PARANGOLÉ
Carlos Said
Jornalista e professor
... Adrião Neto continua enredado em tarefas difíceis. A sua peregrinação
nacional irradiando polos de integração da cultura brasileira é assunto sério.
O conceituado e vitorioso Adrião Neto (Adrião José Neto: Luís Correia, Piauí, 1951), dicionarista biográfico, historiador, poeta e romancista, através da mais recente publicação (2011): o livro “Parangolé”, pararromance de rara beleza historiográfica, mistura do real (empolgação do “Grito de Independência” estridulado em Parnaíba no dia 19 de outubro de 1822, à saguinolenta “Batalha do Jenipapo”, episódio que culminou com a separação definitiva da terra brasileira do julgo português), com a ficção, reuniu fatos romanesco entre brancos e índios. E por se tratar de caminhada civilizável em torno dos “Sertões de Dentro do Piagohy”, o verdadeiro e a fantasia se misturam ao lero-lero da nordestinês do Adrião Neto. O julgamento do livro dar-se-á pelo estabelecimento da nossa liberdade de expressão sacramentada pela Carta Magna do Brasil.
Mas o que é mesmo “Parangolé”? Na cartilha contendo vocábulos e expressões regionais e de origem indígena tornada útil nas 162 páginas da obra toda de alcance popular, “Parangolé” é explicado como relato floreado e cheio de arrodeio. Ainda assim, adiantamos que “Parangolé” é a facilidade para escrever, eloquência que estimula leitores a se deliciarem com o palavroso estampado nas entrelinhas e comentários de um livro. E não seria diferente na obra de Adrião Neto, pois na sua arguta dissertação sobre o herói indígena Mandu Ladino, as lutas contra os sertanistas, período: 1712-1718, se tornaram na prova completa da existência desse mito selvagem.
Portanto, o “Parangolé” do Adrião Neto está entremeado de leitura fácil. Os textos estão enxutos para compreensão dos leitores que desejarem conhecer mais sobre a História do Piauí. Realidade e ficção no pararromance analisado sob a ótica do interesse geral estão entrelaçados em vinte e nove (29) capítulos que ombrearam ao pacto da “Eterna Aliança” (livro outro lançado por Adrião Neto 2000), celebração do ajuntamento dos primeiros habitantes do litoral piauiense de Amarração, de Itaqui e de Lagoa do Camelo.
Depois da lábia, isto é, do nosso “Parangolé”, ponderamos que Adrião Neto continua enredado em tarefas difíceis. A sua peregrinação nacional irradiando polos de integração da cultura brasileira é assunto sério. Aliás, os patrícios que estão habitando o vasto território de oito (8) milhões de quilômetros quadrados e mais alguma coisa, separados ainda por questões políticas que amesquinham a memória histórica do país, devem abraçar a nobre causa do Adrião Neto, um destemido na intenção criativa do ajuntamento do espaço geográfico brasileiro com os aspectos sociais que traçam as linhas da varorização da nossa etnografia.
Na leveza até folclórica “Parangolé” condensa fatos e acontecimentos histórico-culturais verdadeiros. E nas coincidências, relatos existem. Misturando as semelhanças entre pessoas, nomes populares sobejamente conhecidos, situações hilárias e comoventes também, tudo fortalecendo a lábia a fim de proporcionar o lero-lero como se Simplício Dias da Silva (Parnaíba, Piauí, 1773-1829) e João José da Cunha Fidié (Lisboa, Portugal, 1776 ? –1856) estivessem frente a frente no duelo de armas iguais (espada), nas duas refregas pelo Piauí de antanho: 19 de outubro de 1822 (Parnaíba) e 13 de março de 1823 (Jenipapo, Campo Maior). Lembramos que o episódio do 24 de janeiro de 1823, em Oeiras, reforça argumentos para que “Parangolé” arremede foros de patriotismo regional nas lutas pró independência do Piauí (sic).
Críticas não faltarão. Os elogios serão mais evidentes. Adrião Neto tornou “Parangolé” em obra popular para consulta, pesquisa e divulgação. Consequentemente, arrodeio merecendo aprovação dos historiadores brasileiros.
|