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Artigos-->O BRAVO VENCEDOR DA LUTA NO AÇOUGUE -- 03/02/2009 - 16:17 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
29/01/2009 10:17

NOTA DEZ PARA AUGUSTO NUNES NO JORNAL DO BRASIL



O BRAVO VENCEDOR DA LUTA NO AÇOUGUE



O italiano Lino Sabbadin, dono de um açougue na cidadezinha de Santa Maria di Sala, foi condenado à morte por ignorar a diferença entre um assalto a mão armada e uma expropriação revolucionária. Em janeiro de 1979, quando rechaçou à bala o bando que invadiu o açougue na cidadezinha de Santa Maria de Sala, nem desconfiou de que matara não um ladrão, como tantos, mas um guerrilheiro incorporado à tropa incumbida de confiscar parte do capital de um comerciante burguês – e usar o dinheiro para financiar a guerra contra o regime movida pelo grupo Proletários Armados para o Comunismo. O tribunal do PAC precisou de alguns minutos para decidir-se pela aplicação da pena capital ao "contra-revolucionário" que simulava desinteresse por política para camuflar a paixão pelo fascismo.



Fuzilado em 16 de fevereiro pelos mesmos assaltantes que repelira no mês anterior, Lino morreu sem saber que, aos 46 anos, deixara de ser apenas açougueiro. Aos 17, Sabbadin testemunhou parcialmente a execução do pai. O que viu e ouviu o adolescente tinha cara de assassinato, jeito de assassinato, modos de assassinato. Depende da posição de quem olha as coisas, corrigiram os panfletos distribuídos pelo PAC para festejar a vitória na Batalha do Açougue. Visto da extremidade esquerda da platéia, por exemplo, o que parece assassinato não passa de um justiçamento revolucionário, e o que se assemelha a um grupo de extermínio se transforma num comando de heróicos guerrilheiros.



"Eram quatro e meia quando eles chegaram", lembra Adriano. Enquanto os pais atendiam um freguês no balcão, ele conversava pelo telefone na parte dos fundos do açougue quando os tiros começaram. "Fiquei apavorado e subi correndo para o segundo andar, onde ficava a casa da família. Esperei uns dois ou três minutos intermináveis até me aproximar da janela que dava para a rua". Dali, viu três jovens saindo às pressas pela porta da frente e entrarem num carro estacionado metros além. Quando partiram, o adolescente voltou ao açougue. Com o avental branco desfigurado por manchas vermelhas, a mãe estava ao lado do corpo do pai, estirado numa poça de sangue.



Meses mais tarde, ele se espantou com os depoimentos prestados à Justiça pelos matadores: achavam que haviam cometido um "crime político". É o que continua achando o governo brasileiro, descobriu Adriano quase 30 anos depois daquela tarde. Como 83% dos italianos, como milhões de brasileiros que vêem as coisas como as coisas são, Adriano está inconformado com a absolvição de Cesare Battisti pelo juiz ocasional Tarso Genro.



Condenado à prisão perpétua na Itália pela participação no assassinato de Sabbadin e de mais três "contra-revolucionários", Battisti livrou-se da extradição graças ao ministro da Justiça, que o promoveu a "refugiado político" e pôs na conta das motivações ideológicas o prontuário de um ladrão vocacional diplomado em latrocínio na escolinha do PAC.



Segundo a discurseira recorrente do próprio Tarso, do presidente Lula e de toda a companheirada, devem ser anistiados, aplaudidos e indenizados os que lutam de armas na mão contra a ditadura e pela ressurreição da liberdade. Não se encaixam no palavrório os Proletários Armados para o Comunismo, que sempre couberam em quatro ou cinco camburões. Na Itália dos anos 70, não havia regimes totalitários a combater, nem tiranos a derrubar. Muito menos houve guerrilheiros dispostos a matar ou morrer pela pátria livre.



Se os textos produzidos entre 1976 e 1979 traduziram o que pensavam, Battisti e seus comparsas roubaram e mataram para destruir a república democrática, esquartejar a liberdade e implantar a ditadura. Se mentiram, os revolucionários de araque queriam só enriquecer sob as bênçãos dos nostálgicos da Guerra Fria. Nas duas hipóteses, o PAC foi um caso de polícia. A adoção de Battisti pela companheirada reafirma o menosprezo pelas liberdades democráticas e outros caprichos burgueses, e a certeza de que não há salvação fora do partido único que saberá reconstruir o socialismo em frangalhos.



O que espera o PCC para trocar o Primeiro Comando da Capital da certidão de batismo por um oportuníssimo Partido dos Comunistas Convertidos? O primeiro nome pode dar cadeia. O segundo permite roubar e matar sob a proteção do governo brasileiro.







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