DELINQUENTES E VÍTIMAS
Padre João ModestiNão há dia em que se lê nos jornais ou se ouve nos rádios e TV, notícias sobre roubos, latrocínios, estupros e outras preciosidades do homem animal.
E todos nós nos irritamos contra esses delinqüentes e ficamos cheios de compaixão para com as vítimas. Dias depois outros fatos, novos sentimentos de compaixão, até que nos saturamos e nos tornamos indiferentes com tais coisas. Por que isso?
É porque, depois de certo tempo ficamos com dó dos canalhas porque estão mal alojados nas prisões. A mídia fala da família que deixaram abandonada, dos filhos sem recursos. E as vítimas? Delas somente os parentes e alguns poucos amigos se lembram.
Aliás, estamos em um tempo em que o delinqüente está mais protegido do que a vítima. Diz lá o provérbio italiano: “Chi muore giace e chi vive si da la pace”. E então quando o delinqüente é menor ou finge sê-lo aí a compaixão chega ao máximo. O menor, por pior que seja, é intocável. Tem capacidade de roubar, matar, estuprar e mais coisas perversas, mas é cercado por uma rede de proteção: associações, igrejas, imprensa, governo, grupos internacionais, etc.
Porém a vítima, que muitas vezes era um pai de família, trabalhador e que deixa a família na miséria, para essa não há proteção.
Se o delinqüente é adulto, a lei o protege com tantas garantias (os célebres diretos humanos) que aí daquele que o tocar. Aquele que se defende tem mais dores de cabeça com a justiça do que o bandido. E vivam certas leis derivantes da “CONSTITUIÇÃO DOS MISERÁVEIS”! Então temos que viver enjaulados em casa, cercado de tantas coisas que pensamos que nos defendem (cães, alarmes, guaritas com guardas, etc.). Que trepidação e medo de andar pelas ruas, mesmo na nossa cidade que não é nenhuma capital (aí nem se fala).
O bandido não. Será preso com delicadeza, quando o é, dentro dos cânones das tais leis e depois de certo tempo, por BOM COMPORTAMENTO já está nas ruas com maiores habilidades para o crime, pois na prisão teve ótimos mestres.
Diziam os antigos: “somos servos da lei para sermos livre”. Mas seria a lei feita não com demagogia, para fins eleitorais, mas a lei, fruto de uma consciência bem formada e que sai da mente de um legislador que quer realmente o bem do povo. Haverá leis assim na nossa pátria? Mais uma aberração humana que nos cerca! Vale mais ser mau do que ser bom.
Há mais proteção para o canalha e pouca ou quase nenhuma para o cidadão honesto.
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.