quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Documentação sobre a Operação Condor
Sobreviventes do centro clandestino Automotores Orletti, localizado em Buenos Aires, entregaram ao juiz argentino Norberto Oyarbide cópias de telex e cartas que provam o intercâmbio de informação (entre as ditaduras uruguaia e argentina) para identificar 'subversivos'. Os documentos fornecem uma radiografia muito clara das operações obscuras e ilegais praticadas pelas sedes diplomáticas uruguaias radicadas na Argentina. A reportagem é de Alejandra Dandan, do Página/12
As caixas contêm documentos reservados da ditadura uruguaia, mensagens de telex trocadas entre os consulados uruguaios localizados na Argentina e o Consulado Geral em Buenos Aires, além do Ministério de Relações Exteriores do Uruguai. Os funcionários desses organismos perguntavam-se nas mensagens sobre o número de uruguaios radicados no país e qual poderia ser, por exemplo, o modo de saber quantos deles eram 'subversivos'. Os papeis que contêm nomes, listas de proscritos e comunicações sobre os voos ilegais entre os dois países voltam ao presente para fornecer uma radiografia muito clara das operações obscuras e ilegais praticadas pelas sedes diplomáticas uruguaias radicadas na Argentina. Os documentos foram apresentados por um grupo de sobreviventes uruguaios - encabeçados por Sergio López Burgos - ao juiz Norberto Oyarbide, encarregado da investigação do Plano Condor. Na apresentação, os uruguaios pediram para entrar na ação como querelantes, denunciaram mais de vinte diplomatas e pediram que se inicie uma investigação sobre essa linha diplomática. 'As mensagens trocadas entre os consulados e as embaixadas mostram, por exemplo, como os funcionários pediam ajuda à Polícia Federal para detectar os & 39;elementos subversivos& 39; que operavam na Argentina, disse López Burgos, uruguaio e sobrevivente do centro clandestino de Automotores Orletti e de um périplo de detenções no Uruguai. 'Isso demonstra para nós que a diplomacia era uma fonte de informação e, ao mesmo tempo, uma armadilha. Ente nós, de alguma maneira, começamos a suspeitar disso e, por essa razão, passamos a evitar passar pela embaixada'. Durante a ditadura militar no Uruguai - diz a denúncia apresentada pelas advogadas Mariana Neves e Elizabeth Victoria Gómez Alcorta -, 'o Ministério de Relações Exteriores teve ativa participação no Plano Condor. Aquele órgão desempenhava, entre outras funções, a tarefa de investigar cidadãos uruguaios por solicitação de outros governos sem nenhuma decisão judicial. A partir de informações das agências de inteligência e dos comandos militares, se suspendeu e se negou a muitos cidadãos a documentação necessária para mover-se pelo mundo, conformando assim um ferrolho sobre os cidadãos uruguaios. Isso é, de alguma maneira, o que mostram as caixas de documentos que entregaram a Oyarbide, caixas estas que foram resgatadas depois de mais de um ano de trabalho nos arquivos da Chancelaria uruguaia. Entre os denunciados há, pelo menos, 25 diplomatas de primeiro e segunda linha, 13 militares e 12 civis. Um dos nomes mais conhecidos é o do ex-chanceler uruguaio Juan Carlos Blanco, até o momento o único processado e detido no uruguaio. Mas os arquivos também trazem denúncias contra os embaixadores uruguaios na Argentina: Gustavo Magariños (1975-1978) e Luis Posada Monterio (1978-1980). Também há seis ex-cônsules e ex-funcionários, entre eles Arisbel Arocha e Alberto Voss Rubio que ainda são embaixadores. A conexão diplomática também incluiu aqueles que operaram dois voos clandestinos que saíram de Buenos Aires para Montevidéu com os prisioneiros uruguaios que estavam sequestrados. A linha vermelha Um dos documentos mais eloquentes sobre a linha vermelha dos diplomatas é uma carta de 7 de dezembro de 1978, assinada pelo ministro conselheiro do Consulado Geral de Buenos Aires, Alfredo Menini Terra, e dirigida ao 'embaixador extraordinário e plenipotenciário da República Luis María Posadas Montero'. O documento parece um verdadeiro manual no qual o consulado conta à embaixada quais poderiam ser os melhores modos para transmitir uma informação confidencial. Ou explicam como contar uruguaios em Buenos Aires e como discernir quais deles poderiam ser 'subversivos'. Neste sentido, em um determinado parágrafo, o cônsul afirma: 'Quanto à porcentagem de cidadãos uruguaios que, na avaliação de funcionários consulares, podem ter estado ou estão vinculados a atividades subversivas, naturalmente é uma apreciação muito difícil de fazer. A única orientação que tem o funcionário consular para poder obter essa informação reside em: a) algum tipo de trâmite que motivasse sua intervenção perante as autoridades militares ou policiais, onde se constatasse a atividade subversiva de um cidadão uruguaio; b) a comunicação de Não Autorizado