O cara nasce pobre. Recebe as oportunidades, as messes que poucos conseguem e aí se transforma em machão. Da pobreza humilde se metamorfoseia em um deus carnal e dá início a uma vida de violências. A impunidade é uma “virtude” brasileira, que protege os maus em detrimento dos cidadãos de bem. É, na verdade, uma pátria amada pelos criminosos e pelos ricaços, principalmente quando esses ricaços nascem pobres. Os bandidos brasileiros são como os nazistas: espancam, matam, roubam e estupram. É o que mais gostam de fazer e já é comum em nossa sociedade as notícias sobre tais violências. O incomum é a falta de tais notícias. Matar mulheres está muito na moda. O tal Bruno, ex-goleiro do Flamengo, empanturrado de dinheiro é um matador de mulheres. Se ele matou, ou mandou matar Elisa Samudio, uma jovem mulher, modelo, apenas porque ela teve um filho com ele, então com certeza deve ter matado um monte de outras jovens mulheres. Tais crimes ocorrem porque nossas leis continuam fajutas e dão ao criminoso o direito de viver bem na cadeia às nossas custas, recebendo em muitos casos até um salário bem melhor do que o salário mínimo, vivendo às vezes em liberdade, mesmo sendo um perigoso assassino. O caso Elisa é papel carbono do caso Mercia e infinitos casos que nós jamais saberemos. Tudo isso porque nossas leis são fogos de artifício. A criminalidade no Brasil virou profissão. E o que assistimos é a falta de punição mais severa quando a justiça não possui ao seu alcance leis mais duras, leis de Talião e não essa palhaçada brasileira, quando o assassino é paparicado e o menor tem direito de matar. Muita gente foi morta por menores e toda essa gente não foi considerada pela Justiça e o menor saiu ganhando, muitos continuaram no crime.
Elisa Samudio foi assassinada com métodos de crueldade pelos algozes como sombras nazistas ao espancar e matar judeus. Jesus de Nazaré, comentando sobre as mulheres disse: "Quase sempre não é a mulher que se perverte a si mesma: é o homem que lhe destrói a vida. A lei antiga manda apedrejar a mulher que foi pervertida e desamparada pelos homens; entretanto, também determina que amemos os nossos semelhantes, como a nós mesmos, e o meu ensinamento é o cumprimento da lei, pelo amor mais sublime sobre a Terra. Poderíamos culpar a fonte, quando um animal lhe polui as águas? De acordo com a lei, devemos amar a uma e a outro, seja pela expressão de sua ignorância, seja pela de seus sofrimentos. O homem é sempre fraco e a mulher sempre sofredora. A mulher e o homem são iguais perante Deus, e as tarefas de ambos se equilibram no caminho da vida, completando-se perfeitamente, para que haja, em todas as ocasiões, o mais santo respeito mútuo.
Precisamos considerar, todavia, que a mulher, recebeu a sagrada missão da vida. Tendo avançado mais do que o seu companheiro na estrada do sentimento. Está, por isso, mais perto de Deus que, muitas vezes, lhe toma o coração por instrumento de Suas mensagens, repletas de sabedoria e misericórdia.
Em todas as realizações há sempre o traço da ternura feminina, levantando obras imperecíveis na edificação dos espíritos. Na história dos homens, ficam somente os nomes dos políticos, dos filósofos e dos generais; todos eles são filhos da grande heroína que passa, no silêncio, desconhecida de todos, muitas vezes dilacerada nos seus sentimentos mais íntimos ou exterminada nos sacrifícios mais pungentes. Também Deus passa ignorado em todas as realizações do progresso humano, e nós sabemos que o ruído é próprio dos homens, enquanto o silêncio é de Deus, síntese de toda a verdade e de todo o amor. Por isso, as mulheres mais desventuradas ainda possuem no coração o gérmen divino, para a redenção da humanidade inteira. Seu sentimento de ternura e humildade será, em todos os tempos, o grande roteiro de iluminação do mundo, porque, sem o tesouro do sentimento, todas as obras da razão humana podem parecer como um castelo de falsos esplendores. E será ainda à mulher que buscaremos confiar a missão mais sublime, na construção evangélica, dentro dos corações, no supremo esforço de iluminar o mundo". (do livro: “Boa Nova” de autoria do espírito Humberto de Campos, através da psicografia de Chico Xavier, que, como sabemos, foi a maior autoridade mediúnica de que se tem notícia). Este texto foi inserido em meu livro “És Mulher”, edição esgotada dois anos depois do lançamento em 1996.
Infelizmente a criminalidade está banalizada neste Brasil. Se Jesus foi crucificado em Jerusalém, as mulheres brasileiras são espancadas até a morte e depois desossadas e as carnes atiradas aos cães. Elisa viveu o seu calvário e com certeza foi bem acolhida do outro lado. Nosso país precisa de boas leis urgentemente! Afinal estamos caminhando para uma revolução entre o bem e o mal.
Jeovah de Moura Nunes
Escritor e jornalista, autor de “És Mulher” entre outros livros.