil Chade:
Depois de conseguir o apoio do Brasil para não ser condenado na Organização das Nações Unidas (ONU) por violações aos direitos humanos, o governo do Sudão deixa claro que essa atitude será compensada. Em entrevista ao Estado, o diretor do Departamento de Cooperação do Ministério das Finanças do Sudão, Abdel Salam, revelou que espera, em poucos meses, fechar um acordo com a Petrobras, além de contratos no setor de açúcar. `As portas estão abertas ao Brasil`, afirmou. Nas últimas semanas, o Brasil tem surpreendido ativistas e governos ocidentais por não seguir a posição de pedir que as autoridades sudanesas sejam investigadas por causa da pior crise humanitária do mundo na atualidade, na região de Darfur. A ONU já deixou claro que tem provas de que o governo do Sudão tem participado do conflito que causou a morte de 200 mil pessoas desde 2003. França, Reino Unido e vários outros países europeus pediam que uma investigação fosse realizada e que os autores do massacre não fossem deixados impunes. Mas com o apoio de Brasil, Cuba, China e dos governos africanos e árabes, o Sudão conseguiu evitar uma condenação na ONU.
Foi só desta vez?
Em 2006, durante a guerra contra o Hezbollah (que foi quem deu início ao conflito com Israel), o Brasil já havia votado contra Israel. Em março de 2007, diante de uma pletora de evidências de transgressão aos direitos humanos no Irã, o que fez o Brasil de Apedeutakoba? Vestiu o turbante negro e preferiu se abster. Brasília também se opõe a qualquer tentativa de condenar a ditadura cubana.
Política externa não é um convento de freiras. Está submetida a interesses objetivos, todos sabemos. Mas há um limite que distingue pragmatismo de delinqüência. E o governo brasileiro já não conhece mais essa diferença. Quem condena Israel, que se defende do ataque de milhares de foguetes do inimigo, mas defende o Sudão fez uma escolha: em favor do terrorismo e do genocídio.
Amorim conduziu a política externa brasileira para a lata do lixo. E isso só demonstra a sabedoria de todos aqueles que fizeram ouvidos moucos quando Apedeutakoba começou a espernear para o Brasil ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Sim, a organização já está quase à baixura do país, mas ainda falta perder muito tamanho.
Está dado: o Brasil condena um país que se defende do terrorismo, mas protege a ditadura assassina de Cuba e tirania genocida do Sudão. Eis a política externa do PT.
PS: Um revistinha aí, candidata ao leite de pata das estatais e do governo federal, diz que este blog já chamou Lula de "apedeuta" seis mil e tantas vezes. Não contei porque tenho mais o que fazer. Deve ser alguma contabilidade vesga e errada feita com a ajuda do Google. De toda sorte, em vez de investigar o meu blog para que eu pare de criticar o governo, essa gente deveria é investigar o governo, não? Não! Não quando se é candidato a puxa-saco, “mas com muita independência e estilo”, é claro.
Vá lá: digamos que eu tenha escrito a palavra 6.500 vezes. Seria pouco. A cada “apedeuta” corresponderiam 46 mortos sudaneses, ignorados pelo cinismo de Celso Amorim. A palavra é certamente branda com amigos de genocidas. Um apedeuta pode até ser simpático e inofensivo. Já um amigo do governo do Sudão é um analfabeto moral.
Por Reinaldo Azevedo 05:01 comentários (95)
O POVO É RESPONSÁVEL POR SUAS ESCOLHAS
Ali Kamel, editor executivo de Jornalismo da Globo e colunista de O Globo, escreve hoje sobre o conflito em Gaza. E, para não variar, vai ao ponto. Segue seu texto.
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Eu acredito em eleições. E acredito que o povo sempre tem a capacidade de julgar o que considera bom para si. Isso não quer dizer que o povo acerte sempre: não são poucas as vezes em que a decisão mostra-se errada no futuro. Não importa, no momento em que comparece às urnas, certo ou errado, o povo é responsável por suas escolhas.
