O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Como não há data precisa para o nascimento de Camões fica-se entre 1517 e 1525, nem um local exato de seu nascimento: três cidades se
dizem berço de Camões, Chaves para onde sua família, galega, se teria
mudado, Coimbra, cidade escolhida pelos Pais de Camões em suas andanças por Portugal, e finalmente Lisboa.
10 de Junho, data do falecimento de Luiz Vaz de Camões em 1580, foi então o dia escolhido para homenagear a sua vida, obra e feitos gloriosos do nobre povo cantado com “engenho e arte” por aquele que é considerado o maior poeta da língua Portuguesa e figura entre os maiores poetas da humanidade.
Dia de Portugal nem podia ser outro, “Os Lusíadas” celebram um povo heróico , seus nobres feitos, As Grandes Navegações, a fase áurea de Portugal.
Já foi também o dia de Portugal, de Camões e da raça, neste contexto, “raça” nada mais coerente do que incluir aqui todas as Comunidades Portuguesas residentes em países de acolhimento.
Um dia a mais para fortalecer vínculos afetivos e culturais com a pátria mãe; refletir sobre as condições de emigrante; propor estratégias que visem facilitar a vida destas comunidades em países de acolhimento, e acima de tudo afirmar a condição de português com direitos e deveres idênticos aos concedidos aos
portugueses residentes em Portugal. Um dia para homenagear milhões de portugueses espalhados pelo mundo.
A região de Barroso é a mais legítima representante de local de emigração: longe dos centros urbanos, lugar de difícil acesso, um canto esquecido na mapa de Portugal.
Era preciso fazer-se ao mar ou à terra, sair da rota da pobreza, do destino traçado, assim, poucos são os lares de Barroso que não têm seus familiares a comemorar o dia das Comunidades Portuguesas em países de acolhimento. À festa cívica, com caris oficial em Portugal, junta-se outra festa: a que celebra um Camões emigrante e por que não um excluído? Afinal o que foi Luiz Vaz de Camões senão mais um excluído do seu tempo?
Vale lembrar que Camões colocou os “ Lusíadas “ a concorrer em Lisboa em um concurso literário e foi, digamos, reprovado, à época ganhou esse concurso um texto literário de um padre.
A fama, o prestígio veio tardiamente, todos sabem.
É esse Camões a vagar por “longes terras”, encontrado em Moçambique a viver de ajudas de amigos; em Goa, segundo o autor,“madrasta de todos os homens honestos”; em Macau teve por teto uma gruta, hoje um lugar turístico com seu nome. Ali teria escrito grande parte dos “ Lusíadas” . É esse Camões o homenageado no mais íntimo do coração de cada emigrante.
Ao povo Português e aos representantes da Nação duas opções se oferecem para comemorar este dia: enaltecer os nobres feitos dos nossos antepassados e ressuscitar o espírito de aventura, a vontade superar-se como nação e como indivíduo, ou fazer como os representantes dos Estados Unidos fizeram enquanto articulavam a guerra no Iraque: na parede da sala ao fundo havia uma reprodução de Guernica de Pablo Picasso. Então alguém sugeriu: vamos cobrir esse quadro com um pano.
Ele representava a guerra que ali se estava forjando: crianças, mulheres, soldados, cavalos, bois tudo ali tem a cara da morte. “Estamos aqui a arquitetar uma guerra, é melhor tapar isso”.
Então que tal deixar “Os Lusíadas” bem escondidos no fundo de uma gaveta qualquer enquanto festejamos o dia de Portugal.