--- Da travessa da Estrelinha nº.1 à rua da Palma nº.5, que desembocam naturalmente e através de vários meandros na avenida da juventude, passando pela circunvalação do Afogadilho até às grandes vias de trânsito lançado, o aprazível anfiteatro do sono chegou recentemente à revelação da descoberta tântrica, essa gozação máxima de esticar o prazer, tal e qual o normalíssimo dos mortais anseia prolongar a existência.
--- Ao longo da fascinante e obsessiva caminhada não há buraquinho ou caverna que fique sob o inexplorado mistério dos deuses, embora a grande maioria - crentes, ateus e agnósticos - afirme sem delongas: Cuidado, aí não se mexe, isso é só e apenas comigo! Sobre esse paradôxal demóniozinho tudo deve transitar em privado familiar ou em círculo de amigos muito íntimo. Enfim, de fio a pavio e em face da renhida luta dos contestatários a favor da plena libertação do gôzo dos gôzos, a hipócrisia monta a cria da omissão com o maior dos desplantes, bate no peito indignada e reclama: Isso... Isso... Isso, repete, é meu, só meu e muito meu!
--- Então, poetando em vulgar quadrado:
------------ Dois e um só para três,
------------ Andarão dois esquecidos;
------------ Cinco buracos à vez
------------ E todos são atendidos!
--- Formidável! Por causa disso mesmo e doutros obscuros interesses é que a invenção estimulante foi um estrondoso sucesso face às esperanças globais dos enfermos da erecção. Octagenários abriram os macerados olhos pejados dum resplandecente brilhozinho na legítima ansiedade de mais uma vez, só mais uma, na extrema-unção do maior dos prazeres terrenos.
--- O desaforo, entre a arreigada e enxurrante publicidade dos média, num ápice se converteu em bem aceite e óbvia imposição tácita. Oficializados o vocabulário e o entendimento facial, tudo tem ainda de passar-se sob a capa que há milénios continua a acobertar a esperteza saloia de tanta gentinha que teima esconder o visível e se proclama inteligentíssima.
--- Entretanto não faltam multidões a reclamar um mundo mais aberto e feliz. Hão-de tê-lo, não estas mas outras gerações, talvez daqui a mais dois séculos, quando a exploração do humano sobre o humano enfim for de vez banida. Por essa altura a procriação estará tutelada sob que domínios?!