Luiz Roberto Turatti*
Dona Benedita Evarista Henrique casou-se com José Elpídio Henrique, primos consanguíneos. Dessa relação nasceram oito filhos, sendo que cinco, infelizmente, com certa deficiência física e até neurológica, e o Zinho era um deles. A guerreira mãe Dona Benedita faleceu grávida muito jovem, aos 28/12/1964,
com apenas 39 anos, de Doença de Chagas, e o pai José em 02/01/1993, com 71 anos.
Luiz Roberto Henrique, carinhosamente chamado pela família, por nós vizinhos e mais próximos, por “Zinho” (outros o chamavam de “Lica”), era amigo de todos de minha época, ou seja, os cinquentões de hoje. Participávamos diariamente do festivo Oratório São Luiz, dirigido pelos padres salesianos, próximo de onde morávamos, onde havia muita recreação e no final formação e oração.
Zinho andava de bicicleta com certa dificuldade e até levava as irmãs menores, Regina e Carla, a passear nas proximidades. Tinha verdadeira paixão por animais, especialmente equinos. Certa vez comprou uma égua e uma carroça, pois não tinha equilíbrio suficiente para montar e cavalgar, o que mais desejava, naqueles tempos dos filmes de bang-bang. Eventualmente vestia-se de cowboy, com camisa, jaqueta de couro, calça, cinto, polainas e chapéu, característicos. Atrelar seu cavalo à carroça e passear pela cidade com os irmãos e amigos era o seu xodó. Sozinho cuidava, escovava e alimentava sua égua como ninguém.
Nos anos 1970, certo dia, Zinho surpreendeu e apareceu em casa com uma televisão, então a primeira da família.
Foi uma grande festa!Sempre alegre e sorridente Zinho brincava com todos. Nada de suas dificuldades o intimidava de viver, muito pelo contrário, ele as desafiava, as enfrentava como pouquíssimos, com uma força de vontade, invejável, todavia, com o desenvolvimento geral e natural do corpo, lamentavelmente seus membros foram se atrofiando a cada dia, até que caiu de cama.
Seus outros irmãos: o Sérgio (Coutinho), a Benedita (Ica) e a (professora de Geografia) Carla, também tinham dificuldades de locomoção e sofriam muitas dores, por vezes demasiadamente sofríveis, e morreram em pouco tempo, respectivamente, aos 50, 49 e 42 anos.
No último sábado, 14/11, depois de aproximadamente
30 anos acamado, o nosso Zinho veio a falecer de problemas renais aos 56 anos de idade. Que exemplo de vontade de viver e de Fé, para todos nós... Zinho, depois de ter seu corpo encomendado pelo salesiano Padre Benedito Luiz da Costa (do Oratório São Luiz) foi sepultado às 16h30, em jazigo da família no Cemitério Municipal de Araras, num cortejo de parentes próximos e de amigos.
Zinho deixou a filha Angela e 4 netos, além dos irmãos Hélio (Zulu), Maria Helena (Leninha), José Elpídio Filho (Zezinho) e Maria Regina.
É mais um amigo que se vai e nos deixa saudades dos bons e velhos tempos de infância. Não tenho palavras para expressar minha admiração por essa família que, apesar de humilhada e sofrida por doenças, pobreza, preconceito, é
unida ao extremo, principalmente nos momentos mais difíceis. Nada disso os abala, até hoje. Todos eles merecem nossos aplausos sinceros.
Vá com Deus, meu amigo Zinho... um dia estaremos juntos na Eternidade.
* ararense e amigo da família
Fonte: TRIBUNA DO POVO/Artigos, Araras (SP), Quinta-feira, 19/11/2009, Página 2A.
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Convite de Missa
A família de
LUIZ ROBERTO HENRIQUE
convida para a Missa de 7.º Dia de seu falecimento, que será celebrada nesta sexta-feira, dia 20 de novembro, às 19h00, no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em Araras (SP), pelo que antecipadamente agradece a presença de todos.
Fonte: TRIBUNA DO POVO, Araras (SP), Quinta-feira, 19/11/2009, Página 12A.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.