Um quarto de século de guerra fratricida, de fome, de miséria e peste, de milhares e milhares de mortes impunes, em pleno dealbar do século XXI, colocam-nos perante uma horrenda e continuada catástrofe de lesa humanidade. Insensíveis aos apelos de concórdia e de paz, não mais que uma centema de indivíduos tenazmente ambiciosos e sem escrúpulos, têm ludibriado os esforços da política diplomática e traído o seu próprio povo.
Angola é hoje uma inóspita terra queimada, pejada de sangue e sofrimento permanente, sob o jugo de dois líderes devassos e corruptos que se encarniçam sobre o diáfano bolo do poder regado a petróleo e ornado de diamantes. Como irão os angolanos justos e isentos julgar e punir estes dois macábros e demenciais promotores da guerra?
Um dia, quando estas duas hediondas figuras desaparecerem da face da terra, a seguir ao caos humano virá inexorável a herança do seu assassino produto: os vindouros angolanos nascerão completamente afectados pelos genes do desespero, meninos de morte ao peito e ódio nos dentes. Só de pensar que a maioria dos actuais (ir)responsáveis angolanos se instruíram (!) e doutoraram (!) à sombra da bandeira portuguesa, confrange-me, revolta-me, incendeia-me a alma!
Os insistentes argumentos da democracia, como se constata, tem caído sem rebuço em saco roto, com os vértices do MPLA e da UNITA a subsistirem em diabólica paródia. E são estas vis e nefastas criaturas, sentadas sobre uma montanha de esqueletos angolanos, que se atrevem a manchar a dignidade dalgumas personalidades políticas que recusam fechar os olhos à tragédia angolana.
Urge que o mundo se determine e a humanidade se levante quanto antes a pôr cobro definitivo nas piorreias de Eduardo dos Santos, Jonas Savimbi e seus dilectos apaniguados. Vem-me à ideia um dito popular que se lhes aplica em exacta medida: com as tripas duns esganavam-se os outros. Angola é da Humanidade!
Torre da Guia
Nota: Texto publicado no JORNAL DE NOTICIAS / Porto (tiragem 120 mil exemplares em média diária), com ilustração alusiva.