JOVENS E VELHOS

Padre João Modesti



Em todas as épocas sempre houve valores que foram considerados os maiores. Teria sido o sangue (a nobreza), terá sido a força muscular, terá sido a arte, o esporte e assim para frente. Foram ídolos que com o tempo foram rebaixados; quando não esquecidos. Atualmente está na moda a efebolatria, o culto da juventude. Ser jovem é um valor que domina a todos os outros.



Isso acontece em quase todas as instituições, mesmo nas mais reportáveis, com na Igreja e nas congregações.



Ao jovem tudo é licito e tudo o que faz, se é errado tem desculpas, se é certo aplausos. O contrário se dá com os anciãos ou como se diz delicadamente, os da terceira idade. Esses não valem mais nada. São uns trambolhões. Constituem empecilhos para o bem estar da sociedade, atrapalham o andamento de uma família, enfim são seres inúteis que seria bom que desaparecessem. Tanto que já houve em alguns parlamentos europeus propostas de lei para liquidar os velhos quando atingissem certa idade. Essa é uma das amostras da mentalidade moderna não se deve esquecer que a juventude não foi uma conquista sua, mas é fruto da natureza, quer ele queira ou não. Esquece que um dia também ele vai ficar velho; é a natureza da qual ninguém escapa. Somente que vai perceber o valor da velhice quando lá estiver. Verá acúmulo de experiência que têm frutos muitas vezes dos erros cometidos e por não querer seguir o conselho de um velho que já conhecia as conseqüências daquele ato. Esquece que se ele jovem tem alguma coisa o deve aos pais que agora vendo-os velhos, talvez não lhes dê a consideração que merecem.



A própria sociedade, quantas vezes nega um serviço a um da terceira idade e que ainda pode trabalhar. Despreza sua experiência. Muitas vezes o coloca num asilo ou lhe dá uma miserável aposentadoria que não basta nem para comprar os remédios que precisa. Em todas as famílias acontece isso, até nas famílias que se dizem religiosas onde deveria reinar a inteligência e a caridade. Os velhos são uns trambolhões; os jovens são os únicos que sabem fazer, mandar, dirigir, enfim ser o chefe da casa. E ai do ancião que alguma vez queira dar palpite, pois vê as coisas que não dão certo. Surgem os nomes: quadrado, museu, tridentino, já era, etc. Interessante no livro Santo, Deus é chamado o “Antiquus dierum” (Antigo dos dias) é o velho por excelência.





Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.





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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI.