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Artigos-->1 capítulo e artigo sobre amar -- 26/05/2011 - 10:16 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


No reino humano, a gentileza deveria ser um modo natural de viver.  Jesus deixou apenas dois mandamentos, amar a Deus sobre todas as coisas



e o próximo como a si mesmo. O que passa disso são apenas interpretações e , quando não, vaidade. O essencial que deveriamos ser



é amor.



 



 



 



 



26/05/2011 - Tempo Presente, madrugada solitária e fria



Os seios dela eram pequenos, porém lindos, com seus dois botões de

rosa como fechados.

Acordei a pouco de um sonho com Sara, quando já fazem uns cinco anos

que não tenho

mais noticias dela. A última vez que

falamos foi na morte da minha mãe em 2007, quando liguei para ela dias depois comunicando

o fato e ela ficou calada e fria, como seu eu fosse um ser do outro mundo e ela nada tinha com minha tragédia pessoal. Como podemos deixar

de ser importante do dia para a noite para alguém que dividimos o mesmo sabonete?



No sonho de a pouco ela havia sido encontrada morta na piscina

de sua casa, sem a parte de cima do biquini e eu via sua imagem na

água de biquini azul, ainda viva, nadando,

enquanto alguns parentes que ignoro completamente por pura antipatia

davam-me noticias de que ela

havia morrido. Nao entendi o enredo disso, mas acordei melancólico

porque essa deve

ser a terceira ou quarta vez que sonho com ela nua da cintura para cima

e sempre tem mais gente que participa dessa beleza e dessa visão

ou que pode participar, o que causa-me ciúmes e angústia.

Como tenho dons proféticos, tenho medo que o sonho tenha algo de real.

Não consigo, misteriosamente, conviver bem com a idéia de perdê-la para

sempre. Lembro que quando ela dizia que ia morrer um dia eu ralhava com ela.

-- Para com isso!

-- Ué, mas um dia não vou ter que deixar esse corpo? Ela dizia, como

se deixar de existir

fosse algo sem nenhuma consequência dolorosa ou dramática. Como se

deixar de existir

fosse algo como jogar um cotonete na lata de lixo.

Na ocasião, eu era seu namorado, e aquela simples idéia de perdê-la

era bastante pertubadora.

Agora, uma madrugada fria anos depois, não sei se influenciado por

estar escrevendo

parte da nossa história, volto a sonhar com ela desnuda em parte e sempre linda.

E sinto angústia e inquietação. Sara talvez seja parte da minha alma

feminina, com suas fúteis e ambiguas deusas infernais, e tenho que aceitá-la assim

cruél, bela e imperfeita, sem tentar consertá-la e amoldá-la

a meu racionalismo.



O TIGRE DE DEUS EM SEU JARDIM



O mito da minha vida começa quando meu pai pegou o navio na terra do

Quixote e singrou os mares em busca de sorte e aventura. Minha mãe veio

do sertão baiano onde é comum a visagem de lobisomens, mulas sem

cabeças, sacis, deusas do mar que incorporam em terreiros , mesmo que secos! O país da minha mãe tem de tudo, porém

encontrar um homem elegantemente letrado é tão raro quanto ver um

calango no Polo Norte Dos Gelos.











1975 - SENADOR CAMARA - Rio de Janeiro



Marcelino Rodriguez





Eu estava em uma das elevações que havia numa das ruas que cortavam

os conjuntos populares da Cohab, em Senador Camara. Era carnaval.

Um bloco barulhento passava com carrascos, piratas, clóvis, piranhas,

palhaços, pierrots, colombinas e mais o que houvesse de fantasioso e

de uma gente mascarada, formando

um todo que parecia uma orquestra mágica. Uma música tocava muito alto de

Um dos prédios.



"Macunaíma índio branco catimbeiro

Negro sonso feiticeiro

Mata a cobra e dá um nó"



Ali eu a percebi pela primeira vez que estava sozinho

e que a vida seria para mim uma espécie de exílio. Senti

que os mascarados do carnaval vinham de outro mundo e que aqueles que

ali passavam eram como sombras

da realidade maior.

