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Artigos-->O jornalismo esportivo virou piada -- 10/05/2010 - 18:02 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No ano passado, a Rede Globo resolveu mudar a proposta do telejornal Globo Esporte. Aboliu o teleprompter, recurso usado para ler textos sem desviar os olhos da lente; tirou a câmera do tripé estático e a fez andar pelo estúdio; escolheu âncoras que tivessem um jogo de cintura maior e certa tranquilidade para improvisar. O resultado foi interessante. Depois de uma fase de batidas normais de cabeça, com matérias entrando fora de hora e câmeras perdendo foco, a proposta parecia ter se encaixado bem com o dinamismo e a relativa informalidade do jornalismo esportivo. Na imprensa escrita, o diário Lance já havia mostrado que leveza e colorido na cobertura da rodada não faziam mal e nem tiravam a credibilidade necessária a um órgão de imprensa.

As mudanças implementadas por esse projeto da Globo, claramente desenhado para conquistar mais espectadores na faixa dos 12 aos 25 anos, eram formais e também de conteúdo. A ideia parecia ser, quanto ao conteúdo, afastar-se um pouco do compromisso com a informação objetiva e aproximar as reportagens e comentários das crônicas autorais. Na parte formal, não fazia muito sentido mesmo um apresentador sentado na bancada para introduzir os lances de um clássico ou o resumo da corrida de F1. A mobilidade e a agilidade eram uma boa opção para cobrir eventos movimentados e ágeis. No Rio, Glenda Koslowsy comanda um programa que faz exatamente isto: move-se em direção ao entretenimento, mas mantém a noção de que, antes, é jornalístico. Em São Paulo, no entanto, a turma do Tiago Leifert resolveu montar acampamento muito além da linha que separa os programas jornalísticos dos humorísticos.

Quem assistir ao GE-SP de um sábado qualquer, por exemplo, esperando por notícias importantes sobre a rodada, com dados e informações que sirvam para formar opinião sobre as possibilidades de um time ou de outro, por exemplo, corre o risco de ficar frustrado. Se estivéssemos falando de jornalismo bem humorado, as informações viriam em tom e embalagem menos carrancudas, mas viriam. No GE-SP, elas nem sempre vêm. As piadas, vinhetinhas, concursos, chacotas e desafios, esses sim, aparecem aos montes.

Já aconteceu comigo: assisti ao programa para saber sobre os detalhes de um jogo do Campeonato Paulista e fiquei sabendo da vida do lateral Dodô, do Corinthians, em matéria que comparou sua cabeleira a de outro jogador chamado de “deus do amor”, Nei Paraíba. Tempos atrás, o programa cobriu o casamento desse mesmo Nei, no interior não sei de que Estado. Se essas são notícias importantes para o esporte, não sei o que está sendo veiculado nos programas de fofoca.

Fazer humor usando o esporte é uma boa ideia. A televisão brasileira já teve exemplos de iniciativas bem sucedidas com essa proposta. Recentemente, o canal Sportv, da mesma Globo, fez o Pisando na Bola, com algumas edições divertidas, embora com um tom carioca bairrista. Era humor. Não era jornalismo. O problema não é o GE-SP ter virado programa de humor. O problema é que a Globo se esqueceu de anunciar a mudança aos espectadores, às agências de propaganda e aos anunciantes.

Talvez seja apenas uma fase, do tipo “quem nunca comeu melado...”. O mais provável, porém, é que a Globo tenha percebido algo que parece mesmo consolidado: a televisão não tem como competir com a Internet na difusão e repercussão de notícias. Ao menos na cobertura esportiva, que briga até com o Twitter de técnicos, dirigentes e jogadores, já que ela nunca vai dar um furo, melhor, então, contar piada. Será que essa derrota vai ser assumida também nas outras editorias?



*Publicitário e professor de língua portuguesa. Quer saber: qual foi o primeiro jornal de esportes de TV brasileira?
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