efetuada por nossa Chancelaria ante à solicitação de expedição ou renovação de passaportes'. Mais abaixo, o cônsul conta a seu superior que o Consulado de Rosário encontrou em seus arquivos o registo de quatro cidadãos que tiveram recusado o pedido de expedição de passaporte. E o Consulado de Buenos Aires, entre negativas a passaportes e trâmites 'motivados por atividades subversivas', tem registrados os nomes de 300 cidadãos. A carta, de várias páginas, fala sobre as mensagens cifradas. '...Cabe constar - diz, por exemplo -, que não existe mecanismo de comunicação cifrado de telegramas entre este Consulado geral e os consulados de distrito, ficando como única alternativa para a comunicação ou recepção de informação confidencial a via postal'. Em outro ponto, reflete sobre o que está acontecendo com os uruguaios: '...Chamou a atenção nos últimos tempos que, possivelmente em razão do conhecimento da solicitação prévia de autorização à Chancelaria para expedir ou renovar os passaportes, só se apresentam em nossos consulados na Argentina os cidadãos que não tem nenhum inconveniente...'. Entre os primeiros casos de passaportes que a Chancelaria vetou estavam os de Wilson Ferreira Aldunate, Héctor Gutiérrez Ruiz e Zelmar Michelini. Os três estavam sendo perseguidos no Uruguai e estavam radicados em Buenos Aires. Seis meses depois dessa decisão, Gutiérrez Ruiz e Zelmar Michelini foram assassinados. Os voos Os documentos provam também várias atividades desenvolvidas ad hoc pela Chancelaria. Entre essas provas, está a que partiu dali a ordem de translado massivo dos uruguaios sequestrados em Buenos Aires e que voaram clandestinamente a Montevidéu nos chamados primeiro e segundo voo. Uma das provas aparentemente é um telex de 2 de junho de 1976, identificado como C194/24, assinado pelo ex-chanceler Juan Carlos Blanci e dirigido ao então cônsul em Buenos Aires, Alberto Voss Rubio. No telex, Blanco dá 'a ordem de garantir o translado para a República Oriental do Uruguai de todos os cidadãos uruguaios requeridos pela autoridade competente'. Para López Burgos, a data do telex e o conteúdo do mesmo o convertem em um documento que está falando provavelmente do primeiro voo, uma viagem clandestina e massiva de sequestrados que estavam no centro clandestino de Automotores Orletti e viajaram a Montevidéu. Apesar desse documento ser conhecido no Uruguai, ele não o era para a Justiça argentina. A ação sobre o centro clandestino de Automotores Orletti, seda do Plano Condor em Buenos Aires, terminou no ano passado, mas só se investigou e julgou o que aconteceu dentro das portas do centro clandestino. Tudo o que aconteceu fora dele é matéria de investigação da chamada Causa Condor, que está em mãos de Oyarbide e do promotor Miguel Angel Osorio. Uma das partes dessa ação dorme o sono dos justos aguardando o início da data de julgamento.(Com o Pravda Ru)
Postado por José Carlos Alexandre às 444444">13:45 888888"> 888888">
Obs.: Cínica, essa esquerda terrorista mentirosa, ao classificar a Operação Condor como uma operação clandestina e terrorista dos governos militares sul-americanos, logo eles, que eram comandados por Moscou e Havana, para desencadear focos revolucionários em toda a America Latina, como provam os verbetes abaixo, que constarão de meu livro A Língua de Pau - Uma história da intolerância e da desinformação (F. Maier).
Foquismo- Teoria revolucionária de pau, em que a revolução marxista seria iniciada em pequenos núcleos (focos), para começar a guerrilha rural, com o objetivo de dominar a nação. O foquismo foi sistematizado pelo revolucionário comunista francês Jules Debray, e defendida por Fidel Castro e Che Guevara. O PC do B tentou colocar em prática essa teoria na região do Araguaia. "O treinamento a brasileiros em Cuba continua até os dias atuais, embora somente no terreno político-ideológico, na Escola Superior Nico Lopez, do PC cubano, Escola Sindical Lázaro Peña, Escola de Periodismo José Martí, Escola da Federação de Mulheres Cubanas, Escola da Federação Democrática Internacional de Mulheres e Escola Nacional Julio Antonio Mella, da União da Juventude Comunista. Por essas escolas já passaram mais de 100 brasileiros. Todavia, o mais importante em tudo isso, é que a ida de qualquer brasileiro para fazer cursos em Cuba depende do aval do Partido Comunista Cubano, após entendimentos anteriores, de partido para partido. Atualmente, existem diversos brasileiros, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra vêm recebendo, em Havana, treinamento em técnicas agrícolas, e outros matriculados na Faculdade Latino-Americana de Ciências Médicas. O site do Partido dos Trabalhadores oferece vagas e publica as condições definidas por Cuba para matrícula nessa Faculdade" (Huascar Terra do Valle, in "Histórias quase esquecidas", site Mídia Sem Máscara, 10/2/2003).
