Usina de Letras
Usina de Letras
14 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63229 )
Cartas ( 21349)
Contos (13301)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3248)
Ensaios - (10681)
Erótico (13592)
Frases (51750)
Humor (20177)
Infantil (5602)
Infanto Juvenil (4946)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141310)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6355)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->VIAGEM À ESPANHA (parte cinco) -- 17/11/2009 - 17:49 (Divina de Jesus Scarpim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chegou o dia do aniversário do Daniel e fizemos uma festa aqui no apartamento. Foi a primeira festa de que temos notícias que foi feita sem que o aniversariante estivesse presente, e orgulho-me à beça de dizer que a idéia foi minha. O peculiar dessa festa é que foi além de tudo uma confraternização entre três diferentes nações. Convidamos dois franceses que trabalham com o Nêgo, um deles com a esposa, a proprietária do apartamento com o marido e a corretora que nos alugou o mesmo, os três espanhóis e quatro dos brasileiros que trabalham também com o Nêgo, dois deles com mulher e filhos. No final das contas o resultado foi que cantamos parabéns para o Daniel em três línguas, bebemos, comemos e nos divertimos bastante. Fiquei muito satisfeita com o resultado da festa.



E chegou em seguida o dia de o Daniel chegar à Espanha. Mas antes teve um feriado aqui e nós fomos passear um pouco. Chegamos até o Mediterrâneo. Foi assim: saimos daqui no domingo pela manhã e pegamos a pista em direção a Madri. No caminho paramos em um castelo que vimos na beira da estrada e o fotografamos. O Nêgo foi pedir informações a um homem que estava lá na frente do castelo e descobriu que ele não estava aberto à visitação pública porque é usado como silo. Seguimos em frente e desviamos do caminho de Madri para ir até Manzanares El Real, um lugar que tínhamos visto em um pequeno livreto turístico informando que havia um castelo, pela foto e pelo comentário o castelo nos chamou a atenção e resolvemos parar lá para vê-lo. Erramos o caminho e acabamos subindo um morro nevado onde as pessoas estavam indo para esquiar. Como resultado conseguimos ver a neve bem de perto, aqueles montinhos de gelo no meio do mato parecendo muito com espuma de sabão. Não descemos do carro mas deu para fazer uma idéia de como estava a temperatura pelas roupas que as pessoas que passavam por nós estavam usando, mal se podia ver-lhes os olhos.



Chegar a Manzanares depois de retomar o caminho certo foi uma grata surpresa. O lugar é lindíssimo, uma típica cidadezinha daquelas que a gente só vê em pôsteres de belas paisagens ou em calendários. Os morros de pedra cobertos de neve, as árvores amareladas e as casas de pedra lindas e limpas no vale coberto pelo sol. Coisa de se não acreditar que possa existir. E o castelo maravilhosamente imponente dominando a fantástica paisagem. Na cidadezinha paramos em uma praça grande e sentamos em uma mesa na calçada de um bar onde tomamos uma cerveja enquanto comentávamos a maravilhosa impressão que tínhamos do local e planejávamos o que fazer e como incluir esse lugar no passeio que pretendíamos fazer com o Daniel assim que ele chegasse.



Eu havia visto na televisão a propaganda de um filme que me pareceu ser “O Senhor das Ilhas” e ia começar daí a pouco, não dava tempo de chegar até Madri, alugar um hotel e ver o filme, por isso resolvemos perguntar ao garçom que nos atendia se havia algum hotel por perto. Ele disse que bastava virar a esquina à nossa direita. Terminamos a cerveja e seguindo a indicação, a poucos metros do bar encontramos um delicioso, aconchegante e agradabilíssimo hotel onde havia apenas um único quarto sem ser alugado, estavam esperando por nós! Subimos e ficamos no quarto para ver o filme, descobrimos que não era o que pensávamos mas simplesmente um outro filme meloso que usava o mesmo ator e tema semelhante sem ter nada do valor do outro. Descemos e jantamos no restaurante do hotel depois de dar uma caminhada pelas ruas da cidade. Estava muito frio mas que delícia estar ali!



No dia seguinte, depois de tomar o café da manhã saímos andando pela cidade e chegamos até perto dos morros de pedra e passamos por um pequeno riacho de águas extremamente límpidas e sussurrantes. Caminhando pelas pedras chegamos a pisar em gelo. Não nevava, o sol brilhava e o céu era todo um azul mas estava bastante frio, bastante para que nos pontos onde a sombra escondia um pequeno gramado atrás de uma enorme pedra, as folhas estivessem brancas e endurecidas pelo gelo. Terminamos nosso passeio e pegamos o carro para ir até o mediterrâneo. Passamos quase que o restante do dia todo no carro, descemos apenas em Valença para almoçar e depois um pouco na praia para ver e fotografar um pouco o mar e a areia negra do mediterrâneo, depois pegamos o carro e voltamos a Manzanares El Real. A cidade de Valença não nos impressionou nada, é claro que em uma passada de carro por algumas ruas de uma cidade não se tem conhecimento digno de confiança para que se possa emitir uma opinião que seja respeitável e digna de reparo a respeito da cidade, mas o que nos pareceu é que Valença é uma cidade grande, com prédios e lojas, e carros e ruas movimentadas como qualquer cidade grande que já se tenha visto. Não tem, pelo menos nós não vimos, nada do que nos atrai em um lugar: casas de pedra escurecidas em ruas estreitas e antigas e com uma ou outra ruína ou qualquer outra marca de povos antigos que nos façam pensar na História e estremecer de curiosidade sobre como teria sido e como teriam vivido as pessoas naquele mesmo lugar.



