A DESCRISTIANIZAÇÃO
Padre João ModestiUm jornalista italiano, dos mais ilustres, escrevia, vendo a multidão que saía dos subterrâneos das estações do metrô de Roma: “Vendo aquela multidão, escutando suas conversas, a gente vê o aparecimento de novos idólatras, como se estivéssemos na antiga Roma. Somente que os ídolos modernos são menos numerosos que os antigos. São: hedonismo, dinheiro, drogas e esporte”.
Para esses deuses sacrificam tudo, até as coisas mais sérias e sagradas. No coração de cada um está um altar para uma dessas divindades. Menos para a verdadeira Divindade. No início do cristianismo, como, os sequazes de Cristo eram poucos, havia fervor, vontade de conhecer a doutrina do Mestre. Foi-se expandindo. Cresceu e invadiu o mundo. Porém enquanto a quantidade aumentava, diminuía a qualidade de milhões de cristãos, tão somente de nome. Ignoram tudo de Cristo. No seu lugar colocam aquelas divindades já citadas, embora façam questão de se rotularem como cristãos. São os cristãos de estatística de que muitas nações se vangloriam, como por exemplo a nossa. Verdadeiros cristãos, cujo trono principal é ocupado pelo Cristo no coração, são poucos. Há países em que as igrejas foram transformadas em supermercados, garagens, cinemas, enquanto as boates, os estádios, os bancos, os motéis se multiplicam. As poucas igrejas estão quase vazias, ao passo que aqueles lugares estão sempre repletos, faltando algumas vezes lugares para freqüentadores cristãos.
Pobre Cristo! Celebraremos em breve a Semana Santa, quando recordamos o que Ele fez para a humanidade. Mas em vez de Semana Santa é mais chamada semana dos feriadões. Há mais gente nas praias, em excursões, em diversões, nem dignas de um ser humano, do que as que dedicam alguns minutos que seja para prestar uma homenagem ao pobre mártir de Gólgota e lhe agradecer.
Aquelas divindades não permitem. São mais camaradas que o Cristo, pois elas sempre dizem SIM para os nossos instintos mais bestiais, ao passo que o Cristo, porque nos quer ver felizes, algumas vezes tem que dizer o NÃO, partícula nem sempre agradável a ninguém. E temos coragem de dizer: Eu sou o seu seguidor. Que hipocrisia! Que falta de palavra! Que ingratidão!
Na hora da morte será que aquelas divindades nos consolarão ou será o filho da Virgem de Nazaré?
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.