POEMA SEM NOME
para Rosidelma
F. Miguel de Moura*
Ouvi tuas mãos em teclas,
ao toque do órgão
e meu coração tremeu!
Vi tuas mãos de fada
me tocando
até que o sol voou
para manoel de barros.
Até que o grito de meus versos
entraram por tua pele,
por tua alma em chama.
Meu ser te escuta
e se encanta como outrora
ao som dos canarinhos
da gaiola.
E fico besta, sem pestanar,
sem levantar, sem nem querer
terminar meus versos.
Uma alegria, uma tristeza,
uma distância,
austraulopitecamente
santa.
A FLOR, AS FLORES
Francisco Miguel de Moura*
Face em ângulos e triângulos,
ocultas, não cansa de mostrar-se,
encantada em curvas de espírito e luz.
Por que, enfim, nasceu pétalas,
entrâncias e reentrâncias,
lagos, luas, protuberâncias,
se o futuro está distante?
Sóis iluminam suas formas:
pistilos, talos e raízes.
Cada raio de sol dá força
tão estranha e incomum!
Dia avante, passo-mágico,
mais estrelas para a noite
vertical. Vem plácido o dia.
Cabelos d’ouro ou de carmim,
do preto até um branco sem fim.
Perfume abelhudo, vôo-borboleta,
tudo esplende entre você e mim.
Uma cicia a outra, conversando:
- Você já sentiu alguma dor?
- Jamais! Nem quando nasci.
Ai, dores dos mortais de carne e osso,
areia e pedra e vento e ar! Nada podemos
do presente, só olhar. O futuro está em nós.
POEMA DA INQUIETUDE
Francisco Miguel de Moura*
Ai, que vontade de jogar ao mar
os suspiros presos no ventre,
as dores caladas,
as palavras interditas
e aquelas que não foram ouvidas,
e as trevas que se acenderam
no espírito,
numa estação de raiva e desespero!
Que fossem para o fundo profundo
da purificação,
e meu amor nascesse novo,
vindo ninguém sabe donde,
de há trilhões de anos.
E a bondade cobrisse
as faces da terra.
Iluminassem o sol e a lua
eclipsando todas as maldades,
ao encontro da verdade do universo...
Assim teria um Deus
com quem andar conversas
e arrebanhar presentes
para os futuros homens inquietos.
-------------------------------------------------------------
FABULOSO XICO
Para meu amigo poeta,
Francisco Miguel de Moura
Rosidelma Fraga*
Fabuloso Xico,
Aurora do Parnaíba
Bruma de Areias...
Um dia vestiu e bebeu poesia
Lavrou canções e reinventou-se.
Outrora foi flamingo nas asas de um menino
Sempre vivo: metade rio, metade sol...
O Parnaíba até sorriu
de teus olhos azuis
abraçados na cor do mar.
Por celebrar a ti, Xico,
minhas mãos desnudam em canto piauiense,
em versos de minha índia terra...
Em alma desmedida, quase fábula, quase prosa...
Derramo as gotas de palavras, a ti menino,
o quase perdido,
uma vez achado,
jamais esquecido.
________________________________________
*FRANCISCO MIGUEL DE MOURA, poeta e ficcionista, habitante das plagas do Piauí, em Teresina. Poema enviado por e-mail há alguns dias.
**
*ROSIDELMA FRAGA, escritora de Mato Grosso, atualmente professora em
Goiânia-GO, mestra e doutorando em Literatura.
Poema postado no POIESIS ROSIDELMA FRAGA em 11/19/2011 10:56:00 AM, de Rosidelma Fraga
Links:
http://cirandinhapiaui.blogspot.com
|