MENDIGOS
Padre João ModestiEmbora todos os homens sejam iguais perante a lei, quando se trata de bens materiais nota-se uma grande diversidade. Há aqueles que nadam em bens materiais, os ricos; e aqueles que nada possuem e vivem somente porque a caridade de outros os ajuda. São os mendigos. Em geral não têm família, ou a abandonaram; outras vezes são assim por deficiência mental; outras vezes ainda por alguma doença, enfim porque acharam que seja a melhor forma de viver, pois o trabalho pesa e nem todos tem vocação para ele.
Apesar de tudo são dignos de compaixão e a ninguém compete emitir um juízo sobre as causas dessa mendicidade. Lemos no Livro Santo, que Deus se compara a um mendigo, quando nos julgar para ver como foi que nós o tratamos.
Algumas vezes podemos negar o auxílio quando se vê que é pura sem-vergonhice, mas em caso de dúvida é melhor ser enganado e dar o nosso grande ou pequeno auxílio, conforme nossas posses. Mas em nenhum caso temos o direito de tratar a quem bate em nossa porta pedindo um auxílio. Vale mais um NÃO com um sorriso bondoso no rosto do que um Sim dado com a face carrancuda. A vida humana está cheia de mistério os quais somente por Deus são conhecidos. E em muitos mendigos há certos mistérios que nós nunca poderemos descobrir.
A maior caridade que poderemos fazer a um mendigo é lhe arranjar um serviço que o tire daquela triste situação. E quando não pudermos dar nada porque estamos desprevenidos ou também não temos nada na ocasião, ao menos uma palavra ou um sorriso de irmão pode e deve acompanhar a nossa negativa. Um dia, em Turim (Itália) na porta da igreja, um mendigo esticava a mão pedindo uma esmola. Uma menina de cerca de 7 anos abriu a sua bolsinha e, nada achando, se aproximou do mendigo e disse-lhe: Não tenho nada para lhe dar, mas dou-lhe um beijo. E o fez. As lágrimas do pobre foram os melhores agradecimentos. E aquele beijo, a melhor esmola.
Não esqueçamos, quando um mendigo bater na nossa porta, do velho provérbio: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”.
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.