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Artigos-->Paul McCartney vive! -- 24/02/2002 - 01:52 (Edson Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Primeiro foi a separação em 1970. Não foi ou não deveria ter sido surpresa para ninguém quando os Beatles anunciaram o seu fim. Embora ainda se encontrassem e gravassem juntos, já estavam distantes entre si desde o surgimento das fortes influências de Yoko e Linda, esposas de John e Paul respectivamente, e da constatação mais do que tardia de que cada um tinha seu próprio pensamento, projetos pessoais e de carreira.

Cada qual seguiu seu rumo e aqui ou ali era possível detectar um suspiro “beatle” nos trabalhos de cada um. Há canções em álbuns individuais que refletem essa característica e que, às vezes, parecem fetos de gravações oficiais dos quatro onde faltou a presença dos companheiros e, é claro, de George Martin, responsável por alguns dos melhores arranjos escritos para música popular no século passado, e que acompanhou os rapazes até o fim, e além do fim.

Embora todos gravassem, o único que manteve uma carreira sólida, constante e milionária foi Paul McCartney, aquele mesmo que ainda nos anos 60 foi vítima (ou réu?) de uma polêmica onde muitos o consideraram morto. Ainda hoje é possível visitar sites específicos onde se pode obter fotos e dicas que eram encontradas em cada disco do grupo, desde pés descalços até faixas que ouvidas de trás para frente (pobre pick-up!) funcionavam como mensagens em código.

O sonho de um retorno, se é que alguém ainda o embalava, acabou em 1980 com o assassinato de John Lennon, que o promoveu automaticamente a mito, o que é comum acontecer com os ídolos de massa, aqui e no mundo todo, qualquer que seja o quilate. Com ele, foi-se o bom humor, a ironia, a amargura, o lado político e o lado mais “rock and roll” (no sentido mais amplo da expressão) do grupo. Ouviu-se muito mais John Lennon desde então, do que quando ele vivia e era um rebelde com causa. Até a reunião dos outros elementos tornou-se possível após a tragédia para rememorar, comemorar datas e até lançar músicas novas/velhas. E, é obvio, mais dólares para cada cofrinho.

Em 2001 foi a vez de George Harrison. Um câncer levou embora o lado mais técnico e místico dos Beatles. Embora fosse um músico inconstante após a dissolução do grupo, fez trabalhos de cunho filantrópico, trabalhou com Bob Dylan e Roy Orbison, entre outros, foi visto em autódromos, inclusive no Brasil, sofreu um assalto que alguns chamaram de atentado, flertou com “Anna Julia” e chegou até a produzir um filme estrelado pela Madonna (“Shangai Surprise”, um fracasso). Mas é inegável a sua ousadia de incluir cítaras, melodias e climas orientais no trabalho coletivo, além, é claro, do seu virtuosismo na guitarra.

Restam apenas dois. Ou três, se considerarmos George Martin como sendo “o quinto Beatle”, título merecido, na minha modesta opinião. Embora ainda em atividade, Martin já completou 76 anos e corre o risco de passar o resto dos seus dias montando espetáculos orquestrais em cima do velho repertório da banda. Ringo gravou, tentou o cinema, gravou de novo, várias vezes, sumiu, reapareceu, lutou contra as drogas (e parece ter vencido), sumiu de novo, voltou a gravar e fazer excursões, sempre rodeado de outros músicos de renome, mas ainda assim, o ritmo, o swing, a batida, o glamour hollywoodiano, um pouco do jazz dos Beatles está aí.

E Paul McCartney, o lado mais melódico do grupo. Mesmo que alguns o considerem “tolinho”, Paul levou para o som dos rapazes o jazz, o country, o charleston, o reggae, e dividiu com John a marca registrada de uma parceria que, embora hoje se saiba que não era tão constante, vai ecoar por muitos anos ainda em canções que irão e voltarão. Se John era “a cabeça” do grupo, como dizem alguns, Paul seria “o coração”. Embora me pareça que nas ações e reações John sempre se mostrou mais impulsivo enquanto Paul nunca deu ponto sem nó (ou seria pauta sem nota?). Paul fez sucesso, virou “Sir”, perdeu a esposa, arranjou outra, tem filha estilista, continua gravando, teve sua “Yesterday” (só dele, mas assinada por Lennon e McCartney) eleita a música do século, continua excursionando pelo mundo todo, compondo músicas populares ou escrevendo oratórios inteiros, relembrando o velho repertório, mas às vezes aparece com disco novo, nostálgico ou remoçado.

Em resumo, o único Beatle que um dia foi tido como morto está mais vivo do que jamais esteve. “Te cuida”, Ringo Starr.

Edson Rodrigues

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