Ali naquele alto de monte tive meu primeiro sentimento do mundo feiticeiro

e bebi o gosto do infinito.









Dois fatos atormentavam o menino louro de beleza clássica,

verdadeiro Boneco de Deus que fui: a bronquite e as assombrações.

A bronquite levou-me as catarradas dramáticas e a conhecer

a pobreza e o sofrimento do povo nos hospitais públicos

onde pouco se incomodam em acrescentar qualidade de vida.

Minha mão costureira, pobrecita, como sofreu comigo

levou-me muitas madrugadas, onde eu pensava que iria

sucumbir diante de tanto sofrimento. As vizinhas confabulavam

as mais estranhas simpatias para curar-me. O que eu tomei de beberagem

foi uma coisa de cinema. Creio que até puseram debaixo de meu travisseiro

calcinhas de três moças virgens diferentes, uma virgem de cada cor.,

O caso é que um dia, após sair de uma clínica de nebulização,

senti que nunca mais voltaria a ter bronquite.

Internamente, tive essa certeza na alma.

Com relação as entidades, minha mãe levava-me a longinquos

centros de umbanda, onde as pretas velhas

tratavam -meas cachimbadas. Num desses centros

que hoje acredito era de oxala, porque era todo azul e branco

e tinha uma estrela de seis pontas no centro da parede,

entre a fumaça do cachimbo da velha senti que minhas pernas

tinham um tremor diferente e que eu tinha uma parte de

mim abissal, profunda e infinita que desconhecia.

Passei muitos anos ainda disputando

meus brinquedos com as entidades

e procurei esquecer a experiência

do tremor. Uma noite em que acordei gritando

e sobressaltado, o que era frequente,

minha mãe ensinou-me a rezar o credo

e derepente a noite se encheu de uma luz branca

onde centenas de anjos levaram-me a dormir

em paz.





Eu era um menino que costumava ficar fascinado

diante das bancas de revistas e mesmo ainda sem saber ler, pedia que minha mãe comprasse-me

gibis. O que ocorria porém eram fatos raros nas minhas relações com as palavras e as imagens.

Com a ajuda de um parente aqui, uma colega de infância acola e da fada da noite que me dava seu seio direito para sugar e ia me explicando o

segredo do alfabeto,

aprendi a ler de modo sobrenatural, praticamente sozinho.

Já disse que o pais da minha mãe,

ainda hoje, quinhetos anos após sua colonização, não é alfabetizado das letras nem dos sentidos.

As pessoas sabem que as palavras e as letras existem, mas não entendem que elas são para serem obedecidas e estudadas. Assim quando elas lêem

algo como sinal fechado, elas aceleram.

As mortes simbólicas no dia a dia

são milhões por aqui porque é país sem alimento metafórico.





Aos poucos minhas leituras iam mudando de Patópolis e Far West para Atenas. Houve um tempo

em que eu estudava num colégio para professores e era o único

varão da sala e o único a frequentar a imensa biblioteca, onde eu viajava

ao passado e ao futuro, na companhia somente das aranhas do telhado, da poeira

e dos personagens e personalidades dos volumes que lia . No país da

minha mãe os

nativos acham que podem ser interessantes sem cultura e sem leitura,

o que não deixa de ser inacreditável. Tornei-me uma celebridade

e uma ilha, porque somente eu conhecia os contos de fadas e começou meus versos e textos

a correrem o país e o mundo, abrindo e fechando espetáculos os mais diversos e improváveis.

Passei a não entender o mundo morno e indiferente dos iletrados,

nem porque o povo vive com a faca nos dentes, nem porque as coisas não

funcionam direito,

nem porque não existe preocupação que as coisas não apenas sejam, mas

que sejam feitas belas

e da melhor maneira.

A minha solidão e meu abandono entre as gentes do país da minha mãe

começou a dar-me

saudades da europa que corre no meu sangue elegante como um cavalo de hipismo.

Os anoezinhos macabros que habitam o país da minha mãe nunca

facilitaram minha vida

e vivi aventuras mais pitorescas e bizarras que todos os livros que havia lido.





