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Artigos-->Memórias Reveladas: O que o Arquivo Nacional esconde -- 30/06/2009 - 08:31 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Verdade Sufocada - 30/06/2009



Memórias Reveladas - O que falta no Arquivo Nacional - MR-8 Capítulo VII



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2071&Itemid=87



MR-8: um ano de sucessos e de desventuras - Transcrito do Projeto Orvil



No início de 1971 vivia-se os dias do desenlace do sequestro do embaixador suíço, que havia sido sequestrado no dia 7 de dezembro de 1970 por uma frente formada pelas seguintes organizações:Vanguarda Popular Revolucionária - VPR-, Ação Libertadora Nacional -ALN- , Movimento Revolucionário -8 de Outubro - MR-8 -, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR -, e Movimento Revolucionário Tiradentes - MRT. As negociações já se arrastavam por mais de um mês . A polícia aumentava o cerco aos terroristas. A Suíça classificou o ato como uma violência contra pessoas inocentes e uma violação dos direitos humanos.



Texto completo



O seqüestro foi o mais longo e o mais dramático. As negociações entre o governo brasileiro e a VPR, duraram quarenta dias. Os seqüestradores apresentaram uma lista de 70 presos que deveriam ser soltos em troca da vida do embaixador. O governo mudou de tática,em relação aos 3 sequestros anteriores, dificultando a liberação de alguns presos. Desses, o governo negou a liberação de 13 que já tinham sido julgados, alguns por homicídio. A VPR insistiu e o governo não cedeu. Com a não liberação dos 13 presos, uma facção da organização terrorista quis matar o embaixador. Carlos Lamarca e Alfredo Hélio Sirkis não concordaram e vetaram essa medida extrema, por não considerarem uma boa opção política. Após discussões internas, a VPR concordou em apresentar outros nomes.

Finalmente, no dia 13 de janeiro de 1971, 70 presos foram liberados e banidos para o Chile. Em 16 de janeiro, o embaixador Bucher foi solto, depois de 41 dias de cativeiro.



Entre os 70 libertados e banidos para o Chile estavam:Carlos Bernardo Wainer, Samuel Aarão Reis, Regina Yessin Ramos, Lucio Flávio Uchoa Regueira, Antônio Rogério Garcia Silveira, Paulo Roberto Alves e seu irmão Pedro Alves Filho, todos do MR-8 . Os outros 63 eram de diversas organizações subversivas.

Com isso, aumentava o contingente de quadros do MR-8 no exterior, particularmente no Chile, onde já se encontravam Daniel Aarão Reis,Frànklin de Souza Martins, Wladimir Palmeira e Vera Sílvia Araújo Magalhães. Cada vez mais, crescia a importância qualitativa desses militantes, obrigando a organização a abrir uma Seção do Exterior. Essa Secão comandaria do Chile as ações no Brasil.



Ainda no início de janeiro, 4 militantes do Grupo Político-Militar (GPM) saíram do MR-8. Nos meses seguintes, todos iriam também para o Chile. Cada um deles recebeu para a fuga Cr$ 8.000,00 da organização.



Neste ano, o MR-8 passou a dar maior importância ao Comitê Regional da Bahia, já estruturado e atuante em Salvador e Feira de Santana, sob o nome-código de "Marajó" .Editava o jornal "Venceremos" e eram constantes as viagens de Carlos Alberto Vieira Muniz a Salvador, onde prestava assistência a Solange Lourenço Gomes, coordenadora do MR-8 na Bahia e Sergipe .



Faziam parte do CR/BA: Denilson Fcrreira Vasconcelos, Maria Lúcia Santana Cerqueira, Eliana Gomes de Oliveira, Diogo Assunção de Santana, Milton Mendes Filho, Renato José Amorim da Silveira e sua esposa Margarita B. da Silveira, Jaileno Sampaio da Silva e sua companheira Nilda Carvalho Cunha.



