Mais precisamente: acho que a seleção brasileira de futebol (uma equipe esportiva, não um país) perdeu a copa do mundo de 1998 na hora em que o técnico Zagallo cortou Romário e convocou Emerson para seu lugar.
E em 2002, a seleção começou a ganhar a copa quando Emerson foi cortado, na véspera, por ter se machucado jogando de goleiro numa atividade recreativa durante os preparativos da equipe.
Nunca vi grande brilhantismo em seu jogo, de regularidade e marcação forte, no Grêmio e nos muitos clubes de elite em que jogou na Europa. Não me apetece, e havia vários outros jogadores do mesmo estilo disponíveis. Nunca entendi o burburinho causado pela menção do nome de Emerson por técnicos, cartolas e corneteiros de plantão. E continuarei sem entender, como outras tantas coisas incompreensíveis (Gilberto Silva titular da seleção, tantos anos após seu apogeu no Galo mineiro?)
No entanto, no apagar das luzes de sua carreira no futebol, já de volta ao Brasil pelas mãos de seu amigo, o técnico Luxemburgo...Situação complicada. Eis que...Me surpreendo positivamente com Emerson.
E veja só, não dentro de campo (só jogou meia dúzia de jogos, discretíssimos, eu diria, como sempre, pelo Santos). A lição que ficou não é de acompanhar o adversário incansavelmente.
O volante Emerson afirmou que pediu por conta própria para rescindir o contrato que tinha até o final do ano com o Santos, por não achar justo receber salários sem atuar. O atleta passará por uma cirurgia na tíbia esquerda e não atuará mais este ano.
"Como faltam apenas três meses para o fim do Campeonato Brasileiro, não achei justo seguir com meu contrato em vigor e nem continuar recebendo salário sem jogar. Conversei com (o técnico Vanderlei) Luxemburgo e com o presidente (Marcelo Teixeira), eles entenderam e aceitaram meu pedido", afirmou o jogador, através de nota para a imprensa.
Pois é.
Emerson e o Santos sabiam das condições físicas do primeiro? Sim. E mesmo assim apostaram? Sim.
É legal receber sem trabalhar?
Sim. Para lá de legal.
A atitude de Emerson é que destoa do script.
Fica a lição para nossos representantes para além das quatro linhas do campo. Estes que não foram selecionados pela natureza ou pelas divindades, mas que estabeleceram um vínculo contratual com nossos cidadãos.
Se não atua, não é justo receber...
Isso sim é tremendamente legal. E a iniciativa parte dos próprios, não dos representados.
Ainda mais em fins de legislaturas, no apagar das luzes de mais um capítulo de nossa história (ainda) sem fim.