PETRÓPOLIS, 1998 - A DESCOBERTA DE BUDA



Petrópolis, 1998, encontro com Buda





A Luz da Asia, Buda, chegou na minha vida através de uma mulher

jovem, Padma, criatura

linda e de puro amor. Americana de vinte e cinco anos, ensinava

vestida de monja em Santa Tereza na casa de uma de suas discípulas.

Fui com um irmão martinista

assistir a uma de suas palestras. Já estavamos todos a espera quando entra

a bela jovem sorridente, falando um português

quase perfeito, apesar do sotaque e descalça , vestida de laranja e amarelo.

O longo cabelo castanho preso num rabo de cavalo. Tinha umas quinze

pessoas na casa. Ela explanou rapidamente sobre as quatro nobres verdades

do budismo: sofriimento, impermanência, causalidade e o darma, que é a

pratica da

iluminação da mente. Disse que seu mestre era um chinês

e que sua linhagem estava agora passando um ensinamento

mais veloz de libertação, que era "sentar em plena atenção".

e todos na casa passamos a praticar, em silêncio.

Depois teve uma jovem que discutia em voz alta um assunto

com Padma e fui intervir como conciliador da paz e ela

virou-se para mim e perguntou se eu era responsável

pela paz mundial. Durante quase toda nossa relação

Padma surprendia-me com intervenções

que criticavam o que ela achava superficialismo da minha parte.

Tinha vindo também com ela dos Estados Unidos um jovem, John,

que também estava na casa dos vinte e poucos anos, tinha a cabeça

raspada e era bastante discrito, auxiliando Padma nas praticas

em tudo que podia. Padma ensinava deixando uma lata

para recolhimento de doações, que era uma Tradição monástica

segundo ela dizia. Convidou a todos para um retiro

que faria em Petrópolis no carnaval de três dias

e resolvi ir. Minha intenção era ficar perto

dela, pois achei-a preciosa demais

para deixá-la só. Que podemos fazer nesse mundo de mais belo

senão honrar as almas que nos fazem bem?

Preparei na mochila roupa adequada para três dias e subi

a serra. Sempre gostei de montanhas e lugares

de grandes altitudes; também a sensação de pureza e liberdade

permitem uma espécie de respiração da alma que sinto.

Cheguei na cidade e informei-me que a casa onde Padma estava era

numa rua de subida. Lá chegando, vi que era uma casa pequena e simples

porém de frente para as montanhas e com um jardim onde

não faltavam flores nem borboletas; lá estavam Jonh, uma senhora

de uns sessenta e cinco anos que falava pelos cotovelos,

uma jovem de uns dezessete anos, eu e Padma. Éramos cinco

que fariamos o retiro. Padma fez uma palestra inicial

de que nossa alimentação seria vegetariana, sem sal ou açucar.

Que iriamos praticar bastante e que ela exigia obediência

e disciplina cada qual com seu espaço e suas coisas.

Para quem não sabe, Petrópolis faz bastante frio

e o mesmo favorece a reflexão que juntando

com os chás que Padma fazia, sendo o de gengibre

sagrado, mais a alimentação vegetariana

, os tempos de meditação, os mantras,

as leituras espirituais em pouco mais de vinte e quatro

horas começou a trazer-me experiências muito intensas.

A maior delas, um contato direto com a mente de Buda,

o que levou-me em determinados momentos

a estar com a mente no "mesmo espeço"

que Padma. Num desses momentos, em que meditavamos

um inseto raríssimo pousou em cima do meu braço

e perguntei a Padma porque acontecia isso comigo?

-- Continua praticando para aumentar seu mérito.

Minhas emoções tomavam formas sagradas.

Também surpreendi-me tendo ciúmes de Padma

e Jonh numa tarde em que ele tocava violão

e ela o acompanhava. Chamaram-me para perto,

mas por dentro a inveja estava me queimando.

Houve momentos de grande beleza poética, com a tempestade

e os raios que caiam, iluminando a escuridão das montanhas.

-- Por que será que o universo está respondendo desse jeito?

Ouvi Padma perguntar para mim e Jonh e fiquei em silêncio.

