RESPEITO HUMANO
Padre João ModestiTodos nós admiramos a pessoa que é coerente com os princípios que professa e que não há nada que os faça mudar de idéia. Poderemos não aprovar as idéias por ele defendidas, mas a admiração permanece. Quantas dessas pessoas não conhecemos através da historia e talvez também por conhecimento pessoal.
Muitas delas sofreram e sofrem por causa disso. A história revela milhares desses nomes em todos os campos: religiosos, políticos, social etc.
Alguns até deram sua vida para defender essas idéias. Outros passaram por exílios, tribulações e sofrimentos de toda a categoria.
Porém o que causa enjoo ou asco são aqueles que não têm firmeza em seus princípios. São verdadeiros covardes. Têm vergonha de se mostrarem seguidores daquela doutrina, daqueles princípios e, ante à menor ameaça, renunciam a tudo o que pensavam e abraçam o que lhes é proposto. Têm vergonha de serem tais. No campo religioso e no campo político isso é muito comum. A coerência permanente é um dom precioso assim como a covardia é algo asqueroso.
Lembra-me um fato acontecido na Universidade de Turim. Um dia o professor entra em aula. Vai lecionar filosofia. E para começar diz: “Antes de tudo quero demonstrar a não existência de Deus. E se no fim do ano se houver alguém que ainda acredita, este é um grande imbecil”. Há silêncio na sala, quando uma mão levanta e um aluno diz: “Professor, quero avisá-lo que no fim do ano esse imbecil sou eu”. Era um jovem de caráter adamantino, convicto de sua fé e sem temor de proclamá-la em público. Fenômeno contrário. Após a guerra num tribunal alguém é acusado de ter sido um verdadeiro carrasco num campo de concentração. Acusado, nega terminante e para demonstrar isso arranca de seu uniforme a cruz gamada, cospe nela e inventa que fora forçado, mas que nunca abraçara aquela ideologia do nazismo.
Mostram-lhe o livro que escrevera elogiando, endeusando seus chefes. Somente se ouvem vaias no tribunal e ao ser conduzido para sua cela recebe apupos, objetos, cuspidelas contra si. Era a falta de coerência. Era covardia, algo que merece e sempre o repúdio de qualquer pessoa normal.
Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua mansidão, não recusa em dizer aos covardes: “Quem me negar perante os homens, eu o negarei perante o Pai celeste”. É a suprema condenação do respeito humano ou covardia, como você queira chamar.
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.