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Artigos-->A Carta do Redescobrimento -- 21/07/2000 - 00:45 (Julio Cesar Ribeiro da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Prezados Senhores:





CONSIDERANDO que universitários deste ofício e outros universitários escrevam, aos senhores, a notícia do (re)descobrimento da nossa terra; considerando ainda que esta viagem reencontre a amizade entre os nossos países, também tentarei dar a minha contribuição ao assunto. Considerem, no entanto, a minha imaturidade, a qual está imbuída do desejo de bem-servir aos nossos povos.

Pretendo dizer somente aquilo que realmente sinto e acredito, mesmo utilizando-me de recursos estilísticos e retóricos. A opressão e as cicatrizes da vida não relatarei nesta carta —que fique o debate para outra hora e que os estudantes não descuidem destas situações globalizadas. Sendo assim, senhores, segue o texto.





A RETOMADA do comércio além-mar —como lembram— ocorreu em 1415, com o domínio de Ceuta. Em 1492, o Novo Mundo foi oficialmente encontrado. O contorno da África, por via marítima, aconteceu em 1498; chegando-se às Índias. O empreendimento relatado por Caminha encontrou a Ilha de Vera Cruz.

As noites eram frias e os fados difíceis de serem suportados. Naqueles mares salgados, muitos filhos se perderam. Os versos camonianos cantaram parte significativa dessas odisséias e, em pleno Modernismo, confortaram-nos: navegar era preciso. Os universitários estudaram as navegações da idade Moderna. Mas... as mães que perderam os seus filhos não os tiveram de volta.

Assim, seguiram suas vidas e, no dia 22 de abril de 1500, chegaram ao Brasil. Esta nação, segundo estudantes, tem mais de 8,5 mil Km2 (um verdadeiro continente!), só de litoral são 5 864 quilômetros. Aqui, dos campos sulinos à floresta equatorial, a fauna e a flora são abundantes e diversificadas.

Érico Veríssimo contou-nos aspectos da vida gaúcha; dele, os senhores recebem “O tempo e o vento”, creio eu. Pampas e serras gaúchos reservam-nos vinho, churrasco, chimarrão e fandango. São germânicos os traços catarinenses; seus balneários e suas festas do chope são cinematográficos. A capital paranaense é modelo internacional em urbanismo; a cidade também promove festival nacional de teatro, para celebrar a vida. A Região Sul tem clima subtropical.

Diversamente, a Região Norte é equatorial, quente e úmida; mas também, responsável pela maior bacia hidrográfica do planeta e pela Floresta Amazônica. No auge da exploração da borracha, um dos mais belos teatros foi construído em Manaus. O Centro-Oeste pecuarista é tropical. Lá, achamos o pantanal mato-grossense, santuário ecológico de valor igual ao de Fernando de Noronha.





O COMÉRCIO e a indústria fizeram do Sudeste o maior pólo socioeconômico da América Latina; com destaque a metrópole paulista, batizada em 1554.

A capital carioca, fundada em 1565, tem o Cristo Redentor, a “Garota de Ipanema” (como cantaram Vinícius e Jobim) e o Maracanã —no qual cabem 200 mil torcedores, sempre presentes nas crônicas esportivas de Nelson Rodrigues. Como música, dança, transcendência e magia, os cariocas ritualizam o carnaval.

Oswald de Andrade, abrindo leques de interpretação, comparou o poder multicultural dos totens carnavalescos à colonização (diferenças e fraternizações). Paulistano/universal, o escritor também discorreu sobre elementos cosmopolitas.

Todavia, no país, o açúcar foi a primeira empresa —instalada um pouco antes da chegada do padre Anchieta. Ainda há resquícios do empreendimento açucareiro; mas, o seu esplendor colonial terminou próximo à partida do senhor Gregório de Matos, poeta ímpar que ultrapassou os limites da poesia barroca.

Os índios foram os primeiros escravos da cana-de-açúcar; os negros, os segundos. Zumbi, líder negro e inspiração à resistência, foi imortalizado em 1695. Depois do açúcar, o ouro firmou-se como grande fonte de riqueza. Minas Gerais desenvolveu-se durante o ciclo econômico da mineração.

Atualmente, ao som das violas caipiras, ainda vemos as ricas construções e as artes coloniais mineiras. Figura honrada daquela época é Tomás Antônio Gonzaga. Ele, em 1789, envolveu-se na Inconfidência Mineira. Os inconfidentes, como contou-nos Cecília Meireles, foram os precursores da Independência oficializada em 1822.

Outro grande movimento culminou em 1888, com a Lei Áurea, a libertação dos escravos. Lima Barreto reportou o negro liberto, os ideais de nação soberana e o Império Brasileiro. A transição desse sistema de governo para a República, proclamada em 1889, foi pano de fundo de escritos de Machado de Assis.





O CAFÉ representou um importante ciclo econômico. Imigrantes italianos trabalharam nos cafezais e contribuíram com a formação cultural brasileira. São Paulo foi o maior produtor de café; Minas Gerais, de leite. O Espírito Santo, entre outros, também participou da cafeicultura; hoje, os capixabas incentivam o ecoturismo e a exportação de minérios.

Com a industrialização e suas fases tecnológicas, destacaram-se as reflexões de Mário de Andrade, Manoel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana; além do já citado Oswald e outros modernistas e pós-modernistas. Na prosa de Mário de Andrade, o Brasil ganhou o seu mais conhecido “herói”, o Macunaíma.

A capital do país, Brasília, é uma poesia concreta, na qual o objeto (prédio, avenida etc.) foi colocado no espaço rigorosa e liricamente. Ela foi inaugurada em 1960. Quatro anos depois, a ditadura militar tomou conta do país. Foram anos difíceis, não tivemos os cravos da revolução portuguesa. O regime militar começou a terminar em 1980, com o movimento das Diretas Já!

Sim, meus senhores, é verdade! O Nordeste nasceu com o Brasil, há 500 anos. Suas praias são maravilhosas e sua culinária pitoresca; mas, no seu sertão árido, ainda há seca e fome. Euclides da Cunha disse-nos que o sertanejo é, antes de tudo, um forte. João Cabral de Melo Neto completou: é uma gente severina...

Aliás, a dificuldade não é exclusividade do povo da caatinga. Muitos brasileiros, valentes e trabalhadores, precisam (apenas) de programas voltados às áreas de Educação, Cultura e Cidadania. Paulo Freire falou-nos que o mundo não precisa de seres apáticos, nem de seres rebeldes; o mundo precisa de seres críticos.

Aqui, se educarmos, tudo dá! Todas as comunidades mundiais se respeitam, todas as cores têm um signo especial de liberdade. Índio, branco, negro, descendentes e estrangeiros comovem-se ao ouvirem o Hino Nacional: o canto sagrado do Brasil.





TODA PLURALIDADE cultural que presenciamos não coube nestas linhas e entrelinhas, logicamente —além disso, as pautas foram contadas para o bem-fazer. Contudo, se não for pedir muito, gostaria de conhecer a residência que foi de Fernando Pessoa, poeta de muita estima. Tal presente ser-me-ia de bom grado.





Aos 500 Anos desta Amada Pátria Brasil – Ano 2000. Saudações:





Julio César Ribeiro da Silva



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