Por que essa conversa? Porque isso não me sai da mente quando vejo, chocado, os bombardeios em Gaza. Em 2006, houve eleições para escolha do primeiro-ministro palestino. Era um contexto em que os EUA clamavam pela democratização do mundo árabe. Quando o Hamas saiu-se vitorioso, muita gente, diante dos lamentos dos americanos, riu, dizendo algo assim: “Ora, não queriam democracia? Agora o povo vota, escolhe o Hamas e os EUA lamentam? Então democracia só vale quando ganham os aliados?” Na época, escrevi que a simples presença do Hamas nas eleições mostrava que aquilo não era uma democracia: porque democracia não é o regime em que todas as tendências disputam o voto; democracia é o regime em que todas as tendências que aceitam a democracia disputam o voto. Como o Hamas prega uma teocracia, um sistema político que o aceita como legítimo aspirante ao poder não pode ser chamado de democracia. Seja como for, tendo sido democráticas ou não, aquelas eleições expressaram a vontade do povo: observadores internacionais atestaram que o pleito transcorreu sem fraudes.
E o que pregava o Hamas na campanha de 2006? Antes, para entender o linguajar, é importante lembrar que o Hamas não aceita a existência do Estado de Israel, chamado de “Entidade Sionista”. Assim, quando se refere à “Palestina”, o Hamas engloba tudo, inclusive Israel. Destaco aqui três pontos do programa eleitoral (na disputa, o grupo deu-se o nome de “Mudança e Reforma”): “A Palestina é uma terra árabe e muçulmana”; “O povo palestino ainda está em processo de libertação nacional e tem o direito de usar todos os meios para alcançar esse objetivo, inclusive a luta armada”; “Entre outras coisas, nosso programa defende a “Resistência” e o reforço de seu papel para resistir à Ocupação e alcançar a liberação. A ‘Mudança e Reforma’ vai também construir um cidadão palestino orgulhoso de sua religião, terra, liberdade e dignidade; e que, por elas, esteja pronto para o sacrifício.”.
Deu para entender? O Hamas propôs um programa segundo o qual não há lugar para judeus na “Palestina”, o uso da luta armada deve ser reforçado para se livrar deles e os cidadãos comuns devem estar preparados para se sacrificar (morrer) pela religião, pela terra, pela liberdade e pela dignidade.
Havia alternativa? Sim, apesar da ambigüidade eterna, o Fatah do presidente Mahmoud Abbas (e, antes, de Yasser Arafat), na mesma eleição pregava a saída de Israel dos territórios ocupados em 1967, a criação de um Estado Palestino com sua capital em Jerusalém e uma solução para os refugiados de 1948 com base em resoluções da ONU, uma agenda que só parece moderada porque é comparada à do Hamas. Embora estimulasse e declarasse legítima a resistência à ocupação, a novos assentamentos judaicos e à construção do muro de proteção que Israel ergue entre a Cisjordânia e seu território, o Fatah declarava expressamente: “Quando o imortal presidente Arafat anunciou em 1988 a decisão do Conselho Nacional Palestino, reunido naquele ano, de adotar a ‘solução histórica’, que se baseia no estabelecimento de um Estado independente Palestino lado a lado com Israel, ele estava de fato declarando que o povo palestino e suas lideranças tinham adotado a paz como um opção estratégica.”
E qual foi a decisão dos palestinos? Num sistema eleitoral que adota o voto distrital misto, o Hamas ganhou tanto no voto proporcional quando nos distritos, abocanhando 74 dos 132 assentos do parlamento. Ou seja, diante do desgaste de 40 anos do Fatah, e das denúncias de corrupção que pairavam sobre o movimento, os palestinos deixaram a paz de lado e optaram pela promessa de pureza divina e dos foguetes do Hamas. Meses depois, uma luta interna feroz entre os dois grupos teve lugar e resultou numa divisão territorial: o Fatah ficou com a Cisjordânia, onde a situação é de calma, e o Hamas ficou com Gaza, de onde continuou pregando o programa aprovado pelos eleitores: enfrentamento armado, mesmo tendo consciência do que isso acarretaria.
