A gente sai de casa para pagar contas em bancos. A gente se sente oprimida no centro da cidade porque não há locais em que possamos urinar. Somos tratados como se fôssemos gado vacum. Jaú não é atualmente uma boa cidade para se viver. Jaú já foi uma boa cidade para se viver. Contudo, quando assume o poder um administrador de meias medidas a cidade tende a ficar mais ruim, cheia de mandões, de autoritarismos fracassados e com um aspecto fascista. As leis federais são boas para o idoso, mas as leis estaduais e municipais são terríveis. O exemplo maior e melhor é o privilégio do idoso de não pagar ônibus em todo o Brasil. Palmas para o presidente da República! O exemplo menor e ditatorial é o fato do idoso ser obrigado a pagar pelo uso de banheiro público para as suas necessidades fisiológicas. Palmas de unhas para o prefeito municipal de Jaú!
No mercadão, por exemplo, o cidadão entra, consome, gasta seu dinheiro em lojas e passa ao final das compras por um bar e bebe uma cerveja. Em poucos minutos, se é um idoso, sente a necessidade fisiológica chegando ao ápice. Vai ao banheiro e na entrada é obrigado a pagar. Procura pelos bolsos e descobre que não tem mais dinheiro. É aí que o bicho pega, se não pagar não vai urinar. Se é um jovem tudo bem. Ele vai embora e se vira em algum canto da cidade. Mas, com o idoso não é assim. Ele tem vergonha e sofre a terrível vontade da micção que é uma grande força natural somada à dor nos canais urinários do homem.
A “Coisa” que permaneceu oito terríveis anos no poder em Jaú foi quem criou essa aberração. Agora quer ser deputado Estadual e sem dúvida se conseguir vai redigir leis para todo o Estado de São Paulo cobrar dos idosos o uso dos banheiros públicos. Coisa assim que ele adora fazer. Tanto que o atual prefeito de Jaú gostou e selou o que a “Coisa” anterior fez: pagar para urinar. Claro, eles, autoridades autoritárias não pagam nada para fazer o que nós fazemos: urinar.
Ora, se a lei federal libera o idoso do pagamento nos meios de transportes sociais, por que temos de pagar banheiros públicos para nossas necessidades fisiológicas? Isto se trata de uma aberração furiosa deste atual prefeito municipal. O cara que fica na “portaria” do banheiro no mercadão recebe o dinheiro e com certeza embolsa boa parte, já que sequer existe roleta para a contagem dos freqüentadores. É, parece que Jaú que não era fascista nos anos 50 candidatou-se aos costumes italianos da década de 30.
Os últimos prefeitos antes da “Coisa” não chegaram nessa situação, mas percebe-se que padecem do mal de ditadores. Fazem o que bem entendem e acabam sempre errando.
Um chefe de governo jauense, médico, que não consegue resolver um simples ato de urinar gratuitamente da população idosa, não é um verdadeiro burgomestre e sim um aventureiro, que não resolve coisa nenhuma. Já era tempo de Jaú ter a honra e a glória de possuir um verdadeiro prefeito e não aventureiros políticos sem competência para equilibrar todas as necessidades dos jauenses. É coisa de ser divulgada pelo Google para o mundo inteiro. Jaú não consegue ter um prefeito à altura de suas necessidades!
Vêm e vão chefes de governos e a cidade não avança. Faltam empregos humanistas, visto que boas partes dos empregos jauenses cheiram a escravidão. Os bons empregos ficam para a cupinxada política, sem concurso público, maculando a desprestigiada República, e os “funcionários” fingem estar trabalhando, apesar de ganharem uma boa renda paga por nós. Assim até eu iria amar e adorar este país, sentimento que não tenho em meu íntimo porque nunca recebi nenhum favor deste Brasil e depois de velho não me interessa mais.
A feirinha do rolo está sendo perseguida atualmente. As autoridades colocadas no poder pelo povo odeiam os costumes da população, apesar de serem culturais esses costumes inofensivos e que estão arraigados há centenas de anos no espírito das pessoas. A feira do rolo em Jaú, assim como em qualquer cidade brasileira tiveram início ainda nos tempos da monarquia. Aqui em Jaú existia a feira no Largo Chiachio, onde hoje tem uma estátua em homenagem aos imigrantes italianos; depois desceu para o antigo Cano Torto; depois para o mercadão ao lado do Fórum aos sábados e domingos; posteriormente para a antiga estação ferroviária no centro; depois se mudou para a Av. Frederico Ozanan, mais ou menos com a rua Francisco Sampaio do lado de cima e finalmente voltou para o mercadão.
Sempre perseguida pelo poder público foi e é ainda uma peregrinação de um comportamento cultural que o poder não tolera, mas tolera o livre comércio de camelôs, montando até um espaço perpétuo para eles, que vendem mercadorias estrangeiras em detrimento das mercadorias brasileiras. No que tange aos cupinxas eles resolvem numa canetada.
Os políticos de hoje dão sobrevivência fácil para a cupinxada e desprezo para quem não é puxasaco. Este foi e é ainda hoje o normal comportamento dos também políticos jauenses. Talvez seja por isto que sempre imaginei quando criança ser a política “aquilo que o gato enterra”. É que eu ouvia muito meu pai falando isto e penso mesmo que ele tinha razão. A gente não percebe o mau cheiro, mas a política fede.
Jeovah de Moura Nunes
Escritor e jornalista, autor do romance “A cebola não dá rosas” entre outros livros.
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