Papa aos párocos: “Chega de carreirismo”
“É a
falta de humildade que destrói a unidade” da Igreja. “A soberba é a raiz de todos os pecados”. As afirmações são de
Bento XVI, bispo de
Roma falando de improviso aos párocos da sua diocese. Mais de 300 o ouviram nessa quinta-feira, 23 de fevereiro, na
Aula Nervi, no tradicional encontro do início da
Quaresma com os padres romanos.
A reportagem é de
Roberto Monteforte, publicada no jornal
L’Unità, 24/02/2012. A tradução é de
Moisés Sbardelotto.
Neste ano, em vez da troca de perguntas e respostas, o papa preferiu realizar uma
lectio divina. Por uma hora, falando de improviso, ele lhes explicou as insídias das quais é preciso se resguardar. Assim como aos futuros 22 cardeais durante o último
Consistório, ele indicou as lógicas mundanas, a busca do poder e do sucesso.
Só a humildade, conjugada com o realismo, proferiu o pontífice, que “nos torna verdadeiramente livres”. Diante dos “corvos”, do vazamento de documentos reservados dos
Sagrados Palácios, evidente extensão pública de um confronto interno à
Cúria Romana, o papa convida a olhar para a fé, para o serviço e para o amor à Igreja e aos irmãos.
Nessa quinta-feira, ele denunciou o carreirismo presente na Igreja. Convidou a fugir da “vaidade” que – afirmou, falando em primeira pessoa –, “no fim, é contra mim e não me faz feliz”. “Devo saber aceitar – continuou – a minha pequena posição na Igreja”. É essa humildade – acrescentou – que “leva a não querer aparecer, mas sim a fazer aquilo que Deus pensou para mim e que, para mim, faz parte do realismo cristão”.
A humildade é central. “Os cristãos – observou – estão divididos porque falta a humildade’. “A soberba – enfatizou – é arrogância. É a raiz de todos os pecados, a busca do poder, aparecer aos olhos dos outros, não se preocupar em agradar a si mesmo e a Deus. Ser cristão significa superar essa tentação”.
Durante a audiência geral da quarta-feira e depois no rito das Cinzas celebrado à tarde na
Basílica de Santa Sabina, o papa advertira contra a tentação do poder e do materialismo. Antes ainda, havia indicado o perigo representado pelo poder da mídia e das finanças. Na sua
lectio, não faltou uma passagem crítica contra os “católicos adultos”, contra uma “fé emancipada do magistério”.
Mas, para
Ratzinger, o resultado “é a dependência das ondas do mundo, da ditadura dos meios de comunicação, da opinião comum, ou seja, do modo que todos pensam e querem”. É o neoconformismo. “Libertar-se dessa ditadura – disse – é libertar-se realmente”.
O grande problema da Igreja, concluiu o
Papa Bento XVI, é o da “falta de conhecimento da fé”, do “analfabetismo religioso”. Ele admitiu que, na Igreja, hoje, “nem tudo é fé e amor” e que “se destrói a esperança que torna visível o Rosto de Deus”. Ele convidou os párocos romanos a viver a esperança. “Ela – assegurou – nos garante que os poderes não são diferentes, e, no fim, o líder não permanece, não permanece a sujeira do mal, do pecado. Permanece apenas a Luz”.
Fonte: INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS, Sábado, 25/02/2012.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”
LUIZ ROBERTO TURATTI.