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Artigos-->ELEIÇÕES: O JOGO POLÍTICO -- 04/10/2010 - 13:06 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ELEIÇÕES: O JOGO POLÍTICO



Na democracia brasileira o voto é obrigatório. Nós temos o dever e a forçada obrigação de votar e o nosso país tem o charme de se autodenominar democrático. Ora, a democracia é entendida como a liberdade de fazer, ou não fazer o que é cívico, posto que a vida não é feita somente de civismo, nem o país. Os EUA são realmente superdemocráticos. Lá vota quem quer. Quem não quer não é obrigado a votar. Aqui a obrigação é lei, caso contrário se paga uma multa, que pode ser pequena ou grande conforme o julgamento dos juízes eleitorais. Isto é na verdade um jogo político. O fato de obrigar o cidadão a votar tem uma conotação exigente para que sobram muitos votos, ou uma votação para muitos políticos. Tudo no Brasil é obrigatório e ainda dizemos de boca cheia que se vive muito bem nesta democracia. Ora, uma democracia não ameaça, nem impede jornais de publicarem notícias do interesse da população, já que tudo que é político tem de ser conhecido pelo povo. O jornal “O Estadão” foi amordaçado pelo governo Lula numa informação sobre o feudalismo maranhense e permanece ainda amordaçado. Gosto daquele jornal porque representa para mim as primeiras leituras de minha vida. Agora que já sou adulto descubro que a democracia brasileira é pura balela. Podemos a qualquer momento ser subjugados e impedidos de exercer nossas liberdades. Tudo depende da vontade dos políticos. E estes “políticos” são eleitos por nós, a massa desamparada.



Então tudo isto faz com que cheguemos à óbvia conclusão de que o Brasil é um país antidemocrático, ou disfarçadamente democrático, em razão de interesses por demais políticos. O “Estadão” está há mais de um ano amordaçado sobre um assunto que o atual governo não quer que se comente, mas não diz o por quê. Isto não passa de um jogo político bastante perigoso para o atual governo. Mais dias, menos dias governos assim caem em desgraça. A conclusão que podemos chegar é obviamente aquela de que o Brasil, a despeito das eleições, ainda continua a ser antidemocrático, visto que exige demais do cidadão. Tudo pela ótica da exigência, impostos exigidos e cobrados praticamente meio ano de trabalho do cidadão. Nossas leis são ineficientes em razão de em muitos casos, os legisladores produzirem leis que rebatem outras leis. É uma espécie de pragmatismo rebatendo outros pragmatismos, sendo as formalidades da superiora sociedade brasileira uma etiqueta fajutíssima. A verdadeira etiqueta vivenciada e obedecida são as dos pobres, dos famintos, dos que buscam alimentos nos lixões. Esta é a etiqueta brasileira que não termina nunca porque os políticos não querem que termine, ou se acabe os que trabalham no pesado e ganham uma miséria para continuarem sendo os novos escravos. O candidato Serra pelo menos teve a decência de prometer um salário mínimo de 600 reais, já que a candidata de Lula não teve a coragem de fazer tal promessa. Talvez seja por isto que chegamos ao segundo turno. Lula acreditava que Dilma ganharia no primeiro turno.



A imensa criminalidade está a cada dia batendo recordes de ocorrências e nenhum político nestas eleições teve a intrepidez, a coragem de prometer leis mais severas para essa imensidão de criminosos em todo o país. Nós, aqui embaixo, estamos chegando numa impressão casuística de que a criminalidade vai é aumentar cada vez mais, porque não há nenhum fogo que faça pelo menos fumaça a respeito do comportamento dos legisladores, no intuito de criarem leis mais duras, mais severas e exemplares. A criminalidade no Brasil vai crescer e se tornar arraigada à vida comum do cidadão desarmado e fazendo parte do abate como o gado vacum. É, nós merecemos e muito esta forma de viver amedrontado. Temos assim uma criminalidade aparentemente protegida pelo Estado, posto que as penas são excelentes para os criminosos, são brandas e capazes de colocar em liberdade o pior dos criminosos. Ficam assim desproporcionais os direitos cívicos de cada cidadão. Quem é rico tem segurança sem limite. Quem é pobre sequer tem segurança e morre todos os dias.



Os anos passam e também as eleições. Entram políticos no poder e nós não vemos nenhum deles falar em segurança, em educação, em saúde. O presidente Lula não gostou da extinção da CPMF e como resposta não investiu na saúde. Atualmente pessoas morrem não num leito hospitalar, mas na portaria do hospital. É a vingança de Lula porque dinheiro ele mesmo vive dizendo que sobra. O povão está pagando o que não deve. A questão do emprego é outro problema. Muitos aposentados poderiam ter um emprego, mas os capitalistas não gostam de idosos, mesmo tendo esses idosos capacidades superioras às dos mais jovens. Basta observar os países mais civilizados e veremos que idosos trabalham direto em serviços temporários. É claro que não são todos os aposentados. Muitos preferem gozar suas aposentadorias e estão corretos.



Em Jaú nossos candidatos a deputado Federal e estadual sofreram um revés assustador. Ninguém ganhou. Mas, acho que merecidamente. Os que já estiveram no poder não fizeram nada por nós, seus patrões. Apenas passearam bastante e nada de promessas cumpridas. Eles ainda não aprenderam que o povo aprendeu a votar e o povo acaba aprendendo também que nas eleições os políticos fazem apenas seus jogos políticos.



Jeovah de Moura Nunes

Escritor e jornalista, autor de “Versos à Revelia” entre outros livros.

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