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Artigos-->CASTIGO PARA OS PAIS -- 27/07/2010 - 19:27 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CASTIGO PARA OS PAIS



Esta semana fomos surpreendidos quando o boleto do cartão de credito chegou.

Descobrimos que nosso filho de dez anos realizou compras de pontos em jogos eletrônicos, sem o nosso consentimento.

Ficamos irritados, não pelo dinheiro, ele é um bom menino e até este dia, era totalmente confiável, nunca poderíamos imaginar que faria tal coisa.

Mas fez.

Está de castigo.

Eu não sei se o castigo dói mais nele do que em nós.

E fico perguntando...

Será que ele merece mesmo o castigo?

Acho que nós, os pais é que deveríamos ser castigados.

Por excesso de confiança ou comodismo, não nos preocupamos em acompanhar a sua navegação pelo espaço cibernético.

Ainda bem que ele nem sabia como funcionava o cartão de credito e a cobrança veio.

Ele tem apenas dez anos.

Isto cobrou das nossas consciências mais compromisso com aquilo que os nossos filhos estão fazendo.

Colocamos regras para ele voltar a ter acesso ao computador e com certeza ainda dá tempo de resgatar o bom menino que sempre foi.

Quantos jovens estão perdidos nos labirintos da tecnologia, e se aconchegando apenas no colo da placa mãe?

Quantos jovens estão deixando sua inteligência se prender na mediocridade dos jogos virtuais que nada constroem?

E nos preocupamos somente com as drogas vendidas pelos pobres e ricos.

E nos preocupamos com a violência das esquinas.

Neste episodio, a droga se chama tecnologia.

Neste caso a violência são as lutas e disputas virtuais que embrutecem nossos filhos.

Estamos perdendo nossos filhos para um mundo virtual.

Que é real.

Que fica do outro lado da parede e que por ironia do destino sua peça principal se chama Placa Mãe.

Parece que eu estava antevendo este episodio quando escrevi o texto: PLACA MÃE NÃO GERA FILHOS.

Mal sabia que meu caçula estava sendo engolido pela memória Ram de uma maquina sem vida.

Vida.

Que alguns dizem estar melhor com o avanço da tecnologia.

Que destroem famílias quando um ente querido prefere se fechar dentro de um quarto e dentro de si mesmo, na frente de uma tela colorida.

E a vida se transforma em preto e branco.

Acaba o colorido das conversas, das piadas e dos abraços.

Que venham todas as tecnologias.

Mas que nenhuma máquina substitua o ser humano e jamais seja programada para dizer mecanicamente: Eu te amo.

Todo pai que não percebe que seu filho está sendo raptado por um computador merece ser castigado.

Eu fui castigado.

Aprendi a lição.

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