Foro de São Paulo (FSP)- Criado em São Paulo, em julho de 1990, sob os auspícios do Partido Comunista de Cuba (PCC) e o Partido dos Trabalhadores (PT). É um movimento neossocialista latinoamericano, planejado por Fidel Castro, para adaptação das esquerdas à nova ordem mundial após a desintegração da União Soviética. Seus líderes são: Fidel Castro (Cuba), Luís Inácio da Silva (Brasil) e Cuauhtémoc Cárdenas (México); outros expoentes do Foro, seguidores da "Teologia da Libertação": ex-padre Leonardo Boff, Pedro Casaldáliga (Bispo de São Félix do Araguaia, MT), Werner Sienbernbrock (Bispo de Nova Iguaçu, RJ) e Samuel Ruiz Garcia (Bispo de San Cristóbal de las Casas, Chiapas, México - um dos líderes do EZLN), além de Frei Beto, editor da revista America Libre, do FSP. O VI encontro do FSP, p. ex., ocorreu em San Salvador/El Salvador, em Jul 1996, quando reuniu 112 partidos políticos de mais de 20 países da região, 187 delegados, 52 organizações, 289 participantes, 144 organizações convidadas, 44 observadores e 35 grupos da América, Europa e África. No encontro realizado em Cuba, em 2001, o FSP apresentou projeto de estender a todos os países da América Latina os padrões de "liberdade de imprensa" existentes em Cuba. Leia "Que é o Foro de São Paulo?", no site Mídia Sem Máscara (www.midiasemmascara.org), edição n. número 4, de 16/10/2002, e acesse http://www.forosaopaulo.org. Leia todas as Atas do FSP em http://www.midiasemmascara.org/arquivo/atas-do-foro-de-sao-paulo.html.
Frente Manuel Rodrigues- Grupo terrorista do Chile, hijo natural del Partido Comunista. O mesmo que Frente Patriótica Manuel Rodriguez. Braço armado do Partido Comunista do Chile, a FMR iniciou as atividades terroristas em 14/12/1983, com explosões em vários pontos de Santiago e interferências radiofônicas. O nome advém do herói da independência do país contra a Espanha. Desde 1987, a FMR dividiu-se nas seguintes facções: Frente Manuel Rodriguez - Autónomo, Movimiento Manuel Rodriguez, Ejército de Liberación Nacional e Destacamento Raul Pellegrin. A FMR utilizava empresas de fachada, como pesqueiros (Chompalhue, Astrid Sue) e viveiros flutuantes de pescado para contrabandear armas, explosivos e munições para o Chile, ao custo de 25 milhões de dólares, repassados por Cuba e Nicarágua ao PC chileno e FMR, dinheiro esse oriundo de países que fomentavam o terror, como URSS, Alemanha Oriental, Bulgária e Líbia. Os arsenais de guerra encontrados em agosto de 1986 em poder da FMR foram os maiores já vistos na América Latina. Locais dos arsenais: Carrizal (o maior de todos), Palo Negro, mina abandonada de Cerro Blanco, Paine, Pintana (Santiago) e periferia de Santiago (Calle Tucapel no. 1635). Entre 6 e 21 de agosto, foram encontrados: 3.118 Fz NA M-16, 114 Lç foguete antiblindagem soviéticos RPG-7, 102 Fz de assalto belgas FAL, 6 Mtr NA M-60, 167 foguetes antiblindagem NA LAW, 5 Fz Lç Gr M-79, 1 escopeta de repetição cal 12, 1.959.512 car para Fz M-16, 4.205 car para FAL, 2.700 car para Mtr M-60, 965 car para Fz AKA, 1.979 granadas de mão soviéticas, 1.859 bombas para Mrt M-79, 2.204 kg de TNT em cubos, 796 kg de explosivos plástico T-4, 100 rolos de estopim, 4.700 detonadores, 10.140 "tirafrictores" para cargas explosivas, 1.514 carregadores sobressalentes para Fz M-16, 521 carregadores sobressalentes para FAL, 716 cargas de projeção para RPG-7 e 54 cargas de projeção para Mrt 81 mm - além de barcos, veículos, botes de borracha, equipamento de comunicações e material de campanha (Cfr. LONFAT, 1988: 55). No dia 7/9/1986, a FMR promoveu atentado contra o presidente Augusto Pinochet, que escapou ileso. Na ocasião, morreram 5 militares, e 7 militares e 1 detetive ficaram feridos - todos da comitiva presidencial. Em 1993, promoveu dois atentados à bomba a lojas da McDonald’s e uma tentativa de ataque a bomba a uma lanchonete Kentucky. A FPMR fez, no Brasil, pelo menos 3 assembleias anuais clandestinas, que ocorreram em algum dos três Estados do Sul, em 1990, 1992 e 1994. O chileno Maurício Hernández Norambuena comandou o sequestro do publicitário brasileiro Washington Olivetto, ocorrido no dia 11/12/2001, e foi preso com mais 5 comparsas em São Paulo. Norambuena foi um dos dirigentes da FPMR, é acusado de ter sido um dos atiradores no atentado ao general Pinochet e de ter planejado o assassinato de vários agentes chilenos, como Roberto Fuentes Morrison. Atualmente, Norambuena é um dos chefes da Frente Patriótica/Dissidentes (FPMR/D). Condenado no Chile à prisão perpétua, pelo sequestro e assassinato do Senador Jaime Guzmán, Norambuena fugiu de um helicóptero do presídio de segurança máxima de Santiago, o CAS (Cárcel de Alta Seguridad). A operação foi batizada no Chile como a "fuga do século". Outros três "frentistas" fugiram na operação: Ricardo Palma Salamanca, Patrício Ortiz Montenegro e Pablo Muñoz Hoffmann. Entre os 10 foragidos do Caso Abílio Diniz (sequestro, realizado por integrantes do MIR em 1989), havia membros da FPMR. A FPMR também é acusada de ser responsável pelos sequestros do banqueiro Beltran Martinez, do Bradesco, em 1986, e do publicitário Luiz Sales, em 31/7/1989, sequestrado durante 65 dias e libertado após o pagamento de US$ 2,5 milhões. No dia 8/12/1992, foi sequestrado o publicitário Geraldo Alonso Filho, solto após 36 dias e o pagamento de US$ 3 milhões. A FPMR edita a revista trimestral El Rodriguista e tem um site, www.fpmr.org.
Libro Blanco- Libro Blanco del Cambio de Gobierno en Chile, de 11 de setembro de 1973, impresso e editado por Editorial Lord Cochrane, S.A., Santiago, Chile. O livro documenta toda a prática revolucionária ocorrida no Chile, sob o governo de Salvador Allende (1970-1973), que preparava um autogolpe para implantar o socialismo no país, já que havia conquistado apenas 36,5% dos votos e não detinha controle sobre o Congresso, a Justiça e as Forças Armadas; documenta a estreita ligação de Allende com o regime de Fidel Castro, as escolas de guerrilhas no país (há uma foto em que Allende faz treinamento de tiro com uma metralhadora .30 em sua residência oficial de El Cañaveral - um centro de guerrilha -, escudado por um "conselheiro" ou guerrilheiro cubano); documenta a política de "expropriação" de fazendas e indústrias (no final do governo Allende, 80% da economia do país estava nas mãos do Estado); documenta a ligação de Allende com a UP, o MIR, o MAPU, o Partido Comunista e o Partido Socialista, libertando, logo que assumiu a Presidência, líderes do MIR: Luciano Cruz, Miguel e Edgardo Enriquez, Bautista Van Schouwen, Humberto Sotomayor, Sergio Zorrilla, Joel Marambio e Andrés Pascal Allende (sobrinho do ex-presidente Allende, filho de sua irmã e ex-Deputada socialista, Laura Allende), que haviam sido presos por atos de violência e delitos comuns (principalmente roubos a bancos), cometidos no governo anterior; documenta que os responsáveis pelas escolas de guerrilhas de Guayacán (Santiago) e Chaihuín (Valdivia), presos no governo anterior, foram soltos, e que um dos guerrilheiros, Adrián Vasquez, ocupou de imediato a vice-presidência do INDAP (Instituto de Desarrollo Agropecuario) e outro, Rolando Calderón, chegou a ser Ministro da Agricultura de Allende em 1972 e ocupou importantes cargos em seu Partido e na CUT (Central Única de Trabajadores); documenta que uma das filhas de um sobrinho de Allende, líder do MIR, casou-se com graduado membro da embaixada cubana, Luís de Ona, que era responsável pelo Escritório de Havana para a coordenação da expedição de Che Guevara à Bolívia; documenta que no período de 1/11/1970 a 5/4/1972, 1.767 fazendas foram "expropriadas" por bandos armados do MIR; documenta que as principais minas de cobre foram controladas pelo Partido Comunista (Mina de Chuquicamata, na Província de Antofagasta - maior mina de cobre a céu aberto do mundo; e a Mina El Teniente, na Província de O’Higgins - a maior mina de cobre subterrânea do mundo); documenta que após o contragolpe de Pinochet foram encontradas vultosas somas de dinheiro com ministros de Allende, e que entre 1970 e 1973 o Chile se tornou o principal fornecedor de cocaína da América do Sul; documenta que antes do contragolpe de 1973 aproximadamente 100 pessoas perderam a vida durante o governo Allende em seu nada pacífico "caminho chileno para o socialismo"; documenta que no início do Governo Allende 1 dólar equivalia a 20 escudos e que em agosto de 1973, 1 dólar equivalia a 2.500 escudos - uma inflação de mais ou menos 12.000% no período; em 1972, a economia chilena estava em ruínas, dos 3.000 produtos domésticos básicos, mais de 2.500 não estavam disponíveis; em janeiro de 1973 começou um racionamento, as filas eram tão grandes que impediam o povo a ir ao trabalho; em 7/9/1973 (4 dias antes do contragolpe militar), Allende anunciou publicamente que havia farinha para pão somente para mais 3 dias; documenta o ingresso de estrangeiros extremistas no país, calculado entre 10.000 e 15.000, muitos dos quais ocuparam cargos em empresas estatais, outros engajaram-se em diversos tipos de atividades revolucionárias, sob a proteção do serviço de investigação estatal; muitos destes foram mortos em ações de roubos ou se mataram com seus próprios explosivos; entre estes, havia asilados ou refugiados vindos do Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, São Domingos, Nicarágua, Honduras etc.; "estudantes" ou "técnicos" vindos de empresas estatizadas da URSS, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental; e "diplomatas" cubanos e norte-coreanos; documenta o contrabando de armamento, adquirido em "viagens internacionais" do presidente Allende, principalmente com a ajuda da empresa aérea estatal Lan, sem fiscalização da aduana no retorno ao país; documenta os comandos comunales, agrupamento territorial de organismos revolucionários, e os cordones industriales, redes de trabalhadores de indústrias usurpadas ou estatizadas por Allende, também com base territorial para a violência política; documenta que em agosto de 1973, 1 mês antes do contragolpe de Pinochet, Fidel Castro mandou ao Chile dois de seus maiores "especialistas" em organização de violência política: o 1. ministro-substituto, Carlos Rafael Rodriguez, e o chefe da temida polícia secreta, Manuel Piñero, o "Barbarroxa", com a seguinte carta (tradução do capitão José Acácio, ex-auxiliar do adido do Exército Brasileiro no Chile):
Havana, 29 de julho de 1973
Querido Salvador
Com o pretexto de discutir contigo questões referentes à reunião de países não-alinhados, Carlos e Piñero realizam uma viagem para aí. O objetivo real é informar-se contigo sobre a situação e oferecer-te, como sempre, nossa disposição de cooperar frente às dificuldades e perigos que obstaculizam e ameaçam o processo. A estada deles será muito breve, porquanto têm aqui muitas obrigações pendentes e, não sem sacrificar seus trabalhos, decidimos que fizessem a viagem.
Vejo que estão, agora, na delicada questão do diálogo com a D. C. [Democracia Cristã]em meio aos graves acontecimentos, como o brutal assassinato de seu ajudante-de-ordens naval e a nova greve dos donos de caminhões. Imagino a grande tensão existente devido a isso e teus desejos de ganhar tempo, melhorar a correlação de forças para o caso de que comece a luta e, se possível, achar um caminho que permita seguir adiante o processo revolucionário sem guerra civil, junto com salvar tua responsabilidade histórica por aquilo que possa ocorrer.
Estes são propósitos louváveis.
Mas, no caso da oposição, cujas reais intenções não estamos em condições de avaliar daqui, empenhar-se em uma política pérfida e irresponsável exigindo um preço impossível de pagar pela Unidade Popular e a Revolução, o qual é, inclusive, bastante provável, não esqueças, por um segundo, da formidável força da classe trabalhadora chilena e do forte respaldo que te ofereceram em todos os momentos difíceis; ela pode, a teu chamado, ante a Revolução em perigo, paralisar os golpistas, manter a adesão dos vacilantes, impor suas condições e decidir de uma vez, se for preciso, o destino do Chile. O inimigo deve saber de que dispões do necessário para entrar em ação. Sua força e sua combatividade podem inclinar a balança na Capital a teu favor, inclusive, quando outras circunstâncias sejam desfavoráveis.
Tua decisão de defender o processo com firmeza e com honra, mesmo com o preço da própria vida, que todos te sabem capaz de cumprir, arrastarão a teu lado todas as forças capazes de combater e todos os homens e mulheres dignos do Chile. T eu valor, tua serenidade e tua audácia nesta hora histórica de tua pátria e, sobretudo, teu comando firme, decidido e heroicamente exercido, constituem a chave da situação.
Faz Carlos e Manuel saberem em que podem cooperar teus leais amigos cubanos.
Te reitero o carinho e a ilimitada confiança de nosso povo.
Fraternalmente,
Fidel Castro
O Libro Blanco documenta o "Plano Z" para a tomada do poder, onde constavam três hipóteses de ação revolucionária (Z-A: início do autogolpe para impor a ditadura do proletariado; Z-B: morte de Allende em atentado; e Z-C: invasão externa com tolerância ou cumplicidade das Forças Armadas); o emprego de forças populares, princípios básicos para desencadear o plano: assassinato do Alto Comando das unidades das Forças Armadas (no dia da Independência do país, haveria um banquete oferecido ao Alto Comando, ocasião em que os chefes militares seriam assassinados pelo GAP - a guarda pretoriana de Allende), controle das unidades militares com auxílio de oficiais esquerdistas infiltrados, controle das estações de telecomunicações, de rodovias, ferrovias e aeronaves com destino aos aeroportos de Santiago, Valparaíso, Concepción e Antofagasta, ocupação e defesa de centros estratégicos, além da busca, prisão e aniquilamento de todos os focos de resistência; documenta que Cuba foi o principal fornecedor de armamento a Allende, que o "presente" de Fidel Castro encontrado no apartamento do Diretor do Serviço de Investigação, Eduardo "Coco" Paredes, superava uma tonelada de armamento sofisticado e munição; além do contrabando, o arsenal era aumentado com roubo de armamento do Exército e outras fontes, e guardados em local oficial "seguro", como as residências oficiais do Presidente ou distribuídas a grupos paramilitares; documenta a enorme quantidade de armamento apreendida na residência oficial de El Cañaveral e no Palácio de La Moneda, a saber: 147 fuzis semi-automáticos, 10 carabinas semi-automáticas, 10 carabinas Mauser, 1 carabina Winchester, 54 pistolas automáticas, 13 rifles, 28 pistolas semi-automáticas, 11 revólveres, 2 pistolas para disparo de bombas de gás lacrimogêneo, 3 metralhadoras, 9 lançadores de foguetes (modelo soviético), 2 canhões sem recuo, 1 morteiro, 58 baionetas para fuzis, 58 granadas de mão, 625 bombas caseiras, 832 bombas com alto poder explosivo, 68 lança-granadas, 236 minas antitanque, 432 bombas de gás lacrimogêneo, 12 lança-gás paralisante (tipo spray), 25.000 detonadores elétricos, 1.500 detonadores a mecha, 22.000 metros de estopim, 3.600 m de cordão detonante, 625 kg de cloreto de potássio, 50 caixas de dinamite, 250 kg de TNT, 750 coquetéis molotov, 230 litros de éter sulfúrico (elemento incendiário), mais de 80.000 carregadores de todos os tipos, e outros tipos de equipamentos. Rendido no palácio de La Moneda, Allende concordou em sair com as filhas, porém elas saíram primeiro, ocasião em que Allende suicidou-se com um tiro debaixo do queixo com uma metralhadora presenteada por seu amigo Fidel Castro; tal fato foi presenciado por seu médico particular, Patricio Guijon Klein. (Em 2011, o corpo de Allende foi exumado e se comprovou que ele se suicidou.) Sem o apoio da massa de trabalhadores, paramilitares estrangeiros extremistas organizaram sua própria revolta contra o novo governo militar; depois de alguns meses, 1.261 pessoas perderam a vida (sendo 82 membros das Forças Armadas). Apesar do apoio cubano - confirmado por Fidel Castro mais tarde em um comício-show -, a esquerda foi severamente derrotada, já que não teve apoio popular. Dado que 2.279 pessoas (incluindo 254 vítimas do terrorismo de esquerda) devam ter sido mortas em todo o período de 17 anos de regime militar, a metade dessas mortes ocorreram na curta guerra civil após a queda de Allende, não na subsequente "repressão". Leia o livro de Robin Harris, A Tale of two Chileans: Pinochet and Allende, que discorre sobre o conteúdo do Libro Blanco.
