EXPOSIÇÃO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
EM TÓQUIO
L. C. Vinholes
Março e 2011
Com vistas a divulgar a obra dos compositores brasileiros de música clássica, foi organizada, de 11 a 23 de abril de 1977, na Galeria de Arte da Embaixada do Brasil em Tokyo_edn1" name="_ednref1" title="">[i], a Exposição de Música Contemporânea Brasileira, com a apresentação de 300 partituras (impressas e manuscritas) e 70 discos LP das obras de 97 compositores que neste século influenciaram e definiram as diferentes correntes da música brasileira, bem como livros, biografias, fitas cassete etc.
Por ocasião da referida mostra, foi também distribuído ao público brochura sobre a história da música brasileira, com texto extraído da publicação bilíngue francês-inglês 'Arte Brasileira' (1976), editada pelo Ministério das Relações Exteriores; bem como informações sobre a constituição da Sociedade de Música Contemporânea no Brasil, relação de trinta e duas editoras de música brasileira e dos compositores vivos que enviaram suas partituras para figurarem da mostra.
A relação dos nomes de todos os compositores brasileiros representados na mostra figura do verso do convite e a ordem na qual eles aparecem não é a alfabética, mas a resultante de sorteio, razão pela qual o nome de Jorge Antunes aparece em primeiro lugar e o de Reginaldo de Carvalho em último e os de Ayrton Escobar, Agnaldo Ribeiro, Antonio José Madureira e tantos outros iniciados com A não figuram entre os primeiros. O único nome que figura em negrito é o de Villa-Lobos, forma modesta de prestar merecida homenagem.
A repercussão na imprensa fez com que a inauguração da mostra tivesse um numeroso público formado por representantes das instituições brasileiras com escritório no Japão, da comunidade brasileira e por profissionais da música, destacando-se a presença dos compositores Toshi Ichiyanagi - ex-aluno de John Cage -, Sadao Bekker, Yoshino Irino, do maestro Chiyuki Murakata - presidente da Sociedade Villa-Lobos do Japão -, do filósofo-poeta-calígrafo Fauré Harada e dos poetas Niikuni Seiichi e Fujitomi Yasuo, o primeiro presidente da Associação para Estudos das Artes (ASA)_edn2" name="_ednref2" title="">[ii]e líder da poesia concreta no Japão e o segundo poeta pertencente ao grupo VOU_edn3" name="_ednref3" title="">[iii]e tradutor de e.e. cummings.
Todo o material que figurou da mostra foi reunido mediante contato epistolar que mantive com os compositores da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e graças à colaboração efetiva do professor-pianista Paulo Affonso de Moura Ferreira que, a época, presidia a Secção Brasileira da Sociedade Internacional de Música Contemporânea (SIMC) e desempenhava o papel de assessor do Departamento Cultural do Itamaraty. Foi igualmente significativo o envolvimento de compositores e compositoras que, abnegadamente, não só enviaram exemplares de suas obras, mas, também, correspondência apoiando a iniciativa.
No catálogo de divulgação da mostra, o texto em japonês informava que "ela tinha como finalidade possibilitar aos compositores, editores, intérpretes, cantores, críticos, professores e estudantes de música do Japão, entrar em contato direto com farto material relativo à criação dos compositores brasileiros contemporâneos" e, ao mesmo tempo, "permitir que também o público em geral possa fazer uma idéia do que é o movimento musical no Brasil, com festivais, seminários, concursos de composição, concursos para intérpretes que se realizam anualmente nos principais centros culturais do Brasil".
Durante o período da mostra, dias 16, 17 e 23, foram realizadas audições com discos, cintas magnetofônicas, inclusive de música eletrônica, concreta e eletroacústica de autores brasileiros.
Terminada a mostra e sem tempo hábil para, no Japão, dar destino adequado ao material graciosamente disponibilizado pelos seus autores, levei-a para meu novo destino, a Embaixada do Brasil em Ottawa, onde, mais uma vez, tive a oportunidade de exibi-la.
No último trimestre de 1980, paralelamente à exposição providenciei a distribuição à vinte e nove universidades canadenses dos catálogos de obras de compositores brasileiros preparados numa parceria entre a Universidade de Brasília e a Sociedade Brasileira de Música Contemporânea em colaboração com o Departamento de Cooperação Cultural Científica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores. Por incrível que possa parecer, os inúmeros exemplares dos catálogos, editados em de 1975 a 1978, encontravam-se catalogados cada um deles com número de inventário da biblioteca e guardados sem cumprir seu primordial objetivo: chegar às mãos dos interessados canadenses.
_ednref1" name="_edn1" title="">[i]A Galeria de Arte da Embaixada do Brasil em Tokyo foi inaugurada em 05.11.1976, com a exposição de 24 óleos de Kazuo Wakabaysahi.
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