Sr. Wilson chega em casa e entrega a Dona Raquel, sua esposa, todo o dinheiro que estava em seus bolsos. Ela reclama a falta de R$ 1,99 e ele justifica contando a ela o preço que pagou por um sanduíche.
Esse é o roteiro do último comercial do McDonalds, no ar atualmente. Mesmo que possa parecer exagerada a atitude de Dona Raquel, até que não é. Eu mesmo já trabalhei com gente que não carregava dinheiro consigo em hipótese alguma e tudo o que recebia deixava com a esposa. Ia e voltava da empresa em ônibus especiais e utilizava vales-refeição guardando cada centavo possível em contra-vales. Até mesmo a cervejinha de sexta-feira só era compartilhada com ele se alguém se prontificasse a pagar. E ele não reclamava de nada, pelo contrário, parecia até gostar disso e não ligar para as gozações da turma.
O absurdo do filme está simplesmente no fato de Dona Raquel dar pela falta de R$ 1,99 e não de R$ 2,00. Parece que, pelo menos no comercial, pela primeira vez alguém deu um centavo de troco.
Esse hábito hoje muito comum de não arredondar preços achando que ainda existe efeito psicológico que pareça baratear o preço de um bem qualquer, ou seja, um centavo pode parecer um real em uma leitura de preço, já não seduz mais ninguém. As pessoas já fazem um arredondamento automatico quando observam essa "vantagem" e não exigem os centavinhos que lhe cabem de troco.
Mas aqui fica uma sugestão para aproximar mais os amigos e colegas de trabalho: convide nove pessoas para irem ao McDonalds, paguem de uma vez só e exijam dez centavos de troco.
Outra alternativa é pensar que você está contribuindo com alguma instituição de caridade porque a cada 199 sanduíches vendidos o McDonalds recebe o valor de 200, o que é fácil para uma lanchonete desse porte. Depois, quando chegar aquele único dia do ano em que parte da renda é revertida para crianças necessitadas, lembre-se que aquele dinheiro foi dado por você e tantas outras pessoas, mas nunca pelo McDonalds. E sorria, você acaba de fazer mais uma boa ação e até a Dona Raquel vai concordar com isso.