Nos velhos tempos, onde desejar ainda ajudava, onde ter bons sentimentos ainda ajudava, onde ter imaginação ainda ajudava, vivia uma princesa cuja beleza era tão grande que o próprio sol, que já viu quase todas as coisas sobre a face da terra, ficava deslumbrado sempre que brilhava em seu rosto. Mesmo as sombras de sua existência eram iluminadas quando em sorriso a moça se doava aos que lhe tocavam a vida.
Naqueles dias em que mesmo sem querer as pessoas nos protegiam, em que mesmo sem querer tínhamos medo da escuridão, em que mesmo sem querer o egoísmo podia destruir nosso coração, vivia um príncipe cujo encantamento navegava no cerne do afeto, e esse sentimento era tão grande que a lua, que já viu todos os sentimentos nascerem e morrerem nas paredes dessa dimensão, formava um halo apaixonado ao seu redor, quando chamejava branca nas mãos daquele rapaz.E mesmo parecendo que queria guerra, dentro dele tudo seguia em paz.
Naquela época, em que mesmo as almas perdidas ainda tinham meandros, em que todos nós mesmos vendidos ainda tínhamos encantos, em que nem todos nossos desejos materiais eram espantos, surgiu no mundo uma nova possibilidade, que não se importava se ficaríamos acordados até tarde ou de manhã bem cedo, um sentimento sutil que ao mesmo tempo em que dava prazer e alegria, também dava receio e muito medo.