O processo de construção das candidaturas é parte fundamental da política democrática.
A construção da candidatura Dilma é preocupante do ponto de vista da democracia.
A candidatura Dilma é fruto direto do mensalão de 2005.
O mensalão abateu a proeminência de José Dirceu, chefe da Casa Civil e considerado `operador` do esquema pelo processo que corre no STF.
Como desdobramento do mensalão, Antonio Palocci, considerado o herdeiro "natural" do
governo Lula, perdeu seu posto no governo e
caiu em desgraça perante a opinião pública.
Marta Suplicy, outra candidatura "natural", foi derrotada nas urnas pela reeleição à prefeitura de São Paulo em 2006. A derrota para José Serra esvaziou o balão de ensaio de sua pré-candidatura.
O esfacelamento do PT e o vácuo de coordenação
política do primeiro governo Lula foram resolvidos da mesma forma. Das entranhas da máquina do governo a ministra Dilma Roussef se tornou a articuladora política e a "resposta" ao mensalão.
Posteriormente, sua candidatura foi empurrada goela abaixo do partido por um desejo do presidente.
Não foi construída por movimentos sociais, não refletiu uma trajetória de destaque em debates políticos relevantes de âmbito nacional.
A candidatura de Dilma veio de pára-quedas, direto da tecnocracia do primeiro mandado de Lula, artificialmente alimentada pelo presidente.
A história política de Dilma não está sendo levada em questão em 2010. Sua luta contra a ditadura (real) nem aparece. O que aparece é sua liderança em políticas sociais (farsa).
A candidatura Dilma não é apenas uma peça de propaganda, possibilitada pelo mensalão e pelo segundo mandado do presidente Lula.
É um evento central do próprio governo, e da consolidação do Lulismo no seio do petismo.
Mas isso é democraticamente questionável. Apesar de não estar sendo questionado.