Tragédias como as de Realengo no Rio de Janeiro costumam provocar grande comoção na sociedade, principalmente por envolver crianças indefesas, com uma vida toda pela frente, quando o natural seria a morte dos velhos; aliás, como disse o avô de uma das meninas: “O natural seria ela me enterrando”. É uma dor imensurável perder um filho assim tão jovem. E ainda mais numa escola, onde achávamos tratar-se do lugar mais seguro do mundo para nossos filhos, onde acreditamos também tratar-se de um ambiente onde estes vão tão somente para estudar, adquirir conhecimento, formação, cidadania e principalmente aprender a respeitar o outro com suas diferenças. É, amigos! Nem as escolas estão mais seguras hoje em dia. Já não se pode deixar mais um filho na escola certo de que voltará para casa são e salvo.
Apesar da morte trágica de 11 crianças, cujos sonhos foram interrompidos para sempre, não devemos esquecer que todos os dias morrem um número maior de jovens, vítimas da violência na rua, dentro de casa e até mesmo nas instituições de ensino; embora, por se tratar de uma morte aqui, outra ali e uma outra acolá, estas na maioria das vezes não fazem parte das estatísticas e nem mesmo são noticiadas.
Talvez esta triste página da história do Rio de Janeiro – uma cidade marcada por tanta violência – sirva no futuro para alguma coisa e não caia no esquecimento como aconteceu com o assalto no mesmo Rio de Janeiro, onde o meno João Vitor, peso ao cinto de segurança, foi arrastado até a morte pelo carro onde se encontrava os assaltantes. Está na hora de termos coragem e fazer um debate mais profundo acerca do desarmamento. Não há dúvida de que a não aprovação do artigo 35 do Estatuto do Desarmamento no Plebiscito de 2005 foi um erro irreparável. A proibição da posse e comercialização de armas de fogo no Brasil, se aprovada, teria não só salvado muitas vítimas como talvez até evitado que essa tragédia ocorresse. Embora o contrabando de armas seja um problema, leis mais duras desestimulariam que pessoas adquirisse armas de fogo, ainda sim o número delas em circulação seria pequeno, já que a maioria delas é fabricada no Brasil. Mas como o interesse econômico muitas vezes está acima do bem estar da população, coisas assim acontece. Se armas de fogo não circulassem à vontade e não estivesse à disposição de quem quisesse comprá-las, aquele jovem até poderia ter invadido a escola para matar, só não teria feito tantas vítimas.