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Artigos-->De boca a barlavento -- 27/01/2009 - 01:37 (Eduardo Amaro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma poesia visual, é o que percebemos ao ler o texto De boca a Barlavento, de Gabriel Mariano.

Não chega a ser concretista, porém, a força das palavras lapidadas transparece em imagens acústicas de magnitude excepcional.

Observe o uso dos demonstrativos:



Esta

a minha mão de milho & marulho

Este

o sol a gema e não

o esboroar do osso na bigorna



Como se o poeta estendesse a mão (que compõe, que constrói – o verso e o alimento) ao leitor.

Percebemos também a estrutura paralelística que, além de ritmar a poesia, aproxima a mão do sol e este, do sangue, que simboliza a vida (esta/este/esta mão de semear), além de enfatizar a função deste verbo, ajudando na progressão do texto ao criar uma unidade sintagmática distinta que, por sua vez, joga as imagens em blocos dentro do texto.

Estruturalmente, o poema pode ser dividido em duas partes: o canto das dificuldades, do fim da carne (e embora o deserto abocanhe a minha carne de homem e caranguejos devorem esta mão de semear) e o canto do andarilho (de comarca em comarca), separados pelo gotejar do sangue que liga as duas idéias, em uma espécie de transfiguração.

Este aspecto merece destaque. O vocábulo, goteja, graficamente disposto a nos dar a impressão de uma gota caindo, sublima a poesia ao onírico: é a transcendência das palavras poéticas à arte; da carne consumida à poesia eternizada; o que era “carne de homem” passa a ser som, dentro das violas, passa a ser conhecido, veiculado, poético (Que arrastam as vogais e os ditongos para dentro das violas).





De boca a Barlavento

I



Esta

a minha mão de milho e marulho

Este

o sol a gema e não

o esboroar do osso de bigorna

E embora

O deserto abocanhe a minha carne de homem

E caranguejos devorem

esta mão de semear

Há sempre

Pela artéria do meu sangue que

g

o

t

e

j

a

De comarca em comarca

A árvore e o arbusto

que arrastam

As vogais e os ditongos

para dentro das violas.



(Gabriel Mariano)

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