Particularmente a mim, agrada a idéia que a natureza um dia submeta

de vez a corrupção humana que a agride e a enfeia, na maioria das vezes.

Com o clima, a alimentação e as disciplinas, fiquei com a mente limpa,

muito pura

e alerta, com a sensação de que poderia viajar sobre as nuvens e universos

, como se o mundo inteiro fosse como a canção O Delfin Azul e eu

o Boto Iluminado do universo.

Um dia antes de vir embora Padma mostrava seu albun de fotografias

a Emilia, a jovem que estava conosco no retiro e eu olhava o quanto

ela ficava feliz com aquelas viagens que fizera a China, Butão, Indonésia.

Para Padma, a próxima vez que Buda vir a manifestar-se será como

mulher e no altar existia a imagem dessa futura encarnação

em bronze, junto com incensários e outras reliquias

budista e uma vela queimando permanentemente

quando começou um pequeno incêncio, sem que ela

tivesse percebido. Alertei-a, apontando com o dedo

que estava começando a pegar fogo,

com a chama quase chegando no teto.

-- E porque você não apagou, seu revolucionista? Obrigado.

Fiquei calado.

Padma falava com sotaque bem o português, mas na palavra

revolucionário ela escorregava

o que dava um sentido cômico para mim. Na despedida, ela abru a porta,

mas não permitiu que eu a beijasse no rosto. Voltei pela serra pensativo

que nunca mais seria o mesmo; a semente do Buda em mim estava plantada

ou, quem sabe, apenas rememorada.





A BUSCA











Final dos anos oitenta, década de 90





Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo

meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após,

tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um

grau para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro

Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina,

trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é

uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu

interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os cabelos

pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela comia um

lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual que

vivenciarámos. Ela disse-me: -- O ser humano não é feliz porque é

mesquinho. Aprenda isso, Frater. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou

de frente com a verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase

todas es esquinas que passo, aqui e além.



PARANA, SUL DO BRASIL, 2005 - COM INRI CRISTO





Decidi fazer uma investigação particular sobre o Inri Cristo, após

vê-lo algumas vezes na imprensa e viajei ao sul do Brasil, a Curitiba.

Lé chegando, passei uns quatro dias com ele. Fiquei alojado num quarto

que era a réplica, segundo me disseram, de um trem europeu. E passei

uma noite das mais frias da minha vida, debaixo de uns cinco edredons,

pois peguei também as peças da cama de cima; no quarto havia um

boliche, uma televisão, um pequeno aparelho de som e livros e fitas

sobre o INRI, que diz ser a reencarnação de Cristo. Suas díscipulas,

algumas bastante graciosas, se vestem de azul claro e seus discípulos

de marrom. A igreja dele tem uma doutrina própria, porém não

aprofundei-me nela, pois Inri não considera a Virgem Maria com o

sagrado que nós cavaleiros, temos. E O que importa nesses relatos são

a busca pessoal do autor pela verdade e suas experiências espirituais,

ontológicas com a mesma.











Com Inri Cristo tive uma relação bastante humana, diria até demasiado

humana. Naquele tempo eu ainda tinha algo de vermelho politicamente

falando e Inri Fazia ironia dizendo que eu era comuna; divergimos

disso; Inri me surpreendeu com seu liberalismo em economia. Ele

gostava de jogar sinuca e eu falei que se ele perdesse para mim,

realmente eu jamais iria acreditar ser ele o Messias. Mandava ele me

rezar, coisa que as vezes ele esquecia. Nessa luta pela vida para

sobreviver, já me peguei acendendo vela vermelha pra Exu na

encruzilhada.





Sabe como é, abrir caminhos. Um dia porém, compadeci-me dele;

estavamos tranquilamente conversando na cobertura de sua propriedade

quando ele, melancolicamente, virou-se e disse-me que era melhor

sairmos dali das vistas,

pois ele já fora apedrejado. Como pode alguém apedrejar um personagem

tão interessante?

Inri Cristo, assim como Gentileza, foram dois personagens dos mais

poéticos e ricos que cruzei nessa busca de encontrar, nesse planeta de

pouca fineza literária, algum sentido.









 


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