Somatomegalia projetista, que significa isso? Gigantismo de planos mirabolantes, usando um termo médico para representar o exagero.
“Fugir do Lugar Comum”, seria assim mais simples, algumas vontades sobre as questões que envolvem o concurso público para a contratação de projetos de arquitetura pública.
O concurso é por excelência instrumento de equanimidade, onde se pressupõe a razão como guia de procedimentos, incremento da qualidade para alcance de excelência em todos as etapas da “obra”, desde a sua concepção, configurando forte medida de organização e métodos para o processo de contratação de projetos arquitetônicos pelo poder público.
O concurso é pressuposto da democracia “estrito senso” quando estabelece o melhor caminho do empreendimento, define seus objetivos, elabora o programa de necessidades e formula aos interessados participantes os critérios que devem ser observados para criação da proposta relativa ao objeto do concurso.
Fugir do lugar comum será então precaver-se das reclamações recorrentes: é carta marcada! a proposta vencedora não é boa! o processo foi injusto etc. Enquanto isso vemos perene alguns problemas da profissão do arquiteto que poderiam ser atenuados com a evolução da forma de realização dos concursos.
Esta primeira abordagem é simples, não é somatomegaloica, registra alguns pontos que poderão ser aprofundados pelas entidades de classe dos arquitetos, para posterior encaminhamento aos nossos representantes políticos, na esfera do legislativo:
Ampliar em quantidade a realização de concursos, difundindo-os como forma de contratação de projetos de arquitetura nos vários níveis de governo: local, estadual, federal, dos poderes executivo, legislativo e judiciário
Conferir rubrica própria e alocação de recursos financeiros no orçamento público para a realização dos concursos de projeto de arquitetura pública, visando incorporá-lo aos costumes e “cultura” do processo licitatório
Estabelecer mecanismos de remuneração dos profissionais, ou empresas pré-qualificadas, de modo a viabilizar a participação de profissionais excluídos por questões financeiras e garantir o bom nivel das propostas
Estabelecer níveis hierárquicos concernentes aos pré-requisitos de qualificação e experiência profissional, proporcionais aos níveis de complexidade dos projetos, dando oportunidade à criação de uma nova cultura no meio profissional, de respeito aos profissionais, normalmente contaminada por ideais destorcidos do capitalismo selvagem prevalente em nosso país e no mundo
Universalização dos concursos de projeto de arquitetura em todas as escalas: mobiliário urbano, paisagismo, edificações, sistema viário, todo e qualquer tipo de obra pública seria oportuno incentivar a contratação por via do concurso.
Assim sairiamos do sacrifício? Conseguir êxito significa a conclusão da proposta e a auto-satisfação por realizá-la a contento, ou vencer?
Doxomania? O que é doxomania? É a paixão de conquistar a glória, esta doxomania atinge a todos?
Como diz o nosso mestre Paulo de Mello Zimbres, experiente vencedor de concursos públicos de arquitetura em Brasília: “este projeto dá samba?”