A palavra tem diversas e múltiplas formas de arder: descobri-o em transe, quiçá de inspiração vinda dum ignoto azul celeste, como também fui descobrindo muitíssimas outras coisinhas que, queira ou não queira, fazem parte da enorme massa de sentimentos que me perpassam pelo cérebro e se estiram ao longo do corpo. A alma, essa, tal qual caravela em mar encapelado, ora vai de quilha, ora vai de ré, em velas de seio impante, alvíssara que a natureza me deu para timonar até ao cais do destino. Como nenhuma caravela sobreviveu, também eu, em paz, sei que tenho apenas a praia da memória para deixar o meu casco.
Hoje acordei sem mais nem menos. Era um dia normal como tantos outros aonde se encastoa a minha vida, o tal quadrado de cujo envolvimento procuro fugir sempre que posso e, muitas vezes, mesmo quando não posso, com os prejuízos inerentes à existência do submisso oportuno.
Por volta das 11h00, deste dia 19, as palavras, trepidando silentes, afloraram-se-me à mente a rebentarem de alegria. Se faladas ou escritas as exprimisse de imediato, oh..., só um magnetofone teria capacidade de descrever a melopeia em rusga que marchava àvante, rumo romaria que nenhum dos meus colegas de trabalho, em meu redor, partilhava.
Como se refrescam pois palavras que, neste caso, até estavam a ferver no melhor e mais esplendoroso dos sentidos? Dá-se-lhes banho de água fria, enxugam-se calmente, perfumam-se e veste-se-lhes um terninho sóbrio sobre colarinho o mais alvo possível. Nem é preciso gravata.
Pronto, estão aqui, airosas, desembaraçadas e felizes, para ti (M)inha (A)miga.
----------------- Torre da Guia ------------------