Escrever sobre o trabalho do jovem poeta matonense Julio Cesar Ribeiro da Silva é uma responsabilidade muito grande que nos foi atribuída. Primeiro, porque seus poemas são fortes e possuem vida própria, conduzindo o leitor atento a um longo caminho repleto de reflexões, perplexidade e muita certeza: a certeza de estar na direção certa. Segundo, porque contemporizar a respeito de um artista é tarefa árdua e delicada: teremos realmente certeza do que ele quis dizer, compreenderemos a sua obra ou a reduziremos num sem número de citações?
Vencedor do 6º Concurso de Poesia e Interpretação Poeta José Roberto Telarolli, em Araraquara, não é de hoje que Julinho, como os amigos o chamam, ensaia os seus passos na tinta negra da palavra impressa. Há anos conheço sua vontade e perseverança, sua ansiedade em conhecer/devorar o melhor da literatura mundial. Homem do teatro e das grandes multidões, Julinho possui tarimba suficiente no trato com as letras, seus versos são rápidos e certeiros, sua mensagem chega-nos cristalina e definitiva, ainda que permeada de dúvidas e anseios deste mundo moderno.
Sua poesia vencedora, “Soneto da Amizade Sincera”, nasceu clássica e bastante musical, seus versos são sonoros como sonoros são o canto dos pássaros no amanhecer e os risos das crianças num parque de diversões. Evocando a amizade, Julinho rende-se ao amor fraterno e à alegria de saber-se livre. Embora não seja possível transformar o mundo com um livro de poemas, podemos perfeitamente refletir e aprender quando encontramos pessoas sinceras e que nos transmitem uma mensagem porque absolutamente não poderiam deixar de transmiti-la. Escrever, assim como respirar, faz-se necessário e urgente.
Convidamos, pois, os amantes da literatura a incursionarem por estas singelas páginas, onde estão lado a lado as cores da natureza, divagações metafísicas, a justa revolta pela degradação do homem pelo próprio homem, a esperança e a tristeza. O poeta é um solitário que busca nas alturas de sua imaginação uma razão a mais para viver, fazer-se íntegro, tornar-se forte. De suas lágrimas crescem frondosas árvores frutíferas. Seu suor é impregnado de vibrações positivas. Seu horror: o descaso. Apresentamos, aqui, uma grata revelação poética desta conturbada década de 90. Leiam com o coração aberto!
EDUARDO WAACK
Editor do jornal “O Boêmio”
Matão-SP, 1996
(Prefácio para a primeira organização de algumas poesias de Julio Cesar Ribeiro da Silva. Tratava-se de um concurso que o poeta havia ganhado. Infelizmente, não deram o prêmio: a publicação de um livro)