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Artigos-->SEM PÉ E SEM DEDO... -- 08/02/2011 - 18:17 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


SEM PÉ E SEM DEDO...





Os petistas sempre acusaram os tucanos de serem adeptos da privatização. Isto se torna engraçado porque afinal o Brasil é um país capitalista e subentende-se o capitalismo como uma forma não pluralizada dos bens e consumo de um povo. Cada um é proprietário de alguma coisa.



Comunismo acreditamos que o nosso país jamais se aventurará, embora em nossa volta existem países vestindo cada vez mais o vermelhão de um socialismo corrupto. Já vestem o vermelho porque significa inconscientemente o futuro derramamento de sangue dos rivais e dos inimigos políticos.



É preciso lembrar que os EUA mesmo sustentando dois conflitos mundiais de 1914-18 e 1939-45 não deixaram de eleger seus presidentes com maratonas eleitorais democráticas, respeitando-se as leis que lá são leis, não esse arremedo de leis sociais brasileiras. O governo do fatídico FHC foi adepto das privatizações em boa hora. E naquele mesmo passado o povo brasileiro apoiou, ou praticamente se isolou com relação às privatizações. Houve algumas poucas manifestações de alguns gatos pingados balançando bandeiras vermelhas em frente às bolsas de valores do Rio e de SP, mas não passou disso.



Nunca fomos adeptos do FHC. Sabemos que o então candidato à presidência em 1994 pegou carona num plano econômico que já estava em andamento no Ministério da Fazenda, a pedido do presidente Itamar. Ganhou a eleição e se refestelou no poder sem fazer mais nada de bom, a não ser comemorar todos os anos o tal plano Real.



É muito próprio do sistema econômico capitalista a empresa ser de propriedade particular, ou de acionistas e não apenas do governo. Quando uma empresa pertence apenas ao governo, significa basicamente que o governo tem tendência comunista, ou de um socialismo meio termo, isto é, nem capitalismo nem comunismo. Mas, esse meio termo é também muito próprio de países que não chegam à lugar nenhum na economia, coisas assim como acontece em nosso país, cujo crescimento econômico até agora, no glorioso governo Lula, foi superior apenas ao Haiti, país que viveu e vive uma crise sem final estipulado. (Esta comparação refere-se à quase oito anos atrás, quando este artigo foi escrito.)



Mas, o único fator de importância tanto comunista, quanto socialista é a certeza da luta pela igualdade das classes, coisa que nunca chegou nem perto nos dois sistemas político-econômico. E nunca chegará. O que o governante pode fazer no combate às desigualdades sociais do sistema capitalista é investir pesado em tudo aquilo que a massa assalariada necessita e não tem no Brasil: emprego, saúde, educação, lazer, segurança, transporte e um salário, que embora frustrante possa dar um mínimo de subsistência. Isto não é uma exigência, é uma obrigação total do governante porque a população, mesmo esfalfada pela pobreza, paga, e paga caro por essas coisas que afinal não tem.



O sistema de saúde no Brasil é uma piada. Paga-se a vida inteira e de forma ditatorial porque já vem descontado em folha. E pobre de todos nós quando precisamos. Damos de cara com um sistema emperrado, bruto, cínico, que maltrata as pessoas – principalmente as humildes – como se fossem animais. Sabem caros leitores, coisa assim nazista, fascista e o diabo que carregue. Não funciona. A aposentadoria no Brasil também é uma piada.



Aliás, somente se aposentam com bons salários os espertos, os que enganam flagrantemente o sistema. Conheci um rapaz do nordeste, que morava numa pensão em São Bernardo do Campo. O meu trabalho era de vendas de televisão Sharp e visitei aquela pensão para tentar algum negócio. Por coincidência o rapaz estava dando uma festança danada. Soltava rojões e fazia uma grande festa com churrascada e tudo o que tinha direito. O rapaz havia perdido o pé num acidente dentro da fábrica da Volks e estava comemorando, porque aquilo significava sua aposentadoria compulsória e vitalícia. Coisa assim de outro mundo! Um pé para o rapaz nordestino nada significava.



Quem sabe houvesse perdido outra coisa ao invés do pé não comemoraria mais nada. Para aquele rapaz o seu capital era o pé perdido, simplesmente porque não trabalharia mais, quando o verdadeiro sonho de um homem deve ser o seu trabalho, trabalho que afinal goste, porque na realidade o pesadelo é fazer o que não se gosta. Quantos brasileiros acidentados ganham sem trabalhar? Deve haver uma estatística impressionante em relação a isso.



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor





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