Ali o MR-8 contava, também, com a estreita colaboração do Padre Paulo, da Paróquia do Peru, em N.S. de Guadalupe, um dos representantes da "Organização Sem Nome", integrada por padres.e religiosos que editavam o.jornal "O Círculo" e possuíam um Curso de Alfabetização de Adultos, utilizado, pelo MR-8, para proselitismo e recrutamento. Independente do CR/BA, João Lopes Salgado dirigia o trabalho de campo na Bahia, em duas áreas: na região de Cangula, em· Alagoinhas, e na região do médio São Francisco, entre os municipios de Brotas de Macaúbas e Ibotirarna.



Nesse inicio de ano, fruto das intensas atividades de roubo praticadas no ano anterior, não faltava dinheiro ao MR-8. Assim, foram destinados Cr$ 27.000,00 à Bahia, sendo Cr$ 10.000,00 à CR e Cr$ 17.000,00 enviados para apoio ao trabalho de campo.



Em 6 de março, Solange Lourenço Gomes apresentou-se voluntariamente aos órgãos de segurança e falou sobre seus assaltos na Guanabara e as atividades do MR-8 em Salvador. Diversos "aparelhos" foram vasculhados e dezenas de militantes presos, a partir de12 de março, dentre os quais Eliana Gomes de Oliveira e Denilson Ferreira Vasconcelos, que prestou declarações entregando, praticamente, toda a estrutura da Bahia.



Na Guanabara, onde o Comitê Regional era bem organizado, as atividades continuavam intensas. Com seus dois GPM reestruturados executaria mais de 30 ações armadas, entre roubos de carros e assaltos a supermercados, bancos e outras empresas.



No dia 26 de janeiro, oito militantes comandados por Mário Prata, dentre eles o inglês Thimothy William Waskin Ross, assaltaram o posto do 10º Setor de Trânsito, em Ramos, levando uma metralhadora INA, dois carregadores completos, um remuniciador e uma sacola com 50 cartuchos, além de várias fardas da guarda civil. Ao deixarem o local, estavam pichadas as paredes do posto com "Viva a Luta Armada - Comando José Roberto Spiegner". No primeiro dia de fevereiro, assaltaram o supermercado Ideal, de Vista Alegre, de onde roubaram cerca de 40 mil cruzeiros novos.



No dia 5, César de Queiróz Benjamin, o "Menininho ", quando "cobria um ponto", junto à Igreja Divino Salvador, no Encantado, com dois militantes da VPR, Sônia Eliana Lafoz e Caio Salomé Souza deOliveira, trocou tiros com os componentes de uma radiopatrulha. Ferindo um policial, os três militantes conseguiram fugir, com Caio baleado na mão e Sônia ferida de raspão na cabeça e na perna.



No dia 18 de fevereiro, aconteceu a primeira "queda" do ano para o MR-8, com a prisão de .Alexandre Lyra.de Oliveira, quando "cobria um ponto" com Edmilson Borges de Souza., do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR -. Alexandre falou tanto em seus interrogatórios que seria acusado, mais tarde, de ter "passado para a repressão" e falsamente fugido em novembro de 1975. (Entrevista com César Queiroz Benjamin, o " Menininho", publicada no " Caderno de Campanha ", nº 9, de 1979).



No dia 13 de março, um sábado, 13 militantes sob o comando de Mário Prata, dentre os quais Stuart Angel e a "matraqueira" ( era o nome dado pelas organizações comunistas, ao militante que, nos assaltos, portava a metralhadora, ) Carmen Jacomini, assaltaram a Casa da Banha da Tijuca, roubando quase 70.000 cruzeiros novos. Já bem treinados, imobilizaram cerca de 100 pessoas que faziam compras, usando metralhadoras e bombas "Molotov". Chegaram, até, ao requinte de usar dois terroristas disfarçados de guarda-civil para manobrar o trânsito e facilitar a fuga.



Nesse mês, ocorreria um fato importante para o MR-8. Carlos Lamarca rompeu com a VPR e, alguns dias depois, ingressou no MR-8 junto com sua amante, Iara Iavelberg. A primeira vista, parecia que o MR-8 se fortalecia com a adesão de Lamarca, aumentando o seu prestígio junto às esquerdas. Na realidade a organizacão recebia um "elefante branco" e a responsabilidade de mantê-lo na.absoluta clandestinidade.



