Acabei de assistir os jogos de volta da Copa do Brasil e, sinceramente, não gostei! Parecia que estava vendo duas partidas do outrora enfadonho e chato ‘cattennacio italiano’. Eu falo isso justamente no momento em que até o futebol da Velha Bota, historicamente retranqueiro, me parece mais arejado, com os novos ventos trazidos principalmente após a chegada do excelente técnico português José Mourinho. Sim, até a Inter de Milão, um dos times grandes italianos que mais se identificava com o jogo mal jogado, está praticando um futebol mais agradável aos olhos. E nem por isso deixou de ser competitivo. Já é o tetracampeão italiano. Durma-se com um barulho destes!
Enquanto isso, por aqui, no outrora ‘país do futebol’, tanto o Mano Menezes quanto o educado Tite, dois técnicos brasileiros privilegiados que contam com plantéis de muito boa qualidade técnica para o padrão brasileiro atual, e, por isso mesmo, poderiam soltar seus times, preferem seguir na contramão da história. Mesmo contra times muito inferiores tecnicamente, Vasco da Gama e Coritiba, respectivamente, se classificaram para a ‘grande final’ na bacia das almas, praticando uma retranca que deixaria vermelho de vergonha o mais pragmático defensor do ‘ferrolho’ italiano.
No Pacaembú, jogando em casa, contando com o apoio incondicional de 35 mil fiéis torcedores, o Corinthians de Mano Menezes, o campeão paulista de 2009, suou sangue para manter um 0 x 0 que lhe valia a classificação, pasmem, sofrendo um tremendo sufoco, o jogo todo, numa retranca despudorada, contra o lutador mas inexperiente Vasco da Gama! Aliás, desde o 1º jogo contra o São Paulo, nas semifinais do Paulistão, quando precisava reverter a vantagem são-paulina, e, por isso, jogou pra frente, tentando o gol, o Corinthians passou a atuar com o regulamento debaixo do braço. Do mesmo jeito que sempre fez o famoso Fábio Capelo, técnico italiano de vitoriosa carreira.
E o Internacional de Porto Alegre, o tão decantado melhor plantel do futebol brasileiro, o que fez em Curitiba? Tá certo que o Coxa é um dos ‘mais temíveis adversários’, só por acaso, o último colocado do atual Brasileirão, com 1 ponto ganho em 4 rodadas. E o Inter, líder isolado do Brasileirão com 100% de aproveitamento, só não foi desclassificado por causa da exuberante atuação do seu goleiro Lauro! E o técnico Tite, tal qual o Mano Menezes, também se mostrou um excepcional discípulo do enfadonho cattennacio italiano.
Gozado, enquanto isso, na Europa, ninguém mais agüenta o jogo excessivamente defensivo. Prova disso é que o mesmo Fábio Capelo, atual técnico da seleção da Inglaterra, na sua última passagem pelo Real Madri, mesmo conquistando o título espanhol, foi sumariamente dispensado. A fanática torcida merengue simplesmente mostrou que prefere perder jogando o jogo bem jogado, a ganhar o título praticando o odioso futebol de resultados.
E é por essas e mais aquelas que eu não me canso de tecer loas aos meus times dos sonhos do atual futebol mundial, a Seleção Espanhola e o quase sempre envolvente e agradável Barcelona.
Interessante, desde que o genial e criativo Johan Cruyf apareceu por lá, inicialmente como jogador e depois como técnico, os catalães não deixam por menos. Ou perdem tentando jogar o jogo bem jogado, ou ganham encantando o mundo! Ganhar só por ganhar, eles deixam para o Brasil de 1994 ou para a Itália de quase todas as Copas.