Interessante, foi só o Dunga colocar o Ramirez no time, e o Brasil já parece outro.
Algum tempo atrás, eu colocava num dos meus artigos que o nosso técnico estava escalando, no nosso meio de campo, três jogadores que estavam na reserva em seus respectivos clubes. Gilberto Silva, no Arsenal de Londres – agora está no Panathinaikos da Grécia -, Ronaldinho Gaúcho, no Milan, e Elano, no Manchester City. Coincidência ou não, com esses jogadores totalmente fora de ritmo, até contra times da ‘estatura técnica’ de uma Bolívia ou de um Perú estávamos passando sufoco.
Pois bem, o Ronaldinho Gaúcho deixou de ser convocado, merecidamente, mas o Gilberto Silva e o Elano continuaram no time. E o sufoco também. Mesmo contra o Uruguai, naqueles inesperados 4 x 0 de Montevidéu, o nosso ‘São Júlio César’ foi o melhor homem em campo, numa demonstração de que nem tudo estava às mil maravilhas.
Surpreendentemente, contra o Paraguai, em Recife, fizemos a nossa melhor partida em toda a Eliminatória. Pela 1ª vez na competição jogamos de maneira equilibrada, na medida certa entre contenção e ataque. E o nosso goleiro, finalmente, teve o descanso merecido.
Entretanto, na estréia na Copa das Confederações, tivemos uma recaída. Sofremos dois gols em 1 minuto, e só não perdemos para o Egito porque o nosso ‘São Júlio César’ voltou a entrar em cena, e também porque os atacantes da terra dos Faraós foram muito incompetentes nas finalizações. E, já nos descontos da partida, sem qualquer merecimento, caiu do céu aquele pênalti salvador.
Daí, para surpresa de todos, o nosso treineiro velho de guerra abriu um pouco os olhos, e colocou o Ramirez no time. Eureka! Foi a descoberta do ‘ovo de Colombo’ ou, melhor dizendo, do ‘ovo do Dunga’.
É lógico que aí se somaram dois fatores: a saída de um jogador fora das suas melhores condições, reserva no seu clube há quase 1ano, e a entrada de outro em ponto de bala, que executa brilhantemente todas as funções de um excelente jogador de meio de campo. Esse é o garoto Ramires. Ele faz tudo bem feito. Tem uma movimentação impressionante, quase não erra passes e ataca e defende com a mesma eficiência. E o Dunga finalmente conseguiu colocar o ‘ovo’ em pé.
Outro ponto positivo na mudança de atitude do nosso técnico foi a troca do lento e envelhecido Cleber pelo André Santos. Não que o lateral do Corinthians tenha feito duas excelentes partidas, muito longe disso. Mas, com a sua movimentação constante, e a chegada forte ao ataque, também ajudou a melhorar as saídas de bola do Brasil. Se ele ganhar mais personalidade, talvez se torne a solução para esse nosso problema crônico, a lateral esquerda.
No entanto, apesar de termos melhorado muito nos jogos contra Estados Unidos e Itália, principalmente pela maior movimentação do meio de campo, ainda falta a mudança mais importante. E que daria um resultado ainda melhor.
Agora, apenas entre os que estão na Copa das Confederações, vocês já pensaram se o Cleberson entrasse no lugar do Gilberto Silva? Que maravilha seria? O Felipe Melo passaria pra 1º volante, e o Ramires e o Cleberson se revezariam nas funções de meia e 2º volante. Nas quatro posições do meio de campo, com a adição do Kaká, teríamos quatro verdadeiros meias, aliás, a tendência atual dos grandes times do mundo. Ganharíamos em criação e em movimentação. E o ‘ovo do Dunga’ ficaria ainda mais em pé!
Aí sim, teríamos o time ideal, muito difícil de ser vencido, tanto nesta Copa das Confederações como, e principalmente, no próximo Mundial.
Já que o Dunga começou finalmente a trilhar o bom caminho, com as entradas do Ramires e do André Santos, porque não fazer o serviço completo?
Parece que, finalmente, para nós, brasileiros, dias melhores virão.