Diante disso, dá para dizer que os palestinos de Gaza são inocentes vítimas do jugo do Hamas e de uma reação desproporcional dos israelenses?
Olha, eu deploro a guerra, lamento profundamente a morte de tanta gente, especialmente de crianças, vítimas de uma guerra de adultos. Vejo as bombas, e fico prostrado, temendo que o bom senso nunca chegue. Mas isso não me impede de ver que a guerra, com suas consequências, foi uma escolha consciente também dos palestinos de Gaza. Retratá-los como despossuídos de todo poder de influir em seus destinos não é mais uma verdade desde 2006.
Parecerá sempre simplificação qualquer coisa que se diga num espaço tão curto, em que é preciso deixar de lado as raízes desse conflito e a trama tão complicada que distribuiu culpa e vítimas por todos os lados. Mas não consigo terminar este artigo sem dizer: para que haja paz, os dois lados têm de ceder em questões tidas como inegociáveis, o apelo às armas têm de ser abandonado, o Estado Palestino deve ser criado ao lado de Israel, cujo direito a existir não deve ser questionado. Se isso acontecer, muitos árabes e israelenses daquela região não se amarão, terão antipatias mútuas, mas viverão lado a lado.
Utopia?
PS: Peço desculpas por ter dito, em meu último artigo, que os “professores não ensinam” quando quis dizer que as escolas não ensinam.
Por Reinaldo Azevedo 04:51 comentários (13)
O QUE PODE E O QUE NÃO PODE
Aplaudi a decisão da Comissão Central Eleitoral de Israel, que baniu das próximas eleições três dos partidos árabes. E começou a gritaria. “Ah, isso é que é uma democracia?” Pois é. Isso é que é uma democracia. Os três partidos banidos não reconhecem Israel como “estado judeu” — e, bem, sua carta de fundação diz que ele é um estado judeu. Pode-se não gostar disso, sei bem, mas assim é. Um deles apóia abertamente a luta armada dos palestinos de Cisjordânia e Gaza contra Israel.
Não há por que se espantar, não. Farei uma citação:
“Na democracia, o direito à divergência não alcança as regras do jogo. Um democrata, em nome dos seus princípios, não deve conceder a seus inimigos licença, que estes, em nome dos deles, a ele não concederiam se chegassem ao Poder".
Quem escreveu? Eu mesmo, num artigo publicado pela Folha. Poderia citar outro autor. Cito sempre. Mas, quanto a esse particular, não encontrei nenhuma síntese melhor do que a minha.
Claro, há quem acredite que até o terrorismo pode ser, como direi?, criativo. Um professor da USP chegou a defender tal tese numa resenha publicada no Estadão no domingo. Nesta terça, tratarei com mais vagar do assunto.
No dia 11 de janeiro de 2009, um grande jornal brasileiro abrigou um artigo que enxerga as virtudes do terror. Voltarei ao tema.
Ademais, os que estão descontentes com a resolução deveriam explicar por que não há partidos judeus nos países islâmicos... De fato, nem mesmo há judeus em países islâmicos, não é mesmo?
Mas a canalha vigarista continua a gritar.
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ATENÇÃO POR FAVOR!
ACESSE UM DOS ENDEREÇOS ABAIXO E ADQUIRA UMA DAS OBRAS PUBLICADOS POR ESTE AUTOR: JEOVAH DE MOURA NUNES, (poeta, escritor e jornalista) seis livros publicados, num total escrito e escrevendo de 25 (vinte e cinco)
MEMÓRIAS DE UM CAMELÔ (histórias reais das ruas de São Paulo)