Quanto à praia nada de especial também, para a nossa visão. Samil é muitíssimo mais bonita. Lá, além da areia escura, embora bastante fina, ao contrário do que parece ser só com olharmos para ela, não há árvores e sombra, apenas bares e restaurantes e areia e sol e água, é enfim o tipo de praia que não agrada muito a pessoas muito brancas como eu, avessas à “lagarteação” ao sol e que sentem necessidade de uma sombra por perto.



Quando chegamos novamente a Manzanares já era tarde da noite e entramos em um restaurante à beira da estrada onde comemos um peixe muito gostoso antes de irmos à cama.



Acordamos no dia seguinte e saímos do hotel com o propósito de ir até Madri, pelo menos o Nêgo tinha esse propósito, eu, confesso que não estava nem um pouco entusiasmada pelo passeio. Se Valença não nos atraiu por ser apenas uma cidade grande, eu não conseguia imaginar porque Madri nos atrairia sendo ela uma cidade ainda maior, Se os próprios espanhóis se cansaram de nos dizer que "No hai nada que ver em Madri", para mim o passeio carecia totalmente de sentido. Mas o Nêgo estava empenhado em ir até lá e quando eu lhe perguntei diretamente por que queria ele ir até Madri me respondeu que era para que pudéssemos nos localizar e sabermos como nos mover lá quando fosse buscar o Daniel, ou seja, a preocupação dele era que eu não tivesse problemas já que estaria sozinha em Madri na manhã de sexta feira. Então eu lhe disse que não via motivo para essa preocupação, que não fazia nenhum sentido pensar que eu pudesse me atrapalhar tanto ao ponto de não conseguir chegar da estação ferroviária ao aeroporto sem ter estado na cidade antes quando para isso bastaria pegar um taxi. E, felizmente me ocorreu o argumento indiscutível e inquebrantável, quando ele disse que seria interessante irmos ao museu do prado, eu disse: A mim, me parece um crime alguém se enfiar dentro de um museu, por maior e mais maravilhoso que seja, com um sol desses e uma paisagem dessas do lado de fora. VITÓRIA!!! Como rebater um argumento desses? Estava lá, sobre nossas cabeças o mais lindo céu azul, o mais brilhante, embora frio sol e diante de nossos olhos se esparramava a mais bela e estonteante visão da natureza. Como desprezar isso tudo? Que obra do homem pode competir com a perfeição da Natureza? Ganhei. Fizemos meia volta e saímos a caminhar pelas ruas e caminhos dos arredores da cidade, bebendo a paisagem pelos olhos e o ar gelado e limpo pelo nariz, as bocas abertas de espanto e sorriso e o coração leve como de crianças. Passamos um dia lindo e na manhã seguinte pegamos o caminho de volta para Vigo e nosso aconchegante apartamento.



Isso foi na quarta-feira à noite, na quinta às dez e quinze eu peguei o trem sozinha para ir até Madri buscar o meu filho que, mais ou menos nesse mesmo horário estava levantando vôo em São Paulo para atravessar o oceano e chegar a Madri à uma da tarde. Passei a noite toda cruzando os dedos e rezando para que tudo desse certo, sentada em um banco que seria confortável para pequenas viagens mas que não o era para se passar uma noite toda. Fui até a cafeteria que havia dois vagões à frente para telefonar para casa e saber que ele tinha viajado sem problemas e uma das vezes também para tomar um copo d`água. Cheguei a Madri ainda estava escuro e não era oito horas da manhã, andei um pouco pela estação fazendo uma espécie de reconhecimento e, depois de sentir que o metrô era algo um pouco mais complicado do que o que eu estava com paciência e tempo para decifrar, pequei um taxi e fui até o aeroporto. Lá descobri o banheiro e a cafeteria que estava precisando encontrar, tomei um café da manhã razoável, comprei uma revista e fiquei lendo e esperando que aparecesse na tela o número do vôo do meu filho e por qual portão ele chegaria. Apareceu pouco antes do horário de chegada, o aviso era de que chegaria pelo portão dois e o vôo estava no horário, plantei-me diante do portão e fiquei esperando. O danadinho, para variar, demorou mais do que eu esperava, quando eu já tinha sentido o coração pular de preocupação ele chegou. Havia demorado mais porque resolveu ir ao banheiro antes de sair. Foi uma emoção daquelas que não se descreve abraçar e beijar meu filho novamente depois de três meses de ausência. Pegamos um taxi e, depois de ter sido devidamente "roubada" pelo motorista que me tratou um preço e depois cobrou outro, chegamos até o hotel em Manzanares. Lá almoçamos, visitamos o castelo e ficamos no quarto horas e horas conversando antes de descermos para jantar e depois subir novamente para conversar mais um montão até que o sono venceu, o Daniel dormiu e eu estava quase fazendo o mesmo quando bateram na porta e era o Nêgo. Dormimos e no dia seguinte depois do café fomos para Toledo.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui