A opinião pública provavelmente anda tão anestesiada por tantos escândalos de políticos que, provavelmente, não deu atenção à condenação do Sr. Ricardo Teixeira e seu ex-sogro João Havelange.
Pelo noticiário recente, a Justiça da Suíça, país onde a FIFA tem sua sede, abriu processo de condenação dos dois, por terem embolsado R$ 45,5 milhões a título de propina, para facilitar negociações vinculadas a mundiais de futebol. Segundo os autos, agora liberados pela FIFA, comprova-se que o dinheiro lhes foi pago nos anos 1990 pela ISL, ex-parceira comercial da entidade, por contratos de direitos de transmissão de TV e marketing.
Ao falir a ISL, a empresa passou a ser investigada por promotores suíços.
Segundo consta, a FIFA entregou os nomes dos envolvidos às autoridades, depois de ter tentado, inutilmente, acordo para dar fim ao processo. Tal acordo incluía a devolução de R$ 10 milhões pelos acusados à massa falida da ISL. Em vão, pois a Justiça permitiu agora que se divulgasse o dossiê.
É sabido que Ricardo Teixeira, à época, ocupava cargo de direção na FIFA e teria traído seu amigo e protetor, Joseph Blatter, quando este se candidatou à reeleição. Por certo, o presidente da FIFA guardou na geladeira seu ressentimento para se vingar mais tarde.
O Sr. Ricardo Teixeira perdeu seu prestígio no governo Dilma Rousseff e foi obrigado a se afastar da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014.
O que a a todos nós poderá causar estranheza é que, durante estes 22 anos, o Sr. Ricardo Teixeira conseguiu se manter “intocável” na direção da CBF, apesar de já ter sido indiciado em CPI, há alguns anos atrás. Seu prestígio cresceu no governo do presidente Lula, a ponto de ser por ele paparicado, por certo, porque "para Lula propinas, comissões e caixa dois não parecem causar espanto", como bem lembrou o Editorial da Folha de São Paulo em 13.07.2012. Haja vista o mensalão.
Aqui faço coro ao editorial da Folha: ”há necessidade urgente de passar a limpo a gestão do esporte no país. Não convém rechaçar nova investida com o argumento de que o assunto se restringe a entidades privadas. A dimensão pública do futebol é evidente, e suas conexões com o Estado e o meio político, mais que conhecidas”.
Apesar deste justo clamor, tenho dúvida de que algo se consiga, neste país, em que a corrupção já se tornou prática costumeira e a leniência de nossas autoridades virtude nacional.