OLAS- Organización Latinoamericana de Solidaridad: no dia 16/1/1966, 1 dia após o término da Tricontinental, em Havana, Cuba, as 27 delegações latino-americanas reuniram-se para a criação da OLAS, proposta por Salvador Allende. O terrorista brasileiro Carlos Marighela foi convidado oficial para a Conferência da OLAS em 1967. Ola, em espanhol, significa "onda", seriam, pois, ondas, vagalhões de focos guerrilheiros espalhados por toda a América Latina, como disse o próprio Fidel Castro: "Faremos um Vietnã em cada país da América Latina". Após a Conferência, começam a surgir movimentos guerrilheiros em vários países da América Latina, principalmente no Chile, Peru, Colômbia, Bolívia, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela. A OLAS, substituída pela JCR, tem sua continuidade no Foro de São Paulo (FSP) e no Fórum Social Mundial (FSM).
Operação carta de amor perfumada- Os falsificadores do Instituto 631, com sede em Moscou, conseguiam nomes e endereços de integrantes das Forças Armadas da Alemanha Ocidental e então usavam mulheres para escrever centenas de cartas de amor em papel perfumado e redigidas de modo a não deixar dúvidas quanto aos laços íntimos entre a mulher que escrevia e o homem que recebia. Os falsários conseguiam fazer entregar as cartas nos horários em que o marido estava no serviço, ocasião em que muitas mulheres caíam na armadilha e abandonavam o lar.
Operação Condor- Operação conjunta de governos de países sul-americanos para fazer face aos movimentos terroristas-marxistas do final da década de 1960 e início da década de 1970, desencadeados a partir da Revolução Cultural (China) e da OLAS (Cuba). Há livros que tratam do assunto, como Operação Condor - terrorismo en el Cone Sur, do jornalista Nilson Cezar Mariano, e Social Justice, publicado em 1999, da pesquisadora Patrice McSherry, professora de Ciências Políticas da Universidade de Long Island, EUA, em que há um artigo sobre a Operação Condor. Essa Operação não foi um acordo multilateral terrorista de governos latino-americanos, como propaga a esquerda, mas, sim, um acordo legítimo de defesa conjunta de países contra movimentos terroristas, patrocinados por países totalitários comunistas (URSS, China, Cuba), que queriam implantar, não a democracia, porém a ditadura comunista em todo o continente. Se existiu a Operação Condor, ela foi tão legítima como hoje é a Interpol e os acordos bilaterais de segurança entre países, para enfrentar em conjunto o terrorismo e o crime transnacional. No Brasil, se as Forças de Segurança não tivessem desbaratado a Guerrilha do Araguaia, ainda hoje poderíamos estar vivendo uma guerra civil, a exemplo da Colômbia. Nesse caso, o Governo Federal poderia estar hoje negociando, p. ex., com José "Tirofijo" Genoino, a entrega de uma extensa região do Araguaia aos guerrilheiros das FARB, para "conversações de paz", como ocorreu na Colômbia das FARC durante o Governo de Andrés Pastrana. O Sendero Luminoso e o Tupac Amaru (Peru), atualmente sob certo controle, e as FARC e ELN (Colômbia) são os "filhotes" mais duradouros da OLAS de Fidel Castro, que prometeu "criar um Vietnã" em cada país sul-americano. Cínicos, esses esquerdistas! Falam mal da Operação Condor, logo eles, que ontem se uniram ao PC cubano e à KGB, criaram a OLAS e dezenas de grupos terroristas para infernizar a América Latina, e hoje estão à frente de movimentos que ainda sonham em implantar o comunismo na região, como a ALBA, o Foro de São Paulo e o Fórum Social Mundial. El cóndor pása... toca a flauta indígena do Peru. E os urubus socialistas apertam o nariz, denunciando o mau cheiro que eles mesmos provocaram.