No més de abril, na Guanabara, o MR-8 praticou, três assaltos:



-no dia 2, ao posto e garagem FINA, em Vila Isabel, de onde foram roubados 4 carros, 8 placas e um revólver;



-no dia 3 ao supermercado PEG-PAG, em Botafogo, com o roubo de cerca de trinta e três mil cruzeiros;e



- no dia 18, ao supermercado Merci, em Ipanema:de onde foram levados vinte mil cruzeiros novos. Dentro de sua política de generosa distribuição de dinheiro, Stuart Angel entregou 5 mil cruzeiros novos ao cineasta Gustavo :Dahl, que .constantemente, cedia sua residência para reuniões de dirigentes da organização. Dahl fazia parte do .grupo de elementos da denominada "pequena burguesia", particularmente formada de artistas e pseudo-intelectuais, que mantinham ligação com a direção do MR-8.



Em decorrência das prisões de Maria Luiza Garcia Rosa e Lúcia Maria Murat Vasconcelos, a polícia prendeu José Carlos Avelino da Silva, no inicio desse mês, o que levou, também, ao desbaratamento de diversos "aparelhos". Em 8 de abril, Maria Cristina de Oliveira Ferreira, esposa de Alexandre de Oliveira apresentou-se às autoridades. Nesse mês, ainda foram presos, no dia 17, Antonio Ivo de Carvalho e Maria Ângela Carvalho de Oliveira.



Também em abril, César Queiroz Benjamin, o "Menininho", assumiu o CR/BA, esfacelado com as sucessivas quedas de quadros e militantes. Unificou o trabalho realizado em Alagoinhas ao CR, estabeleceu rígidas normas de segurança e determinou que fossem feitos diversos levantamentos para futuros assaltos.



Na madrugada de 6 de maio, 11 militantes do MR-8, comando de Nelson Rodrigues Filho, assaltaram a garagem Nunes em São Cristóvão, roubando 3 Volks e 4 placas.



No dia seguinte, foram presos mais dois membros do GPM, Zaqueu Bento e Manoel Henrique Ferreira. Os militantes presos entregaram dois "aparelhos", e Manoel, inclusive, entregou o "ponto" que teria com José Roberto Gonçalves de Rezende, da VPR, quando este foi preso na Livraria Entre-Livros, em Copacabana. Nas declarações de próprio punho de Manoel, ricas e contundentes, aparece a declaração: "A briga hoje deixou de ser pela revolução. É contra a repressão e pela sobrevivência".



Em 10 de maio, foi presa.mais urna integrante do GPM, Vera Lúcia de Mello Aché. Em fins desse mês, alguns jornais noticiaram a prisão e a morte de Stuart Edgard Angel Jones, nunca comprovadas.



Uma coisa é certa; ele nunca deu entrada no DOI/I Ex.



Em 11 de junho, o assalto ao pagamento dos funcionários do canteiro de obras da Norberto Odebrecht, que construía a Universidade do Estado da Guanabara, no Maracanã, rendia, ao MR-8, cerca de 7 mil cruzeiros novos. Durante o assalto, Sérgio Landulfo Furtado, o comandante da ação, atirou e feriu um operario. Na saída, Dirceu Grecco Monteiro atirou num carro pagador que passava. No tiroteio que se seguiu, Norma Sá Pereira, que também disparara, foi baleada na mão.



Nesse mês e em julho mais três assaltos, rendendo mais de NCr$ 100.000,00 e material de impressão. para a organização. Esses assaltos foram:



- em 30 de junho, à residência do industrial David AdIer, na Avenida Atlântica, roubando cerca de NCR$ 61 000,00 em jóias;



- em, 21 de julho, ao escritório da Organização Ruff da rua Debret, com o roubo de 5 mimeógrafo, 4 máquinas de escrever e dois gravadores eletrônicos de estêncil;



- e, em 24 de julho, ao Super Mercado Mar e Terra, no Rio Comprido, roubando cerca de NCR$ 45000,00.





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