Prancha, quase sempre fabricada com fibra de vidro, é o equipamento indispensável para os jovens que praticam o esporte náutico surfismo. O "surf" é mais uma palavra inglesa (anglicismo) incorporada ao vocabulário dos praticantes e comentaristas dessa modalidade esportiva. Os surfistas vivem à cata de praias onde as ondas atinjam alturas consideráveis de 5 a l0 m. Quando as ondas começam a arrebentar formam um túnel, que os surfistas em pé sobre a prancha, percorrem em alta velocidade, sem temer o perigo da arrebentação. Para não perder a prancha nessa louca corrida, prendem-na com corda ao seu tornozelo. Voltando a calmaria, as ondas baixam e o surfista desanima, pois o desafio os impulsiona.
O professor Tomio Kikuchi, presidente do Centro Internacional de Educação Vitalícia, em conferência realizada na Universidade Católica, aqui no Recife, aproveitou a figura da prática do "surf" para dizer que "somos pranchas ambulantes e pegamos as ondas que a vida nos oferece gratuitamente. Quanto mais bravio o mar que navegamos e perigosas forem as ondas, mais resistência adquirimos para transpo-las." E ele meneava o corpo, para imitar os surfistas em atividade sobre as águas. Crise é onda e não existe vida sem crise. Precisamos identificar cada crise que se apresenta, verificando se é de natureza individual, conjugal, política ou de maior proporção. Poderemos transformar cada um tipo de crise em processo de auto-educação. "Quem não tem boa prancha, afunda e se afoga." Acrescentou que um bom exemplo para as crianças é evitar o consumismo, que prejudica a autotransformação. "O dinheiro não é uma boa prancha, porque não dura e se torna pesada. Quem só se interessa por dinheiro não vive sossegado e não aumenta sua autoconfiança." - completou.
O prof. Kikuchi lembrou que a "crise ecológica é a pior, porque ninguém escapa. É muito pior do que uma guerra convencional. A guerra ecológica atinge realmente proporções mundiais e não há barreira capaz de deter seu avanço." E esse é o cenário previsível que aguarda a humanidade no novo século. Nada de "paz e amor", mar de rosas ou felicidades sem fim como apregoam alguns lunáticos ou aproveitadores da boa fé das pessoas crédulas. Portanto, para ultrapassar crise tão violenta, precisamos vencer inicialmente as crises individuais, tais como: crise gastronômica, hepática, cardíaca, renal, respiratória e síndrome do pânico. Para debelar esta última as pessoas recorrem a anti-depressivos sem resultado, como aconteceu recentemente com uma médica, que solicitou a ajuda do prof. Kikuchi para se livrar do pânico que a atormentava.
Já o ex-governador do estado do Espírito Santo, Vitor Buaiz, comenta que "a palavra crise vem do sânscrito e significa limpar, purificar. Crise, portanto, deve significar a possibilidade de darmos um salto no sentido evolutivo da vida. Não existe vida sem crise." Buaiz acrescentou: "A condição básica indispensável para o enfrentamento de crises é o cotidiano condicionamento para o autocontrole. Somente preparados para enfrentar crises podemos descobrir nossa própria capacidade e o potencial oculto no interior de cada ser humano. Os que imaginam uma vida sem crises vivem num mundo ilusório e não atingem a maturidade necessária para assumir responsabilidade em qualquer nível. Crise é estímulo, é desafio, é vida e oportunidade de transformação" - concluiu.