Operação Drogas- Lançada pela China e depois copiada pela URSS na década de 1960, para levar os jovens e as crianças do Ocidente ao vício. Desde o fim da década de 1960, o consumo de drogas aumentou de forma alarmante em todo o mundo ocidental. O haxixe, a maconha, a cocaína, a heroína, o ópio e o LSD tornaram-se drogas comuns. Os quintas-colunas vermelhos também introduziram as drogas entre os soldados americanos que combatiam no Vietnã, como afirmou Chou En-lai ao presidente Nasser, em Alexandria: "Quanto mais tropas eles mandarem para o Vietnã melhor para nós, pois nos apossaremos delas para lhes sugarmos o sangue" (HUTTON, 1975: 259). Teria sido uma vingança da China, que havia sido derrotada pelo Reino Unido na chamada "Guerra do Ópio"? "Entre 1965 e 1967, os chefes subversivos de Mao Tse-tung e suas redes concentravam-se em greves, demonstrações, tumultos e atos terroristas de toda espécie, e quando os sucessos continuavam, um depois do outro, provando a eficiência das redes instaladas. Pequim resolveu aumentar a pressão. A divisão especial da subversão da China vermelha enviou uma instrução em código para todos os seus agentes avisando-os para estarem alertas esperando as entregas contrabandeadas de grandes quantidades de toda sorte de drogas. A ordem era ‘aproveitar todas as oportunidades para intensificar o vício de drogas’ " (idem, 173).
Operação infiltração com explosivos- É como na língua de pau socialista se chama um "atentado com explosivos". "Comunicamos que asumimos la autoría de la operación de infiltración con explosivos en el interior de Consulado de Brasil, ejecutada hoy martes 23 de marzo" (Comunicado do MIR, grupo terrorista do Chile, assumindo a autoria dos atentados no Consulado brasileiro em Santiago, no dia 23/03/2004). Motivo: o Brasil condenou a 30 anos de prisão Maurício Hernández Norambuena, 2. homem da Frente Patriótica Manuel Rodriguez, um dos sequestradores do publicitário Washington Olivetto.
Escolas de subversão e espionagem- Durante a Guerra Fria, havia importantes escolas de subversão e espionagem, tanto na antiga URSS, como na China.
Um clássico sobre o assunto é o livro de J. Bernard Hutton, Os Suversivos - A primeira revelação mundial do plano comunista de conquista do mundo ocidental. Na China, a Escola da Província de Chekiang preparava subversivos e espiões para atuarem na Alemanha, Suíça e Áustria; a Escola da Província de Honan para atuação na França, Itália e Espanha; e a Escola da Província de Chekiang para atuação no Japão e outros países da Ásia. Os cidadãos soviéticos escolhidos para trabalhar no estrangeiro, como chefes de subversão clandestina, recebiam seu treinamento em setores especiais das mesmas escolas que formavam os ases da espionagem. Na URSS, havia as seguintes escolas:
Escola de Gaczina: era a mais conhecida de todas as escolas da antiga União Soviética e preparava os espiões para atuar em países de língua inglesa. Situada a 150 km de Kuibyshev, ocupava uma área de 250 km²; dividia-se em quatro setores: América do Norte (Setor Noroeste); Canadá (Setor Norte); Reino Unido (Setor Nordeste); e Austrália, Nova Zelândia, Índia e África do Sul (Setor Sul); cada setor era independente e não havia comunicação entre eles;
Escola de Prakhovka: situada a 100 km ao norte de Minsk, capital da Bielorússia, tinha 500 km² de área; durante a II Guerra Mundial, quando Hitler tomou a Bielorússia, Prakhovka foi evacuada conforme a política de terra arrasada de Stálin, e uma Escola de Emergência foi organizada em Ufa; Prakhovka foi reaberta em 1947. Tudo era igual à Gaczina, em todos os detalhes; dividida também em setores, preparava espiões para atuação na Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia (Setor Norte); Holanda (Setor Sudoeste); Áustria e Suíça (Setor Sul); e Alemanha (Setor Sudeste);
Escola de Stiepnaya: situada a mais ou menos 200 km ao sul de Chkalov, preparava subversivos e espiões para trabalhar nos países latinos: França (Setor Noroeste); Espanha (Setor Norte); Itália (Setor Nordeste); e Portugal, Brasil, Argentina e México (Setor Sul);
Escola de Vostocznaya: situada a uns 160 km de Khabarovsk, cuidava dos países da Ásia e do Oriente Médio; e
Escola de Novaya: situada a 100 km a sudoeste de Tashkent, treinava espiões para a África.
