Como entender o mistério da ressurreição? Alguns afirmam que é questão de fé. Mas há outro caminho, o do amor, algo tão forte que nem a própria morte consegue dominar e vencer. Se entendermos a profundidade e o alcance do amor, então compreenderemos que ele tem em si algo de divino, imortal. E, dessa forma, chegaremos à compreensão de que o amor ressuscitou Jesus, para nosso bem. O amor venceu!
Quem nos esclarece isso é o Discípulo Amado, que tem um relacionamento de amor para com Jesus. Num texto que fala tanto de túmulo (o evangelho de hoje: João 20,1-9), ele é quem nos arrasta com a força do amor e provoca em nós a fé na ressurreição: “Ele viu e acreditou”.
Bem diferente é a atitude de Simão Pedro, que perde a corrida e, pior, não alcança a fé – gerada pelo amor –, apesar de ver mais coisas que o Discípulo Amado (vê também o sudário). Ocorre que, no Evangelho de João, Simão Pedro, salvo raras exceções, representa a dificuldade e a resistência em aceitar Jesus do jeito que ele é, sem pretender que o Mestre seja como o discípulo (cf. 13,6-8 e 18,17ss). Quando não amamos, podemos enxergar inúmeras coisas, sem nada concluir. Ao contrário, o amor nos leva a ver coisas grandes nas pequenas, fazendo nascer a fé.
O Discípulo Amado espera que Pedro entre antes no túmulo porque Pedro tem uma tarefa que somente ele próprio poderá realizar: reconciliar-se com o Jesus do lava-pés, com o Jesus elevado numa cruz... Reconciliar-se com o amor que dá a vida, com o amor mais forte que a própria morte. Somente no capítulo 21 é que Simão Pedro “se encontra” e descobre sua vocação: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Tornou-se Discípulo Amado, que acredita na vitória da vida e do amor.
Padre José Bortolini, ssp
Fonte: Semanário Litúrgico-Catequético “O DOMINGO” – Pia Sociedade de São Paulo (PAULUS) – Ano LXXVII – Remessa VI – 12/04/2009 – & 8470; 20.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”