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Artigos-->FREI BETO: O EX-ASCONE AGRADECIDO -- 23/12/2010 - 12:35 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FREI BETO: O EX-ASCONE AGRADECIDO



O agradecimento ao Barbudo comovido e quase choroso do articulista e ex-ascone não sei das quantas chocou o país. Até as galinhas magras do nordeste cacarejaram nos terreiros chorando o dia inteiro. Até eu mesmo fiquei emocionado ao ler tantas coisas boas e estupendas feitas pelo barbudo, e que o Brasil mudou para melhor. Cerca de 20 milhões de bocas famintas sobrevivem graças à Bolsa Família, ou melhor: Bolsa Esmola. Ora, viver de esmola até eu viveria. Mas, como tenho dignidade de sobra trabalho duro eu e minha família para sobrevivermos num país fadado a matar todos nós através da criminalidade em alta. Se o barbudo foi o melhor presidente que este país já teve por que ele não combateu a crescente criminalidade através de leis mais duras? Não combateu! Pelo contrário mandou tirar as armas da população para não se defender mais dos bandidos. Lula não combateu porque quem vem da miséria odeia os ricos, mesmo que tenha um filhinho pobre no passado e agora de posse de uma fazenda de mais de 60 milhões de reais. Se a presidência da República é um cargo onde só pode possuir os ricos, alguém muito rico se envergonhou de ver um presidente pobre e socorreu pelo menos o filhinho do presidente. Ou será que o filhinho ganhou na loteria? Ora, quem comanda o poder Federal deve comandar também a loteria federal. De falcatruas este país que conheço desde os anos 50 do século passado está repleto. Claro que provar ninguém pode provar nada. Mas, nós, povo temos a capacidade de imaginar porque sabemos que este país foi e é um antro de roubalheira desde o descobrimento. Cresci aprendendo que os políticos são ladrões. E são mesmos, com um honesto em cada mil de desonestos. Porém, o único honesto entre esses mil de desonestos acaba morrendo com um enorme desgosto, ou pela vergonha de ser honesto. Afinal ser honesto num país como o Brasil chega a ser vergonhoso.



Por que o ascone agradecido não cita a greve da Volks que mandou para o olho da rua 35 mil operários nos anos de chumbo? Greve conduzida pelo barbudo que, temendo ser morto, escondeu-se por quase seis meses. O ABC virou um caos. Muitas lojas fecharam e havia só na minha rua uns dez operários jurando que se encontrasse o Barbudo iria dar um pau nele. E aqueles operários pelo que sei nunca mais arrumaram emprego. Muitos se mudaram do ABC. Eu continuei porque não me interessava ser operário. Naquela época era eu um bom camelô ganhando muita grana. Com a greve e a dispensa em massa dos operários passei alguns meses sem vender nada na porta da Volks, mas dei continuidade nas minhas vendas no Largo da Concórdia, no Brás.



Nunca gostei de supostos sacerdotes. Principalmente padres e pastores de todos os naipes. Pessoalmente jamais venderia a palavra de Cristo, nem a compraria. Sei até que poderia ganhar muito dinheiro dando início a uma pregação pública da palavra de Deus. E até fundando uma nova religião, igualzinha a essas que pululam por aí. Nome bíblico já possuo. Conheço o livro dos livros muito bem. Conheço todo o Novo Testamento. Eu poderia ser muito rico vendendo a palavra de Deus. Mas, não vendo e não compro. Prego-a a qualquer um que esteja disposto a ouvir e bebo-a gratuitamente, porque tudo que vem de Deus é gratuito. Aquele que nos criou e sempre nos presenteou, além da própria vida, jamais cobraria por alguma coisa, uma vez que nunca cobrou nada, nem mesmo pela luz do Sol, nem pela água que bebemos de fontes a jorrarem eternamente. O que é pago não vem de Deus. Têm nesse contexto alterações, distorções que acabam por confundir muitas vezes homens de boa vontade. Mas, os homens de boa vontade deveriam saber que a palavra de Deus vem de graça, assim como a água da fonte, os raios do sol e até o alimento que a floresta virgem nos dá.



Vivemos vários modelos de fé: medieval, hodierna, futurista e enganadora. O engraçado é que só as religiões têm desenvolvimento garantido, enriquecendo seus proprietários, ou seus representantes, sem pagarem impostos, luz, água e ainda recebem sem nenhum custo milhões de reais da massa falida: o povo. Mas, o pior de tudo é ser um ascone. Ascone significa: Assessor de Coisa Nenhuma. Este foi o cargo ocupado por um conhecido frei articulista do jornal “Comércio do Jahu”. Ora, quem não gostaria de ser assessor de um barbudo presidente? Qualquer um gostaria, até eu. Ganhar dinheiro e prestígio sempre foi algo concorrido por muita gente. Porém ser assessor que não funciona e ali está apenas pela ajuda presidencial com a comiseração também presidencial é ser mesmo um assessor de coisa nenhuma. Principalmente da “coisa” barbuda.



Creio firmemente que as religiões um dia se acabarão. O homem hodierno cada vez mais descobre Deus no seu coração e não fora dele. No passado a Igreja Católica queimava mulheres publicamente, chamando-as de “bruxas”, quando alguma delas não aceitava dormir com o padreco. A inquisição foi a maior vergonha que uma suposta fé criou, no intuito de prender, torturar e matar pessoas que não apreciavam aquela fé romana. Se no Evangelho de Jesus constava essa prática criminosa Jesus errou feio. Mas, não foi isto o que ocorreu. Homens maldosos travestidos de sacerdotes foram os responsáveis pelas torturas e mortes de milhares e milhares de pessoas, inclusive no Brasil. Jesus apenas cumpriu o seu papel de ensinar aos homens a venerar o Paizão, deixando uma regra de conduta das mais extraordinárias que a humanidade já viu, denominada “Evangelho”, que em grego significa “Boas Novas”, ou “Boas Notícias do Céu”.



Jeovah de Moura Nunes

Escritor e jornalista, autor de “Memórias de um camelô” entre outros livros.



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