A Copa do Mundo mexe com nossos sentimentos. A rotina dos brasileiros se transforma nesse período, o país veste verde e amarelo e o coração bate mais forte. O assunto é a bola, chuteira e os complicados esquemas de jogo dissecados exaustivamente por entendidos e não entendidos em futebol.
Na Copa da África do Sul, o penteado da moçada e as camisetas “baby look” dos africanos também fizeram parte dos comentários femininos. Um reles confronto entre Coréia do Sul e Grécia proporciona acalorados debates e minuciosas análises nos programas esportivos no cair da tarde noite adentro.
Durante a execução do hino nacional sentimos uma enorme emoção. As lágrimas mostram nosso sentimento pátrio, principalmente, na parte que diz “sirvam nossas façanhas”. Opa!!
Vou refazer a frase. Não quero passar como reacionário do sul do Brasil e adepto do estilo Dunga de beira do campo. Então, as lágrimas mostram nosso mais profundo sentimento pátrio, principalmente, na parte que diz “conseguimos conquistar com o braço forte”. Vibramos pelo Cacau da mesma forma que vibramos pelo Kaká, pouco importa se um deles é um “ex-brasileiro”.
O envolvimento com a Copa vai além do que supomos imaginar e pode se refletir na vida de uma pessoa. Uma conhecida amiga, ostentando a gravidez de nove meses, estava em dúvida sobre a escolha do nome da menininha que estava por chegar. Janaina Jabulani, Maria Vuvuzela, ou Bafana Beatriz. Eram as opções da faceira mamãezinha. E eu pensando na formatura da guria no momento de ser anunciado o nome da formanda. “Bafana Beatriz, recebei esse anel como símbolo do grau que vos confiro”. Coitadinha!
Num primeiro momento pensei em se tratar de uma brincadeira da futura mamãe. E sugeri alguns nomes que foram, prontamente, rechaçados.
O primeiro foi Maria Sokratis Papastathopoulos que foi, peremptoriamente, recusado. Então, quem sabe, para homenagear a África e a Copa poderia ser Maria Mandela. Tentei argumentar sobre o mito Nelson Mandela... simplesmente balançou a cabeça negativamente. Maria Fabulosa ficou fora de cogitação. Ela só disse “África!”. E bateu com o dedo na cabeça como quem diz “entende?”. Maria Podolski? Não! Não gostava de alemães. Povo muito frio.
Como o rumo da prosa estava ficando sério, então, numa derradeira tentativa de sugerir algo mais decente, sugeri colocar o nome da bisneta de Mandela. A garota faleceu em um acidente automobilístico no dia da abertura da copa.
Maria Zenani! Para minha surpresa ela achou o nome lindo. Zenani era bem africano. Esse seria o nome da filha. E eu me despedi da conhecida com a sensação do dever cumprido. Maria Zenani Costa da Silva poderá formar-se tranquila. E ainda teria história para contar.