Na antiga URSS, antes do ingresso nas escolas de espionagem acima citadas, os cidadãos escolhidos para essa carreira tinham que realizar quatro estágios:
1. estágio: era realizado na Escola Marx-Engels, em Gorky, perto de Moscou; durante o estágio, que durava quatro meses, os integrantes viviam coletivamente e assinavam um compromisso de jamais revelar qualquer coisa sobre a Escola; o horário era inflexível: de 7 da manhã às 10 horas da noite, proibidos de sair do recinto da Escola, num prédio retirado da rua, cercado por altos muros. O objetivo específico nesse Estágio era garantir que todos fossem "instruídos na ideologia comunista e sigam acostumando-se a pensar e agir como um clássico bolchevista";
2. estágio: os recrutas aprovados no 1. Estágio seguiam para a Escola Técnica Lênin, situada em Verkhovnoye, a 80 km de Kazan; consistia de edifícios em área de mais ou menos 4 km², tudo cercado por altos muros. Os recrutas eram transportados em veículos da KGB e durante a viagem não podiam manter contato com o mundo exterior. A vida era espartana, com um formidável horário de estudos; eram proibidos de informar onde se encontravam e o que estavam fazendo, mas tinham licença para se comunicar com a família mediante endereço intermediário. Até aí, os recrutas ainda ignoravam que estavam sendo escolhidos para possíveis agentes clandestinos do serviço secreto de Moscou. O treino na Escola durava 12 meses e os estudantes de ambos os sexos passavam por vigorosos treinos de combate: subiam em montanhas, rastejavam sob arame farpado, atravessavam pântanos e rios e faziam longas marchas carregando equipamento pesado; aprendiam a se defender com judô, jiu-jitsu, karatê e outras formas de ataque e defesa, como boxe e luta livre; manejavam armas de fogo e praticavam destruição de pontes, edifícios e instalações militares com dinamite, TNT, gelignite e explosivos plásticos, fabricação de bombas e descoberta de armadilhas e bombas ocultas, e a forma de desarmá-las. Essa fase incluía a destruição de fechaduras, portas fortes e cofres à prova de arrombamento. Aprendiam ainda a luta de guerrilhas; recebiam depois um curso de dopagem e envenenamento de bebidas, doces, comidas, cigarros e charutos; recebiam instruções sobre o uso de drogas e os antídotos que deveriam tomar quando fossem obrigados a engolir drogas. Outro curso especializado ensinava os alunos a ligar escutas clandestinas em linhas telefônicas e a utilizar microfone de grande poder; estudavam as formas de recepção e transmissão de rádio, microfilmagem e micropontos, codificação e decifração. Depois do curso, havia o exame final e os recrutas eram transportados para o centro de recreação de Oktyabr, nas montanhas do Cáucaso, em Kyslovodsk, onde gozavam de merecidas férias de um mês ou mais;
3. estágio: os recrutas que foram afinal escolhidos como "servindo para atividades subversivas clandestinas no exterior", iam passar um ano com instrutores que verificavam suas aptidões para modalidades específicas de trabalho de subversão e de adaptabilidade a determinados países. Esse período era ainda mais duro que os treinamentos anteriores. A polícia secreta prendia um estagiário e o levava para a sede central como se ele fosse realmente um agente estrangeiro surpreendido em flagrante; interrogatórios especializados submetiam a "vítima" a uma lavagem de cérebro, à chamada interrogação de 3. grau e de todos os outros métodos usados para conseguir confissões ou informações; depois de passar pelo teste (a maioria passava), o recruta era levado à presença de seus interrogadores e então era explicado que tudo era apenas mais um teste; eram elogiados por resistir, mas antes de serem liberados deviam jurar manter segredo daquilo junto aos outros recrutas que ainda iriam passar pela prova; só então o estagiário era julgado apto a frequentar uma escola dos ases da espionagem soviética, cujo treino iria durar 10 longos anos; e
4. estágio: os cidadãos soviéticos escolhidos para trabalhar no estrangeiro, como chefes de subversão clandestina, recebiam treinamento em setores especiais das mesmas escolas que formavam os ases da espionagem (veja Escolas mencionadas acima). A Escola mais conhecida era a de Graczina, que formava subversivos e espiões para atuarem em países de língua inglesa. Desde que chegavam a Graczina, todos os estudantes só podiam falar inglês; recebiam um nome inglês e eram obrigados a esquecer a língua russa e a nacionalidade soviética; o período de 10 anos em Graczina era considerado pelos diretores do serviço secreto como o mínimo essencial para o condicionamento do cérebro humano à nova língua. Eram despertados à noite e obrigados a responder perguntas inesperadas, qualquer um deles em seu papel de espião estava convencido de sua nova identidade; os diretores achavam que nem tortura, lavagem de cérebro ou drogas conseguiriam dobrar os seus agentes; no setor do Reino Unido em Graczina, existiam réplicas perfeitas de ruas, casas, cinemas, restaurantes, bares, pensões e outros estabelecimentos tipicamente ingleses; as roupas usadas eram inglesas, os estudantes viviam em pensões, apartamentos, comiam refeições tipicamente inglesas, como batatas assadas, rosbife, pudim Yorkshire e peixe; andavam em ônibus ingleses, gastavam dinheiro inglês, liam jornais ingleses e assistiam programa de TV gravados na Inglaterra; os professores da língua inglesa eram membros do Partido Comunista (PC) escolhidos a dedo, antigos cidadãos do Reino Unido que desprezavam a pátria e se tornaram cidadãos soviéticos. Mais pessoas naturais da Inglaterra contribuíam para que o ambiente fosse autêntico, como garçonetes, polícias de rua, motoristas de ônibus, recepcionistas de hotel e outros. Esse treino geralmente levava cinco anos; não houve um só aluno de Graczina que tivesse sido preso pela Scotland Yard ou pelo FBI que se deixasse trair por sua imperfeição de linguagem. Os outros cinco anos eram destinados a trabalhos especializados para a prática da moderna técnica de espionagem: códigos (memorização de), comunicações por rádio (montagem e desmontagem de aparelhos de recepção e transmissão; usavam equipamentos modernos que podiam transmitir e receber longas mensagens em segundos); aprendiam a utilizar os mais modernos aparelhos fotográficos, que reduzem plantas de grandes dimensões a pontos microscópicos. Depois de dez anos, os estudantes saíam da Escola mais ingleses do que muitos ingleses legítimos.
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