E um dia tivemos que voltar a Madri para deixar nosso filho no aeroporto de onde ele partiria de volta ao Brasil depois de passar um lindo mês inteirinho com a gente. Naquele dia meu coração ficou tão apertado que parecia ter tomado o tamanho de uma azeitona e, depois de vê-lo desaparecer pelo portão de embarque as lágrimas seguradas com tanta valentia se escaparam todas e ganhei o abraço e o “Sua bobona” dito pelo meu marido com voz embargada por aquele nó que nele não chegou a virar lágrimas, e eu chorei por nós dois.
Mas horas depois falamos com ele por telefone e ele estava novamente em terra, em casa junto da minha família que o recebeu saudosa e estava feliz. Meu peito se foi aliviando e pudemos passar o dia seguinte em Madri. Era domingo e a entrada no Museu do Prado era gratuita, fomos até lá e ficamos na fila durante uns dez minutos pensando e conversando sobre o que era mais lógico, racional e gostoso de fazer. O dia estava lindo, a temperatura agradavelmente fria, a cidade toda convidativa e a fila enorme, mas estávamos no Museu do Prado, um dos mais famosos do mundo, perderíamos a oportunidade de entrar? Sim, perderíamos! Saímos da fila aliviados e passamos o dia todo caminhando pela cidade e curtindo suas ruas, suas belezas, seu charme. À noite voltamos para Vigo.
Num outro fim de semana fomos a Segóvia. Nossa, adoramos Segóvia! O castelo que tem lá é lindo! O Nêgo gostou muito da visita ao interior do castelo mas ficou, diante do aqueduto, parecendo uma criancinha que ganhou um brinquedo novo; ele tem fascínio pela história dos romanos e aquele aqueduto é fantástico, a inclinação quase imperceptível, a altura imensa, a montanha de pedra e de tecnologia necessária para construir aquilo, a idade dele! Segóvia foi um acampamento militar dos romanos, por isso não tem o que o Nêgo chama brincando de “Kit Romano”, ou seja, o teatro, a arena, o fórum, as termas; aquele conjunto que se encontra sem grandes variações em todas as antigas cidades que foram possessão romana. Segóvia não era uma cidade, era um acampamento militar...
Outro fim de semana fomos a Ávila e achamos a cidade muito legal embora tenhamos nos decepcionado um pouquinho com o fato de que não se pode caminhar pelas muralhas pelo alto e em toda a sua extensão circundando toda a cidade como fizemos em Lugo, mas as muralhas são lindas, muito altas e parte delas é “caminhável”, a cidade em si é muito passeável e tem também, como todas as cidades medievais importantes, sua imponente e imensa catedral. Mas tive uma outra pequena decepção quanto a Ávila: Falava-se muito nos famosos “pasteis de Santa Clara” e eu fiz questão de comprar uma caixinha deles e levar comigo para Vigo, são docinhos redondinhos e bem bonitos arrumados em forminhas charmosas, mas o sabor não me impressionou muito não. Achei a respeito dos tais pasteis que a fama é muito maior do que o merecimento. Enfim, é provar, afinal, gosto é gosto e cada um tem o seu...